Astrid Barney (C), com Ângela Monteiro e Yara de Souza: grife Da-Lata tem na Inglaterra seu maior público consumidor |
Elas saem do Gama Leste e vão parar em lojas de grife na Europa e na Oceania. Bolsas artesanais de diversos estilos feitas com material reciclado enfeitam vitrines e aguçam o olhar de consumidores estrangeiros. A matéria-prima básica para a confecção são os lacres de alumínio, tirados de latinhas de refrigerante, cerveja e suco. Inglaterra, Holanda, Suíça, Bélgica e França são alguns dos países que estão na rota de vendas.
A iniciativa, encampada pela empresária brasiliense Astrid Barney, 48 anos, há 24 vivendo em Londres, não tem apenas viés econômico, mas social. O projeto caminha há três anos, reunindo, na linha de produção, catadores e artesãs de comunidades carentes do DF. Há seis meses, essa boa ideia atravessou os muros da Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF) e está em fase de experiência entre as detentas.
Minucioso, o trabalho das artesãs do Gama exige muita atenção e capricho. Para fabricar bolsas, cintos e outros objetos, elas gastam aproximadamente 100kg de lacre de alumínio por mês |
Os lacres são comprados no Gama, na casa da artesã Ângela Maria Monteiro, 58 anos. Ela é quem coordena os trabalhos, além de treinar as profissionais encarregadas pela parte do crochê das bolsas. Antes de compor os acessórios, contudo, as pequenas peças de alumínio passam por uma triagem. De cada 1 kg de material comprado dos catadores, ela calcula que 30% não sejam aproveitados.
“Como é algo que vem da rua, muitas vezes, os lacres estão arranhados, amassados ou têm partes cortantes. Mas nem por isso são perdidos. Nós os vendemos novamente”, explica Ângela. Após a seleção, eles são higienizados para formar o esqueleto das bolsas. Daí por diante, começa a fase de confecção, que envolve a arte do crochê, a sobreposição do forro, acabamentos e etiquetas.
O valor das bolsas varia de £60 a £250, o que equivale, hoje, a algo em torno de R$ 164 e R$ 682, respectivamente. O preço, no entanto, depende do tamanho e formato delas. Mas os produtos ainda não são comercializados no Brasil. Além do fornecimento via encomenda, as peças podem ser adquiridas pela internet. Segundo Astrid, diferentemente dos brasileiros, que dão pouca importância a produtos feitos a mão, os estrangeiros valorizam esse tipo de trabalho.
“A saída é grande lá fora. Atendemos diversas lojas que fazem grandes encomendas, além de pessoas que nos procuram on-line. Nesses últimos tempos, entretanto, recebemos demanda de lojas brasileiras e vamos começar esse intercâmbio aqui. Temos apenas que ajustar nosso site ao público nacional. Acredito que, em março, esteja tudo pronto”, adianta a empresária.
Além das bolsas, cintos, colares, pulseiras e porta-moedas são alguns dos objetos produzidos com os lacres recolhidos no Distrito Federal. Mas, antes de eles chegarem a outros continentes, um longo caminho é percorrido. “Os lacres são adquiridos e espalhados entre as profissionais. Até seis pessoas podem se envolver na confecção de uma bolsa. Tem gente para fazer a lateral, a frente, o fundo. Não é algo simples”, explica Ângela. “Não podemos esquecer que tem também o acabamento. Quando prontas, elas são encaminhadas, via correio, para minha casa em Londres, e para isso pago taxas que não são baratas. Daí então, despacho para as lojas”, completa Astrid.
“A saída é grande lá fora. Atendemos diversas lojas que fazem grandes encomendas, além de pessoas que nos procuram on-line. Nesses últimos tempos, entretanto, recebemos demanda de lojas brasileiras e vamos começar esse intercâmbio aqui. Temos apenas que ajustar nosso site ao público nacional. Acredito que, em março, esteja tudo pronto”, adianta a empresária.
Além das bolsas, cintos, colares, pulseiras e porta-moedas são alguns dos objetos produzidos com os lacres recolhidos no Distrito Federal. Mas, antes de eles chegarem a outros continentes, um longo caminho é percorrido. “Os lacres são adquiridos e espalhados entre as profissionais. Até seis pessoas podem se envolver na confecção de uma bolsa. Tem gente para fazer a lateral, a frente, o fundo. Não é algo simples”, explica Ângela. “Não podemos esquecer que tem também o acabamento. Quando prontas, elas são encaminhadas, via correio, para minha casa em Londres, e para isso pago taxas que não são baratas. Daí então, despacho para as lojas”, completa Astrid.
Sustentabilidade
Além da logomarca — Da-Lata —, as bolsas chegam ao consumidor com um certificado, no qual consta o número de lacres usados e uma história sobre a produção do acessório. Os produtos com características sustentáveis, segundo Astrid, estão cada vez mais em alta, principalmente no exterior. Segundo ela, há uma tendência mundial de adquirir artigos com esse selo. “Eu trabalhava como decoradora e também no desenvolvimento de produtos em Londres e já via isso acontecer. Assim que conheci o trabalho com os lacres, pensei em vender as bolsas na Inglaterra. Há seis, sete meses, o negócio expandiu.”
Embora pareça simples, o trabalho de produção e revenda das bolsas exige boa gestão. Pensando nisso, a filha de Ângela, Yara Monteiro de Souza, 22 anos, assumiu o cargo de gerente administrativa da Da-Lata. Segundo ela, uma bolsa grande, que exige uso de 2.460 lacres, demora, no mínimo, 12 horas para ser montada. Todo o processo, até a finalização, pode chegar a durar três dias. “O trabalho tem que ser bem organizado, e evitamos estocar produtos. Dependendo da quantidade de pedidos, eles demoram quatro semanas para chegar ao público final”, conta.
Mensalmente, são compradas pelas artesãs do Gama aproximadamente 100kg de lacre de alumínio, com o quilo saindo, em média, de R$ 6 a R$ 8. Segundo Astrid, a cada mês, são vendidos 300 produtos da Da-Lata no exterior, sendo a Inglaterra o país onde há a maior procura.
Além da logomarca — Da-Lata —, as bolsas chegam ao consumidor com um certificado, no qual consta o número de lacres usados e uma história sobre a produção do acessório. Os produtos com características sustentáveis, segundo Astrid, estão cada vez mais em alta, principalmente no exterior. Segundo ela, há uma tendência mundial de adquirir artigos com esse selo. “Eu trabalhava como decoradora e também no desenvolvimento de produtos em Londres e já via isso acontecer. Assim que conheci o trabalho com os lacres, pensei em vender as bolsas na Inglaterra. Há seis, sete meses, o negócio expandiu.”
Embora pareça simples, o trabalho de produção e revenda das bolsas exige boa gestão. Pensando nisso, a filha de Ângela, Yara Monteiro de Souza, 22 anos, assumiu o cargo de gerente administrativa da Da-Lata. Segundo ela, uma bolsa grande, que exige uso de 2.460 lacres, demora, no mínimo, 12 horas para ser montada. Todo o processo, até a finalização, pode chegar a durar três dias. “O trabalho tem que ser bem organizado, e evitamos estocar produtos. Dependendo da quantidade de pedidos, eles demoram quatro semanas para chegar ao público final”, conta.
Mensalmente, são compradas pelas artesãs do Gama aproximadamente 100kg de lacre de alumínio, com o quilo saindo, em média, de R$ 6 a R$ 8. Segundo Astrid, a cada mês, são vendidos 300 produtos da Da-Lata no exterior, sendo a Inglaterra o país onde há a maior procura.