UE supera meta de corte de emissões sob o Protocolo de Quioto


por Fernanda B. Müller, do CarbonoBrasilUnião Europeia anuncia que investimentos em fontes renováveis, eficiência energética e o mercado de carbono ajudaram o bloco a ultrapassar com facilidade o compromisso assumido internacionalmente.


A União Europeia (UE) conseguiu reduzir as suas emissões de gases do efeito estufa em 18% desde 1990, segundo novas avaliações da Comissão Europeia e da Agencia Europeia de Meio Ambiente (EEA).

Assim, o bloco superou a sua meta de corte nas emissões sob o Protocolo de Quioto por uma ampla margem. Considerando os 15 membros da UE na época da assinatura do tratado, em média, a estimativa de corte alcançado foi de 12,2%, quando a meta era de 8% em relação ao ano base (1990). Isso apenas com medidas domésticas, completa a Comissão Europeia.

Os demais 11 países que têm compromissos individuais também devem alcançar suas metas.
A EEA coloca que, mesmo com a recuperação econômica, dados preliminares mostram que o bloco cortou as emissões em 1,3% em 2012 quando comparado com 2011. Nos anos anteriores, a queda das emissões também foi motivada pela crise financeira e por invernos mais amenos.

Nos 28 países do bloco, as emissões caíram 3,3% em 2011 em relação ao ano anterior principalmente devido a um inverno menos intenso e a menor necessidade de aquecimento das residências. Já 2010 apresentou um leve aumento nas emissões devido à recuperação econômica e em seguida à marcada retração na liberação de GEEs devido à crise econômica em 2009.

“A UE reduziu suas emissões significativamente desde 1990 mesmo expandindo a economia. Isso demonstra que as políticas climáticas podem ser implementadas de forma a incentivar empregos e o crescimento”, comemorou Connie Hedegaard, comissária para ação climática.

Desde 2004, as emissões europeias têm caído continuamente. Enquanto o PIB cresceu em 45% entre 1990 e 2011, as emissões totais dos 28 países membros, incluindo do setor de aviação internacional, estavam 16,9% abaixo do nível de 1990 em 2011, e estimativas indicam uma queda de até 18% para 2012.

O compromisso do bloco em cortar 20% das emissões até 2020 (em relação a 1990) – incluindo as emissões da aviação internacional – deve ser alcançado, completa Hedegaard. As projeções indicam um corte de 21% para o final da década e parte do sucesso é creditado ao pacote ‘clima e energia’, aprovado em 2009.

O pacote é um conjunto de leis que visa garantir o atendimento das metas conhecidas como “20-20-20″: 20% de corte nas emissões de GEEs, 20% do consumo de energia baseado em fontes renováveis e 20% de melhoria na eficiência energética.

Quanto às metas em relação às energias renováveis, a UE está bem atrás dos avanços nos GEEs, e a EEA reconhece que é preciso mais políticas de incentivo. Essas fontes contribuíram com 13% do consumo final em 2011.

Apesar das tendências gerais serem positivas, nenhum país do bloco está bem encaminhado para atender às três metas.

“As últimas analises da EEA confirmam que as energias renováveis e a eficiência energética têm um papel significativo no corte das emissões. Precisamos continuar trabalhando nesses avanços”, comentou Hans Bruyninckx, diretor executivo da EEA.

Em relação ao esquema de comércio de emissões (EU ETS), a EEA ressalta seu papel como importante para o alcance das metas de Quioto, especialmente quando os países decidiram combater também as emissões não cobertas pelo sistema – em setores como transporte e residências.

Países como Áustria, Liechtenstein, Luxemburgo e Espanha ainda precisarão comprar grandes quantidade de créditos de carbono para cumprir suas metas individuais, coloca a EEA.

Exportação
Embora os números da UE sejam animadores, é importante levar em conta que alguns estudos vem apontando um crescimento das emissões embutidas na importação de bens provenientes de países com baixo custo de produção, como do sudeste asiático e China.

O relatório ‘Fluxo Internacional de Carbono‘, da consultoria britânica Carbon Trust, lançado em 2011, afirmava que até 25% das emissões de gases do efeito estufa globais trafegam no formato de mercadorias sendo exportadas de países em desenvolvimento para as nações mais ricas.

Por exemplo, enquanto a China exporta 23% de suas emissões, o Reino Unido importa um adicional de 34%. A previsão da Carbon Trust é que em 15 anos o Reino Unido esteja importando a mesma quantidade de carbono que produz nacionalmente. A França apresenta o equivalente a 43% de suas emissões agregadas a mercadorias importadas, e a Alemanha, 29%, segundo o relatório.

Outro estudo, publicado no periódico Proceedings of the National Academies of Science por pesquisadores da Universidade de Stanford, sugere – com base em números de 2004 – que entre 20% e 50% das emissões de alguns países europeus ocidentais vem de bens importados.

Portanto, fica claro que políticas são urgentemente necessárias e precisam ser abrangentes, pensando que as emissões têm efeitos e circulam globalmente. Em sua mais recente tentativa de levar em conta emissões setoriais internacionais (da aviação), a UE sofreu forte retaliação e foi acusada de iniciar uma guerra comercial.
Fonte: CarbonoBrasil.

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