Jovens excepcionais transformam lixo em obras de arte


Obras produzidas pelos estudantes em exposição em Salvador/Foto: Leonardo Miranda-APAE

A máxima que iria reger a sala de aula da pedagoga Cleonice Oliveira foi dita no século 18, pelo químico francês Antoine Lavoisier: “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. É a partir da transformação dos objetos predestinados à lata de lixo que a pedagoga procurar modificar algo muito maior: a própria sociedade.
A oficina Reciclart é ofertada a 27 jovens e adultos, entre 17 e 24 anos, na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Salvador (BA) desde 2011. O objetivo da oficina é simples. “Pegar o que antes seria lixo e transformar em arte criativa”, afirma Cleonice. Assim, por exemplo, um rolo de papel higiênico ou de fax facilmente vira um porta-lápis decorado com botões e miçangas de bijuterias velhas ou incompletas.
Os jovens, que possuem deficiência intelectual, aprendem mais do que reciclar objetos e fabricar papel reciclado, diz Cleonice. De acordo com a pedagoga, eles aprendem a preservar o ambiente em que vivem e a ter autonomia financeira. “Tem aluno que não pode ir para o mercado de trabalho. Aí pega uma pulseira quebrada, faz um quadro e vende”, conta a professora.
Em meados de março, as obras de arte produzidas pelos excepcionais saíram da sala de aula e ganharam as paredes do Museu de Cerâmica Udo Knoff, no Centro Histórico da cidade. “Ficou tão bonito que dava pena de ficar a sala de aula” conta Cleonice.
A grande receptividade do público à exposição superou as expectativas da professora. “As pessoas ficaram entusiasmadas. Apesar das dificuldades, eles não estão isentos de serem criativos. Eles não têm a chance de mostrar do que são capazes”. A exposição segue em cartaz até o dia 17 de maio.
Focada agora na inclusão social dos jovens, a próxima etapa da oficina é levar o trabalho feito em sala como case de sucesso para faculdades e escolas. “Eu estou levando meus aprendizes para a sociedade, para que as pessoas vejam que o portador de deficiência intelectiva tem os mesmo sentimentos que uma pessoa normal”.
* Publicado originalmente no EcoD.

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