Las Vegas: a nova capital dos casinos sustentáveis

Las Vegas, lugar dos melhores casinos do mundo e onde o desperdício não só é incentivado como é parte fundamental do modelo de negócio, tem-se vindo a reinventar ao longo dos últimos anos e a transformar-se num exemplo de sustentabilidade ambiental. Mas será realmente possível que este lugar – que, de acordo com a lenda, é tão iluminado que pode mesmo ser visto do espaço – se torne verdadeiramente verde?

Las Vegas foi fundada em 1905 porque, ironicamente, o conjunto de nascentes de água numa área maioritariamente desértica tornou-a na paragem ideal para descansar e reabastecer. Mas essa fonte de água, que era mais do que suficiente para abastecer os 800 moradores que viviam em Las Vegas há pouco mais de um século, depressa secou quando a indústria do jogo levou a uma explosão da sua população. Hoje, a cidade esforça-se por atender às necessidades de água e energia dos seus mais de 500 mil habitantes.

Os casinos não fogem a essa tendência de inovação e sobrevivência – o The Guardian explicou-nos de que forma.

Incentivos verdes
Em 2005, o estado de Nevada aprovou um pacote de incentivo à construção ecológica – reajustado dois anos depois –, bastante generoso para com os empreendedores verdes. Como resultado, o número de projectos com certificação LEED no estado saltou de 14 em 2005 para 97 em 2007.

Dois dos maiores beneficiários do programa foram a MGM Resorts International e a Las Vegas Sands Corp. As duas empresas receberam milhões de dólares em incentivos fiscais para a construção do novo complexo CityCenter e da torre Venetian Palazzo, respectivamente.

A Sands Corp obteve a certificação Gold LEED na remodelação de vários edifícios existentes e a Silver LEED no Palazzo. O CityCenter da MGM tem igualmente certificação Gold LEED. Mas mais importante ainda, do ponto de vista ambiental a longo prazo, é que as empresas de jogos implantaram práticas sustentáveis incríveis, de modo a poderem abraçar uma verdadeira atitude verde.

Despertar para a escassez de água
De acordo com Gwen Migita, vice-presidente de sustentabilidade do Caesars, um dos resorts mais antigos da área, a conservação da água é um dos elementos centrais da sua estratégia ambiental. Algumas das inovações incluem a instalação de peças controladoras nos lavatórios e chuveiros, de modo a minimizar o fluxo de água, e também mudanças nos autoclismos, que usam apenas 5,8 litros por descarga em comparação com o padrão de 7,8 litros. Também têm instalado um túnel gigante da máquina de lavar roupa, destinado a lavar toalhas e lençóis, que dizem economizar até 136 litros de água por quarto.

O Palazzo foi um pouco mais longe nos esforços de conservação da água, criando uma corrente subterrânea que circula até por baixo da Las Vegas Boulevard. A água nesta corrente está tão próxima da superfície que não é suficientemente segura para consumo humano. Mesmo assim, o Palazzo decidiu que valia a pena tentar dar-lhe algum uso: sujeita-a então a um sistema de nano-filtração, que a torna indicada para fins de irrigação na propriedade. De acordo com Rishi Tirupari, gestor de sustentabilidade do Palazzo, esta medida ajuda a poupar cerca de 22,7 milhões de litros de água por ano.

Lixo reaproveitado
Outra vertente na qual os casinos estão a tentar reduzir a sua pegada ecológica é na busca por formas de reciclar e reaproveitar os resíduos. Os casinos geram cerca de 500 mil toneladas de resíduos por ano, a maioria dos quais era, até muito recentemente, reencaminhada directamente para aterros sanitários. Agora, a maioria dos estabelecimentos está a desenvolver esforços para a recuperação de algum desse lixo.

Plástico, papel e alumínio são recuperados e compactados, sendo depois vendidos. Os resíduos alimentares são enviados para uma quinta de porcos nas proximidades ou transformados em composto. O óleo alimentar é recolhido e vendido para se converter em biocombustível. O Caesars tem ainda um programa que envolve a recolha de colheres, copos e outros objectos que encontra a caminho do lixo, o que vale à empresa uma poupança de cerca de €614 mil (R$ 1,6 milhões) por ano.

Os casinos estimam que todos estes esforços de recuperação e reutilização os ajudam a desviar cerca de 55% dos seus resíduos dos aterros sanitários. Mas isto significa que muito lixo ainda não é poupado desse destino, o que tem levado muitas empresas a ponderar envolver directamente os clientes na redução de resíduos ou nos esforços de reciclagem.

Pode ser que daqui a alguns anos os visitantes de Las Vegas se consigam focar, para além de no vício, também na virtude. Com os esforços levados a cabo pelos casinos, talvez o jogo se venha a tornar num vício sustentável.


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