O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) apresentou nesta segunda-feira (19) um relatório que declara que o Ártico necessita de uma governança e uma administração fortalecidas para proteger seus recursos da exploração excessiva.
De acordo com o Livro do Ano de 2013 do PNUMA, a redução da cobertura de gelo do Ártico nos últimos anos, sobretudo no verão, culminou com o recorde de baixa de 3,4 quilômetros em setembro de 2012, 18% abaixo do recorde mínimo anterior, de 2007, e 50% abaixo das médias das décadas de 1980 e 1990.
Esse derretimento, que os cientistas acreditam ser causado pelo excesso de emissão de gases do efeito estufa (GEEs), que contribuem para o aquecimento global, está levando à abertura de novas rotas marítimas no Ártico, bem como a novas possibilidades da exploração de recursos da região, como o petróleo e o gás.
Para se ter uma ideia, calcula-se que 30% das reservas ainda não descobertas de gás natural e 15% das reservas desconhecidas de petróleo estejam no Ártico.
No entanto, o relatório alerta que, antes de explorar esses novos recursos e rotas, é necessário avaliar quais impactos essa exploração terá no meio ambiente, vida selvagem e população locais.
Por exemplo, o documento sugere que, sem essa análise, pode haver uma rápida transformação ambiental, e a corrida por recursos pode interromper os ciclos hídricos, prejudicar a migração de renas e caribus, modificar a vida dos povos indígenas da região e criar conflitos geopolíticos.
Além disso, é necessário pesar também que o gás natural e o petróleo, combustíveis fósseis, são alguns dos grandes responsáveis pelas emissões de GEEs, e sua exploração poderia levar a uma emissão ainda maior de GEEs, e consequentemente, ao agravamento das mudanças climáticas.
“Mudar as condições ambientais no Ártico – frequentemente considerado um termômetro para as mudanças climáticas globais – tem sido uma questão preocupante há algum tempo, mas essa preocupação ainda não foi traduzida em ação urgente”, comentou Achim Steiner, diretor executivo do PNUMA, em um comunicado à imprensa.
“Na verdade, o que estamos vendo é que o derretimento do gelo está criando uma corrida para os mesmos recursos de combustíveis fósseis que levaram ao derretimento em primeiro lugar. Como o ‘Livro do Ano de 2013 do PNUMA’ aponta, a corrida para explorar essas vastas reservas inexploradas têm consequências que devem ser cuidadosamente pensadas pelos países, dados os impactos globais e questões em jogo”, acrescentou Steiner.
Para garantir que essa exploração seja feita de forma responsável, o PNUMA afirma que o Conselho do Ártico, formado por Canadá, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega, Rússia, Suécia e Estados Unidos, tem um papel essencial no controle da administração da região, principalmente realizando uma análise prévia das condições de exploração. O relatório também recomenda que as emissões de gases do efeito estufa sejam reduzidas.
Por fim, o documento também enfatiza outros problemas ambientais emergentes, como o uso de instrumentos econômicos na criação de incentivos financeiros para melhorar a segurança de produtos químicos, o aumento da capacidade governamental para regulação de produtos químicos e a publicação de informação sobre os usos e riscos de produtos químicos específicos.
Em se tratando de vida selvagem, a publicação afirma que os dados da Convenção sobre Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES) mostram que 2011 teve o maior nível de caça ilegal desde o início dos registros, em 2002. Dados prévios indicam que o número de elefantes que foram mortos em 2012 chegaram às dezenas de milhar, enquanto o de rinocerontes chegou ao recorde de 668 na África.
Fonte: Instituto Carbono Brasil.