O brasileiro continua sendo um dos povos mais
otimistas do mundo em relação à situação econômica do País. Mas o cenário está
mudando e a perda de otimismo teve impacto nos gastos da nova classe média
neste ano. Isso deve se repetir no próximo, dependendo da intensidade dos
ajustes macroeconômicos, segundo consultorias especializadas.
Para 2015, especialistas acreditam que o ritmo de compras da
nova classe média deve diminuir. No entanto, esse estrato social, que
representa 50% da população e que desembolsou no ano passado R$ 1,2 trilhão,
não deve abandonar o padrão de consumo conquistado.
"Eles entraram no mercado de consumo para ficar,
sentiram o gosto do mel e não querem perdê-lo", afirma o diretor de
serviços ao cliente da empresa de pesquisas Ipsos, Lawrence Mills. Na
quarta-feira, 22, os executivos da empresa apresentaram cenários para 2015.
Dorival Mata-Machado, diretor da Ipsos Public Affairs,
correlacionou a queda no otimismo do brasileiro com redução no ritmo de
consumo.
Pesquisa da empresa feita em setembro com grupo de 24 países
mostra que 57% dos brasileiros acreditam que nos próximos seis meses a economia
estará forte ou muito mais forte. Isso coloca o País na vice-liderança do
otimismo em relação à economia, atrás apenas da Índia (71%).
Apesar de o resultado ser favorável, a situação do Brasil já
foi melhor. Em 2010, o País liderava esse ranking, com 79% de otimistas. E foi
assim até abril deste ano. Em maio, o País perdeu o topo para a Índia.
"Inicialmente a perda de otimismo estava relacionada com a inflação. Houve
freada no consumo."
Pesquisa nacional feita pela Nielsen, que acompanha as
compras de 137 itens, entre alimentos, bebidas, artigos de higiene e limpeza,
mostra que, entre junho e agosto deste ano, o volume consumido desses itens
cresceu 3,7% ante igual período de 2013, depois de ter aumentado 6,4% e 4,8%
nos trimestres anteriores.
"A classe média, que representa 50% do consumo, teve
uma contribuição bem inferior ao seu peso para o avanço das vendas no
período", ressalta Sabrina Balhes, analista da Nielsen.
Nichos
Especialistas tanto da Ipsos como da Nielsen concordam que,
para manter acesa a chama do consumo da classe C em 2015, será necessário
explorar nichos de mercado. "Não dá mais para dar tiro de canhão e tratar
a classe C de forma homogênea", diz Machado.
Como exemplo, ele cita a Casas Bahia, que acaba de abrir uma
loja no Complexo do Alemão (RJ). "Certamente eles enxergaram a possibilidade
de nicho." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Exame