Carolina Gonçalves - Transporte sobre trilhos, passe livre e uso de combustíveis limpos dominam as propostas de presidenciáveis para solucionar os problemas de mobilidade nas cidades brasileiras. Enquanto algumas propostas priorizam investimentos para ampliação de trens e metrôs e em programas de financiamento da renovação da frota de ônibus, outras estão direcionadas a estímulos aos transportes alternativos e a medidas que desafoguem o tráfego, como o rodízio nas jornadas de trabalhadores.
Saiba o que os candidatos propõem para resolver problemas
de mobilidade urbana:
Aécio Neves, candidato pelo PSDB, defende mudanças
estratégias para a mobilidade urbana. Em seu programa de governo, ele destaca
que a qualidade de vida da população foi prejudicada pela falta de
investimentos no setor e propõe uma Política Nacional de Mobilidade Urbana,
priorizando o transporte público para que se torne uma alternativa viável e
concreta em relação ao transporte individual.
O foco principal dos
investimentos seria o transporte sobre trilhos, com investimentos em obras
estruturais nos principais centros urbanos do país, além de incentivo à
renovação e à modernização da frota de trens, metrôs e ônibus. A proposta é
buscar a integração dos diversos modais de transporte público. O candidato
ainda defende a adoção de horários variados para jornadas de trabalho para
evitar períodos de rush.
Dilma Rousseff defende uma reforma que equacione
a questão da mobilidade urbana assim como o déficit habitacional e os problemas
de saneamento e segurança pública. A candidata destaca que os investimentos em
mobilidade urbana precisam assegurar transporte público rápido, seguro e
eficiente. Dilma destacou os investimentos feitos ao longo dos quatro anos de
governo em melhorias do transporte urbano nas grandes cidades. No programa
entregue à Justiça Eleitoral, a candidata à reeleição apontou obras realizadas
em todas as regiões do país para reduzir o tempo que se gasta nos deslocamentos
diários. Entre os projetos apontados por Dilma estão a construção de
infraestrutura em 651 quilômetros para transportes sobre trilhos, incluindo
metrô, monotrilho, VLT, trem urbano e aeromóvel, de mais de 3 mil quilômetros
para transportes sob pneus (BRT e corredores) e de 21 quilômetros para
transporte fluvial urbano.
Eduardo Jorge (PV) destaca a mobilidade urbana e
o transporte público em quantidade e qualidade adequada entre suas principais
promessas de governo. Ele defende o uso de combustíveis mais limpos e a
cobrança de um pedágio urbano nas grandes cidades para moderar o uso de
veículos individuais e gerar recursos novos para a expansão do transporte
público. Eduardo Jorge também aponta a necessidade de criar condições adequadas
para os pedestres, construir calçadas verdes e acessíveis e apoiar o uso da
bicicleta com transporte alternativo.
Eymael (PSDC) e Levy Fidelix (PRTB)
não indicam propostas específicas para a área, apesar de reconhecerem a
necessidade de melhorias e maiores investimentos em todos os serviços públicos.
Luciana Genro (PSOL) promete implantar a tarifa
zero nos principais centros urbanos, usando os recursos hoje destinados ao
superávit primário para investir no transporte público, assim como em outras
áreas como saúde, educação e cultura. O dinheiro seria usado inclusive para
melhorar os salários. A candidata lembrou que as manifestações de junho de 2013
trouxeram a tona um conjunto de problemas sociais. Uma das principais bandeiras
do movimento foi a questão do transporte. Em seu programa, Luciana afirma que o
problema da mobilidade urbana transformou o deslocamento diário em “uma
verdadeira via-crúcis para o povo”.
Marina Silva (PSB) promete aumento da
transferência de recursos aos municípios que investirem em transporte coletivo
e custeio do passe livre. Em seu programa, ela afirma que vai implantar um
programa de apoio a estados e municípios para que construam, em quatro anos, 1
mil quilômetros de vias para veículos leves sobre trilhos (VLTs) e de
corredores de ônibus integrados (BRT) em todas as cidades brasileiras com mais
de 200 mil habitantes. Para ela, a falta de mobilidade é tema-chave para os
grandes centros e exige soluções imediatas. A ex-senadora defende um programa
federal para financiar a implementação gradual do passe livre e investimentos
para expandir as malhas metroviária e ferroviária de cada uma das regiões
metropolitanas em 150 quilômetros ao longo de quatro anos. Marina Silva também
destaca a necessidade de investimentos para desoneração da frota de ônibus
urbanos acessíveis e de veículos movidos com combustíveis limpos.
Mauro Iasi (PCB) quer a estatização, sob
controle popular, dos transportes coletivos, para que sejam públicos e
gratuitos. O candidato comunista defende que atividades, bens e serviços
essenciais para a garantia da produção social devem assumir essa característica
e que é preciso “desmercantilizar” alguns setores, como o da mobilidade nas
cidades. Iasi é favorável ao fim das privatizações “e da entrega do patrimônio
público realizadas no último período”.
Pastor Everaldo (PSC) defende o foco no livre
mercado do setor, com estímulo à concorrência. Para o presidenciável, é preciso
desburocratizar o setor de transporte e privatizar aeroportos, ferrovias,
hidrovias, estradas públicas e serviços relacionados a área de transporte. Ele
defende o aumento do investimento em trens e metrôs nos grandes centros.
Rui Costa Pimenta (PCO) acredita que os serviços
públicos, como transportes, saúde e educação, foram “destruídos” para
impulsionar a privatização “e os lucros de um punhado de abutres capitalistas
que parasitam o Estado”. Segundo ele, que defende a reversão deste cenário, os
empresários visam apenas o lucro sem focar as necessidades de trabalhadores.
Para Zé Maria (PSTU), as manifestações de
junho de 2013 revelaram o esgotamento da população com o caos e a precarização
do transporte público. Zé Maria afirma que o transporte no Brasil é um dos mais
caros do mundo e a falta de qualidade e quantidade suficientes “submete a
grande maioria da população e os trabalhadores a um inferno diário”. Segundo
seu programa, é possível investir 2% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor
para expandir o sistema de transporte, beneficiando o sistema metroferroviário
por ser “mais barato e eficiente que o rodoviário”. Zé Maria também defende que
o setor seja controlado pelos trabalhadores, eliminando o sistema de
concessões.
Editora: Lílian Beraldo
Fonte: Agência Brasil