Aos saltos... O número de íbex-ibéricos (Capra pyrenaica) na Espanha aumentou de forma constante. A população de seus irmãos , os íbex-alpinos (Capra ibex), também já se recuperou plenamente |
Os europeus os levaram à beira da extinção, mas os animais selvagens nativos estão de volta. No início, os bisões-europeus, castores, ursos pardos, linces e lobos conseguiram sobreviver às margens do continente; agora eles avançam rumo à parte central da Europa e ao centro das reflexões sobre a proteção da natureza: quanta vida selvagem o homem civilizado consegue tolerar?
Por Anke SparmannGigantes continentais Os bisões-europeus (Bison bonasus) são os maiores mamíferos terrestres da Europa. Eles sobreviveram em zoológicos e foram reintroduzidos na natureza. Hoje, 2.700 desses animais se espalham pela Polônia, Lituânia, Bielorrússia, Rússia, Ucrânia e Eslováquia |
Uma verdadeira raridade O lince-ibérico (Lynx pardinus) é um dos felinos mais raros da Terra. No máximo 265 animais ainda vivem em Portugal e na Espanha. Este exemplar pertence a um dos maiores grupos, estabelecido na Sierra de Andújar, no sul da Espanha |
Ataque mortal Uma águia-rabalva ou pigargo (Haliaeetus albicilla) abre suas garras sobre o mar para fisgar um peixe. O fotógrafo, Staffan Widstrand, saiu diariamente, durante duas semanas, na Noruega, para registrar esse momento |
O senhor da floresta O urso-pardo (Ursus arctos) se levanta novamente - graças às proibições de caça e à sua reintroduçã na natureza. Desde 1980, o número desses animais na Europa saltou de 6.500 para 51 mil |
Galhadas poderosas O alce (Alces alces), o maior cervídeo da Europa, está migrando da Polônia e da República Tcheca para a Alemanha e a Áustria. As galhadas dos touros são revestidas por uma pele peluda (o velame), que é descartada mais tarde e ocasionalmente consumida pelos animais |
Amado e odiado Com o retorno do lobo (Canis lupus), velhos temores renascem em alguns países. Volta e meia os animais são abatidos, embora estejam sob rigorosa proteção |
Caçadoras silenciosasDurante muito tempo, as grandes-corujas-cinzas (Strix nebulosa) foram perseguidas como mensageiras do mal. Hoje existem visitas guiadas na Finlândia e na Suécia para admirar as corujas ativas de dia |
Como na Idade da Pedra Veados-vermelhos (Cervus elaphus) em fuga na reserva de vida selvagem Oostvaardersplassen, na Holanda, onde será criada uma paisagem europeia primitiva com grandes manadas de diferentes animais |
A primeira etapa de minha viagem por meio da Europa selvagem me levou ao Vale Tichá Dolina, que quer dizer "vale silencioso". A região pertence à cadeia de montanhas Altos Tatras, no norte da Eslováquia. Em 1948, o lugar era habitado por dois ursos-pardos; hoje são 40, informa meu companheiro Erik Baláz.
Quando nos encontramos pela manhã, o biólogo, de apenas 33 anos, estava de polainas, um suéter velho e desbotado, e um par de binóculos caros pendurado no pescoço. Embora jovem, Baláz desfruta a fama de ser um respeitado especialista em ursos. Ele passou metade de sua vida no Vale Tichá e escreveu um livro, no qual se aprende muito sobre ursos e muito mais sobre o jovem Baláz. Logo no prefácio, ele se sentiu compelido a se desculpar com os ursos-pardos "caso eu os tenha perturbado sem querer alguma vez".
É possível que eles nunca o notassem. Assim que colocamos nossas mochilas nos ombros, Baláz adotou uma marcha difícil de descrever. Não que ele corresse, mas ele caminhava tão rápido e desimpedido como se não houvesse vegetação rasteira, nem terrenos inclinados. Como se andasse por um caminho imaginário.
Fonte: Revista GEO