O Instituto Akatu, organização não governamental que defende o consumo consciente, lançou um cartilha que ajuda a responder uma pergunta cotidiana: como fazer escolhas mais sustentáveis?
As indicações dão uma noção de como promover algumas mudanças e adquirir novos comportamentos. Veja quais são os “10 novos caminhos para a Produção Responsável e o Consumo Consciente”:
Uma produção e um consumo que valorizem…
1. Os produtos duráveis mais do que os descartáveis ou de obsolescência acelerada
É verdade que, atualmente, a indústria fabrica produtos que têm uma vida útil menor do que há alguns anos. Ninguém discorda que a estratégia é puramente econômica: se o antigo durar muito, os produtos novos não ganham mercado. O tema é muito bem retratado no documentário “A História Secreta da Obsolescência Planejada”:
Para fazer a sua parte, evite produtos descartáveis, que geram muito mais lixo. Copinhos de plástico e uma infinidade de artigos usados em reuniões sociais e festas podem ser substituídos por objetos laváveis e reutilizáveis. Para produtos maiores (eletrodomésticos e eletrônicos em geral), procure marcas consolidadas no mercado e com garantia.
2. A produção e o desenvolvimento local mais do que a produção global
O consumo de produtos fabricados localmente apresenta vantagens como a diminuição dos custos com deslocamentos, armazenagem e refrigeração e a valorização do pequeno produtor local, que muitas vezes produz de forma mais saudável.
Sempre que puder, valorize o que está mais próximo de você, principalmente alimentos, que são mais frescos e tem mais vitalidade. Feiras podem ser boas opções. Algumas substituições simples, que não dão muito trabalho, já valem a pena. O que é melhor: comprar limão fresco na feira ou extrato de limão industrializado importado de outro país? Brócolis fresco ou aqueles congelados em pedaços?
3. O uso compartilhado de produtos mais do que a posse e o uso individual
Dentro dessa nova forma de pensar o mundo, mais amigável e menos nociva ao planeta e à saúde, é mais importante usufruir de um bem de consumo do que ser dono dele. O exemplo mais claro disso é o da mobilidade urbana. Em grandes cidades, um sistema de compartilhamento de carros (por exemplo, uso por hora, somente quando precisar) e a prática da carona entre amigos e colegas de trabalho são alternativas à lógica de cada um no seu carro, todos parados no trânsito.
4. A produção, os produtos e os serviços social e ambientalmente mais sustentáveis
Faz tempo que as empresas fazem do termo “sustentabilidade” uma estratégia de negócio e marketing. Mesmo banalizado, o conceito diz muito sobre um mundo em que seja possível viver com qualidade por esta e outras gerações. Por isso, há de se reconhecer iniciativas idôneas e verdadeiras, que aliam serviços e produtos a projetos sociais e valores de baixo impacto ambiental.
Algumas certificações são úteis. Consumir objetos de madeira certificada, alimentos orgânicos, objetos fabricados sem produtos tóxicos e que tenham uma cadeia de produção honesta, sem utilização de mão-de-obra escrava e sem desmatamento são boas atitudes.
5. As opções virtuais mais do que as opções materiais
Não confunda: nem tudo o que é virtual é melhor. Aliás, em um mundo tão “virtualizado”, as relações reais devem ser cada vez mais valorizadas. As reuniões entre amigos sem celulares conectados à internet, a leitura de um livro sem dispositivos eletrônicos apitando, um passeio ao ar livre ao invés de horas a fio em redes sociais…
Valorizar as opções virtuais, aqui, é saber usar a tecnologia a favor. No trabalho, por exemplo, algumas reuniões podem ser feitas à distância. Quando for o caso, incentive a ideia. Você economiza tempo, gastos com deslocamento e polui menos.
6. Não-desperdício de alimentos e produtos, promovendo o seu aproveitamento integral e o prolongamento da sua vida útil
Estamos entre os países que mais desperdiça alimentos no mundo. A marca vergonhosa é uma soma de fatores, já que o desperdício está na indústria, nos restaurantes e, claro, no prato dos consumidores – mesmo de quem tem o costume de deixar “só um pouquinho”.
Um terço do que se compra de alimentos para uma casa vai para o lixo, segundo o Akatu. Medidas simples como fazer uma listinha na hora de ir ao supermercado, selecionar bem o que vai comer em restaurante tipo buffet, cozinhar sob medida e reaproveitar alimentos são boas escolhas para ser um consumidor (e cidadão) mais consciente.
7. Satisfação pelo uso dos produtos e não pela compra em excesso
O caminho para um consumo mais consciente passa pelo reconhecimento de padrões de comportamento que moldaram a nossa educação. As necessidades materiais criadas como pré-requisito para a felicidade turvam a visão para o que realmente é importante. O nó da questão não é o consumo em si, mas o consumismo.
“Um dos maiores desafios da contemporaneidade é reverter o cenário atual: antes de sermos formados para a cidadania, somos treinados a consumir de forma desenfreada”, diz uma cartilha sobre consumismo infantil do Ministério do Meio Ambiente (leia mais aqui).
8. Os produtos e as escolhas mais saudáveis
Consumir boa informação, alimentar-se melhor, ter uma vida mais ativa e trabalhar em algo que se goste são algumas escolhas que deixam corpo e mente em dia com a saúde. E se é melhor para você, é melhor para o mundo.
9. As emoções, as ideias e as experiências mais do que os produtos materiais
“O que importa não é o quanto você tem, mas o que você faz com o que você tem”. Essa é uma das reflexões do vídeo “Você entende o que realmente te deixa feliz?”, do projeto Elevme.
10. A cooperação mais do que a competição
Hoje, mais do que nunca, projetos e empresas (especialmente as startups) entendem que trabalhar em conjunto é muito melhor, já que quando há cooperação, o ambiente fica naturalmente mais criativo e saudável e todo mundo cresce. Ambientes demasiadamente competitivos são típicos da realidade corporativa clássica, com hierarquias verticais rígidas e medidores de produtividade baseados somente em números, metas e horas trabalhadas.
(Imagem: SXC.HU) Fonte: Super Interessante