Google ajuda no combate ao desmatamento da Amazônia


Parceria com o Imazon, que já monitora o corte raso mensalmente, pode reduzir pela metade tempo de processamento.


GIOVANA GIRARDI - O Estado de S.Paulo
Depois de oferecer a visualização de imagens de todo o planeta, do fundo do mar, da Lua e até de Marte, o Google está de olho agora no desmatamento da Amazônia. A organização, por meio da plataforma Earth Engine (earthengine.google.org), firmou uma parceria com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que há seis anos monitora de modo independente ao do governo a degradação e a perda da cobertura florestal na região.
A análise de imagens do satélite Modis, que já é feita mensalmente, ganha agora rapidez no processamento de dados e na divulgação de alertas. "A expectativa é que a parceria reduza pela metade o tempo para a realização das tarefas", explica Carlos Souza Jr., pesquisador do Imazon responsável pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD).
"Antes tínhamos de baixar os dados da Nasa, armazenar no nosso servidor local, processar os dados, o que tomava um tempo enorme. Agora o Google faz esse trabalho inicial, temos acesso via internet, é um grande ganho operacional", diz.
A plataforma, voltada principalmente para cientistas, pesquisadores independentes e organizações governamentais, torna imagens de satélites (não só do Modis, mas de todos os mais importantes, como o Landsat) e outras informações (como previsão do tempo) disponíveis na "nuvem" do Google.
"Isso permite a análise de milhares de computadores ao mesmo tempo", afirma ao Estado Rebecca Moore, gerente de Engenharia do Google Earth Engine.
Como o SAD é desenhado para aceitar dados de múltiplos satélites (apesar de hoje pegar imagens de um só), a expectativa é que logo ele tenha acesso a esses novos dados. Para Souza Jr., isso vai permitir fazer alertas mais detalhados. "A resolução do Modis é moderada, só 'vê' desmates acima de 10 hectares."
"A quantidade de dados é da ordem de bilhões de megabytes. Combinando ciência de alta qualidade, como a metodologia do SAD do Imazon, com esse armazenamento maciço e computadores de alto desempenho, será possível detectar atividades de desmatamento mais rapidamente e apoiar o policiamento local", complementa Rebecca.
Além disso, explica, a plataforma reúne dados científicos de quase 40 anos. De modo que, no caso do desmatamento, também será possível fazer no futuro novos tipos de análises com base em séries históricas.
O primeiro boletim com os dados obtidos por essa plataforma foi divulgado ontem (mais informações nesta página), mas, por ser uma fase de transição, as vantagens da parceria devem levar algum tempo para aparecer. Segundo Souza Jr., a demanda é para que os alertas mensais passem a ser quinzenais.
Trabalho de campo. O pesquisador do Imazon acredita, porém, que uma das principais vantagens da ferramenta será melhorar a comunicação com quem está na ponta do processo. Hoje, quando o Imazon manda seus alertas, técnicos das prefeituras e dos Estados monitorados vão a campo para verificar a situação - o que é importante tanto para ações de combate ao desmatamento que estiver em curso quanto para a responsabilização legal no futuro.
Agora a expectativa é que isso possa ser quase imediato. Basta que quem estiver em campo tenha um smartphone com o programa do Google instalado. Vai ser possível baixar as imagens e também, por meio dele, o pessoal do campo vai poder atualizar a situação.
Do mesmo modo, quem estiver fazendo sobrevoos ou se deslocando pelas estradas da Amazônia e se deparar com um corte raso da floresta, uma degradação ou uma saída ilegal de madeira também poderá compartilhar as imagens georreferenciadas se tiver o programa no celular.
E como o Google já tem cobertura global de captação de imagens e processamento dos dados, a ideia é expandir esse modelo de monitoramento. O Imazon está dando cursos de capacitação para permitir que ONGs possam aplicá-lo em outros biomas e até em outros países. Um dos focos são as nações vizinhas também cobertas pela Amazônia, que poderão ter acesso elas mesmas à metodologia SAD/Earth Engine.
Fonte: Estadão

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