Jungfrau
A montanha de Eiger é ainda hoje um adversário digno dos melhores alpinistas. Mas muito agradável para o comum dos mortais pode ser uma viagem por Jungfraubahnen que, desde a cidade de Interlaken, em Berna, entra nas entranhas da Eiger para chegar à estação de comboios mais alta da Europa (a 3.345 metros de altitude). Uma vez aí, os olhares recaem sobre o Glaciar de Aletsch, com uma rota de mais de 20 km, que é a mais longa da cordilheira dos Alpes. A Jungfrau partilha a sua condição de montanha sagrada com outro mito do montanhismo suíço, o Matterhorn. Esta montanha, com a forma de uma pirâmide quase perfeita, já se revelou por vezes fatal àqueles que viram como uma oportunidade e não como um obstáculo a massa gigantesca de pedra que a compõe.
Kilimanjaro
Na savana que cobre a fronteira entre a Tanzânia e o Quénia, surge uma magnífica montanha solitária com 5.895 metros – é o indiscutível ponto alto de África. Apenas a três graus a sul da linha do equador, o Kilimanjaro é um compêndio das típicas paisagens de outras regiões que se sobrepõem em função da sua altura – trata-se de um enorme vulcão extinto, com uma distintiva cobertura de gelo na cratera. A floresta húmida dos limites inferiores dá lugar a uma paisagem fria e árida. No topo, e embora os cientistas discordem sobre as causas, o gelo derrete drasticamente e alguns estudos já adiantam datas não muito distantes para o seu desaparecimento total. Subir o Kilimanjaro é possível, caso esteja em óptima forma física e tenha tempo e dinheiro – a única técnica necessária é ter resistência para caminhar. Isto atrai muitos visitantes ao local, que aproveitam também a proximidade relativa de duas outras maravilhas da Tanzânia: a cratera de Ngorongoro e as planícies do Serengeti.
Teide
A 19 de Junho de 1799, Humboldt contemplou, a partir do porto de Santa Cruz, uma “visão grandiosa e esmagadora” – era o Teide, surgindo de repente numa manhã “cinzenta e húmida”, desfazendo o manto de nuvens e perfilando-se sobre o céu “de um azul adorável”. E, como observou o cientista alemão, a secura do ar “confere à atmosfera das Canárias uma transparência que supera não só o ar de Nápoles e Sicília, como talvez também a pureza do céu de Quito e do Peru”. A área de Las Cañadas, presidida pelo vulcão Teide, com 3.717 metros de altitude, é reconhecida como Parque Nacional desde 1954 mas é, há mais de 100 mil anos, um lugar de emoção lendária e um fascinante ecossistema pela sua originalidade. Este recinto de 16 Km de diâmetro e 45 Km de perímetro exibe uma paisagem variada com percursos de lava seca que se amontoam em vastos campos rochosos ou se precipitam encosta abaixo. A partir do topo, nos dias mais limpos, tem-se direito a uma vista espectacular sobre todo o arquipélago.
Baía de Halong
A Baía de Halong, no Vietname, resume nos seus 120 Km de costa um mundo lendário de natureza e cultura. Duas mil ilhas e ilhéus de calcário formam a paisagem encantada que, segundo a lenda, foi esculpida pela cauda do “dragão descendente” que dá nome, no idioma vietnamita, à própria baía. As formações que surgem no caminho para a cidade de Halong são um prólogo para o que espera o viajante no Golfo de Tonkin. Navegar nesse espaço e dormir a bordo de um clássico barco a motor é uma experiência incomparável. As formações rochosas emergem majestosas no mar e as grutas garantem misteriosas viagens pelo seu interior. O arquipélago de Van Don é, em si mesmo, um verdadeiro museu geológico, zoo e jardim botânico.
Três Gargantas
Penhascos imponentes acompanham as Três Gargantas do rio Yangtzé, entre Chongqing, no sudoeste da China, e a província central de Hubei, formando uma das paisagens mais espectaculares do planeta. Mas tudo está a mudar, com a conclusão da barragem gigantesca destinada a tornar-se na muralha da China do século XXI. Além de obrigar à deslocação de 1,5 milhões de pessoas, o maior projecto hidráulico do mundo afectará inúmeros locais arqueológicos e alguns tesouros do estado – como o povo de Dachang, as pinturas de Baiheliang, a aldeia de madeira Shibao ou o templo Zhang Fei.
Ayers Rock
Ayers Rock, a mítica rocha do Uluru, é o coração da Austrália profunda. Esta estranha formação ergue-se 348 metros acima da vasta planície que ocupa o centro da ilha, no Parque Nacional Uluru-Kata Tjuta. A mudança de cor, seguindo o ritmo das estações do ano, aumenta a magia da grande estrutura de arenito – desde os cinzentos e prateados nos dias de chuva ao vermelho escuro do pôr-do-sol. Há gravuras míticas que adornam as grutas da rocha, associadas à iniciação na vida adulta e à fertilidade. Os Anangu encaram este lugar como sagrado e, como seus guardiões, não se atrevem a subir até ao topo – sentem como sacrilégio a exploração turística de uma montanha que guarda zelosamente o seu segredo.
