A diplomacia brasileira é uma das que batem na tecla de que
diferentes países têm “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. Isso
significa dizer que o mundo em desenvolvimento deve ter metas de corte de
emissões menos duras, pois o aquecimento que a Terra vive agora é resultado do
acúmulo de emissões até hoje, não só do CO2 produzido agora.
Por essa conta, a China teria parcela de culpa pela mudança
climática menor que a dos EUA, mesmo sendo hoje o maior emissor. Foi esse
critério que culminou na isenção de cortes de emissão para países em
desenvolvimento no Protocolo de Kioto, de 1997.
O Brasil defende agora que as responsabilidades
diferenciadas entrem no novo acordo, mas sejam medidas de modo gradual, de
acordo com o grau de emissões passadas e presentes de cada nação.
É improvável que o Brasil seja beneficiado por essa
abordagem, porém. O esboço preliminar do acordo que deve seguir para Paris já
fala em “todas as grandes economias adotarem compromissos ou metas de redução”
de grande escala, incluindo países em desenvolvimento “em condição de fazê-lo”.
O Brasil, sétima economia do mundo e apontado por estudos
como quarto maior emissor histórico (atrás de EUA, China e Rússia),
dificilmente será visto como vítima. Com emissões em viés de alta em 2014, o
Brasil tem ameaçada o protagonismo que teve em 2009, quando anunciou corte
voluntário de CO2.
“Agora temos posição de espectador”, diz Carlos Rittl,
secretário-executivo do Observatório do Clima, fórum de ONGs. “Países com menos
condições que as nossas estão se mexendo mais rápido e investindo naquilo que é
solução para o clima”.
Fonte: programacarbononeutro