São Paulo - Pela
primeira vez, a concentração mensal de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera
superou o nivel de 400 partes por milhão (ppm), no mês de abril, em todo o
hemisfério norte, segundo dados da Organização Mundial de Meteorologia (OMM).
Este limiar é de importância simbólica e científica e
reforça a evidência de que a queima de combustíveis fósseis
e outras atividades humanas poluentes são responsáveis pelo contínuo aumento de
gases do efeito
estufa, vilões do aquecimento global.
Em abril, a concentração média mensal de dióxido de carbono
na atmosfera passou de 401,3 ppm, conforme dados do centro de Mauna Loa, no
Havaí, a mais antiga estação de medição de CO2 e referência mundial.
Em 2013, o limite dos 400 ppm só foi superado um par de dias,
no hemisfério norte, que tem mais fontes antropogênicas de CO2 do que o
hemisfério sul.
As estações que monitoram a atmosfera global registraram as
concentrações de CO2 recordes durante o máximo sazonal, que ocorre no início da
primavera do hemisfério norte, antes do crescimento de vegetação que absorve
CO2.
"Isso deve servir como alerta sobre os aumentos dos
níveis de gases de efeito estufa que conduzem à mudança climática.
Se quisermos preservar o nosso planeta para
as gerações futuras, precisamos travar novas emissões desses gases retentores de calor", advertiu o
secretário-geral da OMM, Michel Jarraud. "O tempo está se esgotando."
Embora os valores máximos de primavera no hemisfério norte já
tenham cruzado o nível de 400 ppm, a concentração de CO2 média anual global só
deve deve cruzar este limiar entre 2015 e 2016.
O CO2 é o gás de efeito estufa mais importante emitido pelas
atividades humanas. Ele permanece na atmosfera por centenas de anos. Sua
expectativa de vida nos oceanos é ainda maior.
Segundo os cientistas, ele foi responsável por 85% do aumento
no forçamento radiativo, indicador utilizado para avaliar o conjunto de fatores
que causam alterações climáticas, ao longo da década 2002-2012.
Entre 1990 e 2013, houve um aumento de 34% no forçamento
radiativo por causa de gases de efeito estufa, de acordo com os últimos números
da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA).
Segundo o Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM, a quantidade
de CO2 na atmosfera chegou a 393,1 partes por milhão em 2012, ou 141% do nível
pré-industrial, de 278 partes por milhão.
A quantidade de CO2 na atmosfera tem aumentado, em média, 2
partes por milhão por ano nos últimos 10 anos.
Fonte: Exame