EUA criam caverna artificial para salvar morcegos de epidemia


Objetivo é evitar proliferação de fungo que tem devastado a espécie. Bunker está localizado a 100 km da cidade de Nashville.


Uma organização dos Estados Unidos financiou a construção de uma caverna artificial para tentar salvar morcegos de uma epidemia letal.

O bunker, localizado a 100 km da cidade de Nashville, no Estado americano do Tennessee, oferece um refúgio aos mamíferos voadores contra o avanço da chamada "síndrome de nariz branco", uma doença causada por um fungo que já tirou a vida de cerca de 7 milhões de morcegos na América do Norte.

"Quando a síndrome chegou ao Tennessee, em 2001, gastamos muito tempo em desenvolver possíveis estratégias para proteger tais animais", disse à BBC Alex Wyss, diretor da organização The Nature Conservancy (TNC) no Tennessee, entidade responsável pela iniciativa.

"Acreditamos que o morcego cinza seria uma das espécies mais ameaçadas, porque 95% da população hiberna em apenas nove cavernas, três das quais estão localizadas no Tennessee, e queríamos dar a tais animais uma chance de sobrevivência", acrescentou.

Wyss afirmou ainda que a ideia de criar a caverna artificial era "esterilizar o habitat e tratar os morcegos sem a preocupação de contaminar o meio ou a água subterrânea".

Caverna artificial tem 24 m de largura e 3,3 m de altura (Foto: The Nature Conservancy (TNC))
Caverna artificial tem 24 m de largura e 3,3 m de altura (Foto: The Nature Conservancy (TNC))
A doença já causou perdas para a agricultura superiores a US$ 3 bilhões (R$ 6,3 bilhões) anuais, segundo estimativas.
"Os morcegos são imprescindíveis para a agricultura e para o meio ambiente", explicou Tigga Kingston, especialista em morcegos e professora de Ecologia da Universidade Politécnica do Texas.

Isso porque tais mamíferos voadores, diz ela, "comem as pragas que devastam as plantações, atuando como pesticidas naturais, além de polinizar mais de 300 plantas. O declínio dessa população está começando a afetar seriamente os cultivos do abacate e da manga".

Doença
A doença foi detectada no Estado americano de Nova York em 2006. Desde então, "estendeu-se a outros 19 Estados dos Estados Unidos e quatro províncias do Canadá", disse Wyss.
A enfermidade, chamada de "nariz branco", é causada pelo fungo Geomyces Destructans e foi batizada dessa forma porque vai deixando no nariz das vítimas uma espécie de pó branco.

O fungo, entretanto, não causa a morte direta do morcego, mas provoca uma coceira que impede a hibernação.
Com isso, os animais afetados acabam morrendo de fome, ao não encontrar comida no inverno.

Operários instalam caverna para morcegos no Estado do Tennessee  (Foto: The Nature Conservancy (TNC))
Operários instalam caverna para morcegos no Estado do Tennessee (Foto: The Nature Conservancy (TNC))
O fungo é eliminado facilmente com produtos de limpeza doméstica, mas tais substâncias não podem ser aplicadas nas cavernas pelo impacto nos ecossistemas.
A epidemia vem se alastrando a cada inverno, quando os morcegos infectados contagiam outros nas cavernas densamente povoadas.

Caverna artificial
Para adaptar a caverna aos morcegos, os cientistas da TNC desinfectarão o bunker a cada verão, quando os morcegos abandonarão o local.
A caverna tem 24 metros de largura por 3,3 metros de altura e imita as condições de temperatura e umidade de uma caverna natural.
Segundo os cientistas, ela pode servir de abrigo para mais de 200 mil morcegos.

A espécie para o qual o experimento foi criado hiberna em cavernas frias. "A temperatura da nossa caverna artificial e é similar a uma natural a 100 metros de distância. Isso já é um avanço, apesar de ainda não termos registrado a presença de morcegos", disse Wyss.

Cory Halliday, especialista em morcegos da TNC no Tennessee, disse que a caverna "será usada como um laboratório que ajude a responder às perguntas que intrigam os cientistas".
Os pesquisadores ainda não entendem por que, por exemplo, o mesmo fungo que causa tantas mortes na América do Norte parece não afetar os morcegos europeus.

Para Marcia McNutt, diretora do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), uma das entidades que investiga a síndrome, disse à agência de notícias EFE que a chave dessa questão é saber "por que este fungo, que provavelmente sempre esteve presente nas cavernas, cresceu tão rapidamente nos últimos anos e se a expansão tem a ver com as alterações na temperatura e no habitat delas".

"O que está em jogo é a sobrevivência das espécies de importância vital para o ecossistema da região", acrescentou McNutt. Fonte: G1

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