Moorea
Seja porque as pessoas mais imaginativas vêem na forma desta ilha um coração ou porque é um daqueles lugares na Terra que 90% das pessoas associam imediatamente à sua ideia de Jardim do Éden, Moorea tornou-se no destino preferido de milhares de casais que querem desfrutar da sua lua-de-mel. Situada a apenas 17 Km a noroeste do Tahiti, no arquipélago da Sociedade, na Polinésia Francesa, Moorea tornou-se numa forte concorrente da sua vizinha Bora Bora, a ilha com a qual partilha as características tão típicas do paraíso. Poderíamos falar sobre a lenda que explica a origem das pérolas negras produzidas pelas ostras na Lagoa ou sobre a natureza fascinante que abunda nas águas e no interior da ilha. Mas, neste caso, o ideal é recorrer ao clássico cliché “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Imagine só trazerem-lhe o pequeno-almoço à cama de um bungalow suspenso sobre um mar azul-turquesa como este.
Santorini
A mais grega das ilhas gregas é resultado de um grande cataclismo que provavelmente varreu uma civilização, a Minoan. Não é difícil ter uma ideia do que aconteceu com a antiga Thera, ou Santorini, há mais de 3.600 anos – que agora se tornou num óptimo lugar para vislumbrar a grande lagoa que ocupa a antiga cratera do vulcão. Talvez influenciados pela inevitável sensação de catástrofe, devidamente reforçada por algum receio que ocorre de tempos a tempos, os visitantes desta maravilhosa ilha de paredes brancas e cúpulas azuis entregam-se rapidamente ao hedonismo e ao “dolce far niente”. Santorini é um lugar onde as encostas são demasiado íngremes para caminhar, mas onde as praias são demasiado belas para que não se usufruam e onde a gastronomia é de não se conseguir resistir.
Grande Barreira de Coral
A maior estrutura de seres vivos do planeta, com mais de 2.000 Km de extensão, paraíso de mergulho e alojamento para milhares de criaturas aquáticas, está em processo de desaparecimento. Os cálculos mais pessimistas dão mais 20 anos de vida à Grande Barreira de Coral, caso o actual aquecimento global se mantenha. Este é um problema comum a todos os recifes de coral do mundo, mas torna-se muito mais alarmante quando afecta este enorme e poderoso recife australiano. Por agora, e salvo alguns episódios periódicos de branqueamento (perda de cor dos corais que indica problemas de saúde), a Grande Barreira permanece como uma das paisagens subaquáticas mais espectaculares do mundo. É a Meca que os fãs de mergulho devem visitar pelo menos uma vez na vida.
Big Sur e Highway 1
A Highway 1 nasce nos bosques do norte de São Francisco e, depois de atravessar o Golden Gate, segue a caminho de Los Angeles percorrendo cada uma das curvas da acidentada e espectacular costa do Pacífico. A meio do caminho surge o Big Sur, um paraíso perdido onde a televisão chegou há apenas 20 anos e onde ainda é possível perdermo-nos no meio da Califórnia. Escritores como Henry Miller e Jack Kerouac encontraram refúgio aqui, entre bosques, falésias e cabanas de madeira. Porque, como disse Miller, “não havendo nada para melhorar nas imediações, a pessoa tende a melhorar-se a si mesma”.
Lhasa-Katmandu
Entre o Nepal e o Tibete encontra-se uma das estradas mais belas e duras do mundo – a “estrada da amizade”, que liga as duas capitais místicas dos Himalaias numa viagem de 900 Km. A maior parte do percurso acontece no Tibete, depois de se atravessar a Ponte da Amizade, na fronteira de Zhangmu. A altitude é um dos maiores perigos desta rota com passagens de montanha de 5.000 metros. A recompensa é uma vista de tirar o fôlego que inclui o Evereste. O percurso segue por Shigatsé, a segunda maior cidade do Tibete e tradicional trono do Panchen Lama, até Lhasa. A viagem dura quatro dias em estradas em mau estado e a uma altitude que raramente baixa os 3.000 metros. É uma daquelas viagens em que o que importa não é o destino, mas sim o caminho até o atingir.
Ilha Sul
A Nova Zelândia também tem a sua Velha Oeste e ela está na Ilha Sul, constituída por deslumbrantes parques nacionais, glaciares à beira-mar, fiordes e uma história que destila o espírito dos pioneiros. A Highway 6 percorre esses lugares em ziguezague, entre a costa e as montanhas. Um bom ponto de partida para a viagem é Westport, ao norte – daí a rota continua litoral sul, num dos seus mais belos trechos com cidades como Greymouth e Hokitika. Mais adiante, a rota atravessa o Parque Nacional Tai Poutini, que alberga os glaciares Fox e Franz Joseph. Após passar a cidade de Queenstown é hora de abandonar a Route 6, mas por uma boa razão: entrar no Fiordland National Park, a caminho do fiorde Milford Sound.
Fonte: Green Savers