O projeto de ampliação que deverá triplicar a capacidade do porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, preocupa prefeitos e moradores da região.
As obras, orçadas em R$ 2,5 bilhões, devem dar suporte à extração de petróleo do pré-sal, mas a população teme que também afetem a vocação turística dos municípios vizinhos pelo risco ao meio ambiente.
Divulgação/Governo de SP |
Projeção do novo porto visto do morro do Araçá, em São Sebastião |
Atualmente, o projeto aguarda a emissão de licença prévia pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Com mais capacidade, o porto também será uma alternativa para escoar mercadorias de regiões como o Vale do Paraíba.
"O município de São Sebastião é turístico e portuário, não tem sentido uma coisa atrapalhar a outra", reclama Regina Helena Ramos, vice-presidente da Federação Pró Costa Atlântica, que reúne associações de bairro do município.
A moradora aponta para a ameaça de degradação do meio ambiente, grande atrativo turístico da região, com a migração que pode ser estimulada pela expansão portuária. "Não existe hoje habitação nem para as pessoas que moram lá, tem uma população imensa em áreas de risco e preservação", aponta.
Para que a cidade suporte a ampliação do terminal, Regina defende que sejam feitos investimentos em infraestrutura compatíveis com o novo tamanho do terminal, que deverá ser totalmente concluído em 2035. "Se as coisas não forem bem feitas, se a infraestrutura não estiver à altura, São Sebastião acaba para o turismo, e não é isso que a gente quer."
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Projeção do novo porto visto da praia das Conchas |
O prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci (PPS), também teme que o potencial turístico do município seja afetado. Por meio de nota, ele destaca que o projeto preocupa, "não só pelo tamanho que se desenha, mas também porque todo o escoamento da carga será por estrada".
Entretanto, na avaliação do prefeito de São Sebastião, Ernane Primazzi (PSC), o problema central diz respeito à alça de acesso ao porto, que no trajeto proposto provocará a remoção de 3.000 pessoas. Ele defende um projeto com túneis para evitar a retirada das famílias. "É possível fazer, está faltando vontade de meter a mão no bolso", diz.
O presidente da Companhia Docas de São Sebastião, Casemiro Tércio Carvalho, de outro lado, sustenta que o problema afeta 400 famílias que vivem irregularmente na área. "Não é que vai desapropriar, aquilo é área invadida. A gente vai reassentar 400 famílias em moradia digna", garante.
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RAIO-X DA AMPLIAÇÃOÁrea atual: 400 mil m² | Ampliação: 1,2 milhão de m²
Berços atuais: 5 | Ampliação: 20
Armazéns atuais: 4 | Ampliação: 6
Tanques atuais: 0 | Ampliação: 8
Empregos gerados na obra: 2.800
Investimento: R$ 2,5 bilhões
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Segundo Carvalho, está sendo realizado um estudo, que deve ficar pronto em até três meses, para determinar quais serão os impactos da ampliação no turismo da região. A partir daí, serão apresentadas propostas para mitigar esses efeitos negativos. "Nosso objetivo é transformar São Sebastião em referência de porto verde para o Brasil e para o mundo", diz.
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Projeto do governo do Estado para a ampliação do porto de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo Fonte:Folha.com |