Grande parte das
35 regiões classificadas como ‘hotspots’ de biodiversidade ao redor do mundo
sofrem com a influência das atividades humanas, concluíram pesquisadores
australianos.
Abrigando três quartos dos mamíferos,
aves, répteis e anfíbios da Terra, muitos deles endêmicos (que não ocorrem em
outros locais) e ameaçados de extinção devido à perda de habitat, esses locais
são prioritários para a conservação.
“Os hotspots onde se pensava que havia a
maior cobertura de vegetação natural têm registrado os maiores declínios
aparentes, então estamos em níveis críticos”, notou o principal autor do
estudo, Sean Sloan, da Universidade James Cook (Austrália).
Os pesquisadores usaram imagens de
satélite de resolução moderada e alta e o Google Earth – localizando estradas,
habitações e incêndios – para mapear as áreas de vegetação ainda não
perturbadas e concluíram que cerca de 15% da cobertura original (mais de 3,5
milhões de Km2) permanece
intacta.
Eles encontraram a maior perda de
vegetação nativa nas florestas tropicais da cordilheira Gates Ocidental
(Índia), nas ilhas do Pacífico, nas Montanhas do Cáucaso e da Ásia Central, no
sul da África e no Japão.
Os autores alertam que menos de 5% da
vegetação original persiste na Mata Atlântica brasileira (um dado ainda mais
alarmante do que o constatado pela SOS Mata Atlântica), na costa leste da África, na
península anatoliana (Irã e Turquia), em Madagascar, no Mediterrâneo e na região
da Micronésia-Polinésia.
A região da Ásia-Pacífico é a de maior
preocupação, já que tem a mais alta concentração de hotspots no mundo. Os
cientistas pedem por mais recursos para a conservação e por mais ações para
acabar com a perda de habitats.
“Estamos em uma batalha global pela
conservação, mas, ao contrário de um médico de campanha, não podemos
simplesmente focar naqueles hotspots que tem a maior probabilidade de
sobreviver”, disse Sloan.
“Cada um tem uma biodiversidade única,
então perder até mesmo um seria catastrófico”, completou.
O co-autor do estudo, William Laurance, da
mesma universidade, disse que os habitats são cruciais para a biodiversidade
mundial.
“Se perdermos os hotspots, diremos adeus
para mais da metade de todas as espécies da Terra. Seria comparável ao evento
de extinção em massa que matou os dinossauros”, alertou Laurance.
Fonte: Instituto Carbono Brasil