Relatório mostra desempenho das empresas brasileiras que aderiram à simulação de mercado de carbono


A Plataforma Empresas pelo Clima (EPC) divulga o Relatório Analítico Semestral com análises da performance do mercado e as estratégias adotadas no primeiro semestre deste ano pelas 23 empresas que participam do Sistema de Comércio de Emissões da EPC (SCE EPC) – uma simulação de comércio de emissões de gases do efeito estufa (GEE) do tipo “cap-and-trade” que estipula um limite de emissões para um grupo de empresas, sendo este limite convertido no volume de títulos que são inseridos no mercado para negociação.

A EPC é uma plataforma empresarial permanente e pioneira no Brasil de responsabilidade do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP). Tem como objetivo mobilizar, sensibilizar e articular lideranças empresariais para a gestão e redução das emissões de GEE, a gestão de riscos climáticos, propostas de políticas públicas e incentivos positivos no contexto das mudanças climáticas.

Já o SCE EPC é uma iniciativa criada em 2013, pioneira na América Latina – não há nenhum outro sistema de comércio de emissões entre os países latinos. Todos os dados de emissão utilizados na simulação são reais e estão acessíveis no Registro Público de Emissões. Os títulos e recursos financeiros (fictícios) são transacionados na plataforma online BVTrade, oferecida pela Bolsa de Valores Ambientais do Rio de Janeiro (BVTrade), parceira nesta empreitada.

As empresas participantes pertencem a diversas áreas de atuação
O relatório lançado traz os resultados do primeiro semestre (março a agosto) de 2015, em que 23 empresas brasileiras participaram da iniciativa buscando atender a duas metas: a conciliação de suas emissões reais de 2015 com títulos disponíveis no mercado e a otimização de seus resultados financeiros, ou seja, o menor custo possível de conciliação.

Títulos negociados
As empresas participantes pertencem a diversas áreas de atuação, que cobrem a produção florestal, papel e celulose; serviços; eletricidade; logística; indústria de transformação; construção civil; extrativismo. São elas: AES Brasil, Andrade Gutierrez, Anglo American, Banco do Brasil, Bateria Moura, Braskem, Camargo Corrêa, Citibank, Copel, CSN, Duratex, Ecofrotas, Eletrobrás Furnas, Grupo Boticário, InterCement, Itaú Unibanco, Klabin, Oi, Suzano Papel e Celulose, Telefônica/Vivo, Vale, Whirlpool e Wilson Sons.


Entre os principais resultados dos primeiros seis meses de operação do SCE EPC 2015, destaca-se o volume de títulos negociados, 150% maior do que foi negociado no mesmo período do ciclo anterior, e demanda em média 50% maior que a oferta nos leilões de permissão de emissão realizados no período. O que demonstra que as empresas estão mais dispostas a operar e a aprender sobre o funcionamento de um sistema de comércio de emissões.

Amadurecimento da estratégia
Neste contexto, 40% das empresas participantes possuíam no primeiro semestre deste segundo ciclo operacional mais de 70% do volume de títulos necessários para conciliar suas emissões de Escopo 01, tomando por base suas emissões em 2014. Fato este que aponta para um amadurecimento da estratégia das empresas frente ao SCE EPC, uma vez que se aproximando da conciliação já no início no ciclo, demonstram esforços por adquirir títulos a baixo custo, prevenindo-se frente à tendência de aumento de preço, e algumas até apresentam o potencial de vender parte de seus títulos a preços mais altos, obtendo ganhos financeiros.


Além disso, o relatório apresenta um estudo sobre o “cap” relativo, que é uma outra forma de estabelecer um limite de GEE para o grupo de empresas que compõem a abrangência de um sistema de comércio de emissões do tipo “cap-and-trade”. No SCE EPC foi adotado o “cap” absoluto – nesse capítulo do relatório são apresentados elementos para o debate a respeito das diferenças, dificuldades, vantagens e desvantagens dos dois tipos de “cap”.

Vídeo explicativo
O GVces disponibilizou no Youtube o vídeo “Mercado de Carbono: O que é, e um Exemplo Brasileiro”, que explica como e por que é feita a precificação do carbono e como funciona um sistema de comércio de GEE do tipo “cap-and-trade”, um instrumento de precificação.


Atualmente, o sistema está presente em diversos países e jurisdições, como na União Europeia, Califórnia, China. São 17 sistemas em operação no mundo, nenhum deles na América Latina. A primeira iniciativa do gênero é a simulação da EPC, que reúne 23 empresas brasileiras de setores variados e que pode servir para orientar futuras políticas públicas no Brasil e região.

- Conheça a versão completa do relatório aqui - 

Fonte: EcoD

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