As Passiv Haus são edifícios com níveis elevadíssimos de isolamento e selagem térmica, desenhados expressamente para reduzir as perdas (ou os ganhos) de calor para níveis reduzidíssimos.
Noutras palavras: os ganhos ou as perdas indesejadas de calor por via das paredes, das janelas, dos sótãos ou dos pisos de qualquer edifício construído convencionalmente são em grande parte eliminados por via de altos níveis de isolamento térmico e de janelas super-eficientes, adequadamente dimensionadas de acordo com o lado da casa, para além de adequadamente sombreadas (e expostas ao sol de inverno); o interior térmico do edifício fica super-blindado face ao exterior.
Em climas frios ou com invernos rigorosos isso é altamente
vantajoso; as fontes internas de calor (as pessoas no interior das casos, os
banhos...) e pequeníssimos sistemas de aquecimento podem garantir todo o
conforto térmico necessário, sem dispendiosos sistemas de aquecimento.
Além disso, as Passivhaus ou casas passivas são
também projetadas no sentido de maximizarem ganhos de calor solar no inverno,
por via da orientação solar da casa e das suas janelas e envidraçados, e da
massa térmica de paredes internas ou de pavimentos envolvendo cimento e
materiais cerâmicos.
As Passivhaus têm que ser projetadas com grande
detalhe, e envolvem um sofisticado sistema de ventilação artificial (para
garantir ar fresco, sem perdas ou ganhos indesejados de calor), bem como
adequado desenho arquitetônico (como as palas arquitetônicas que podem ser
vistas na imagem acima), e um sistema de portas e sobretudo de janelas
projetado nos mais ínfimos detalhes (posicionamento, tamanho, tipo de vidro,
caixilharia).
O Caso Português E Brasileiro
Como dissemos existe neste momento uma associação PassivHaus portuguesa,
e já foram ou estão a ser construídas algumas dezenas de casas passivas em
Portugal. É um conceito de construção interessante, da família das casas
energeticamente eficientes e do tipoenergia zero,
com óbvias vantagens ambientais.
É um conceito de casas de qualidade, capaz de gerar altos
níveis de conforto.
Mas permanecem algumas interrogações a nível de custos e de
vantagens em climas quentes, ou em climas como o português o do sul do Brasil,
onde o inverno não atinge rigores extremos. Será que faz sentido uma casa
passiva, para climas brasileiros.
Ou seja: será que há vantagens significativas em aplicar o
conceito das Passive Houses aos climas portugueses e brasileiros?
O Conceito De PassivHaus Em Climas Quentes
É possível projetar o conceito PassivHaus a climas quentes.
Há notícias de implementação com sucesso do conceito de PassivHaus na Singapura
(um clima tropical).
O conceito de super-isolamento térmico, pode ser adaptado de
modo a proteger os edifícios de ganhos excessivos de calor e a evitar perdas de
ar condicionado, reduzindo os gastos com arrefecimento a níveis mínimos.
A grande questão – na perspetiva de aplicação do conceito de
Casa Passiva ao Brasil ou mesmo a Portugal – não está tanto na sua
exequibilidade técnica, mas sim nos seus custos e competitividade relativamente
a modelos alternativos de construção, atendendo à natureza dos nossos climas.
Noutros termos: será que é pertinente e vantajosa a
construção de casas passivas em Portugal e no Brasil?
Custo Das Passiv Haus
As Casas Passivas envolvem custos acrescidos em matéria de
projeto arquitetônico, níveis de isolamento e selagem térmica, sistemas de
ventilação artificial, portas e janelas...
Uma parte destes custos são normais e extensivos a outros
modelos de casa eficiente, apenas um pouco mais altos; por outro lado, parte
desses custos é compensada por via de reduções de custos a nível dos sistemas
de climatização (que poderão ser muito pequenos, ou mesmo eliminados).
Por outro lado ainda, como as Passive Houses são
tipicamente projetadas em tamanhos modestos, isso também representa uma
economia de custos importante.
Mas em geral, os custos iniciais de construção são mais
altos, sobretudo em casos em que não há economias de escala por detrás dos
processos de construção. Noutros termos: apenas multiplicando este tipo de
construção e criando um corpo de técnicos informado e treinado, é possível
reduzir mais significativamente os custos de construção e tornar o modelo mais
atraente economicamente.
Conclusão
Independentemente das suas vantagens, que são evidentes, o
modelo PassivHaus, encarado de uma forma estrita, pode vir a ter pouco
sucesso em Portugal e sobretudo no Brasil, onde não se verificam os problemas
de climatização de outros países.
É, de qualquer modo importante que os princípios subjacentes
às Passive Houses sejam tidos em conta, na construção de qualquer
edifício. Eles são ao fim e ao cabo comuns aos vários modelos de casa eficiente:
como o isolamento térmico, janelas e portas eficientes e bem dimensionadas e
posicionadas, conveniente exposição ou proteção solar, aproveitamento de
brisas, atenção ao layout, à configuração da casa e às suas envolventes
externas, uso da energia solar.
Por outros lado, mesmo questões aparentemente secundárias a
nível de construção de Casas Passivas, como palas associadas a telhados (para
proteger janelas, paredes e portas de água da chuva ou do sol) podem ser
interessantes em certos climas brasileiros. Esses elementos arquitetônicos são
frequentemente descurados, mas não deixam de ser importantes para efeitos de
sombreamento e climatização, e para prolongar a vida e a saúde das paredes,
portas e janelas em climas húmidos e chuvosos.
Fonte: Guia Casa Eficiente