O que é a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) de produtos e quais seus impactos sobre o desenvolvimento sustentável?


O crescimento com a preocupação sobre impactos ambientais tem induzido, em alguns casos, a criação de formas mais sustentáveis de produção

Escassez dos recursos naturais e impactos ambientais são preocupações crescentes desde as últimas décadas. O grande crescimento populacional e o aumento da produção industrial em diversos setores acabam causando impactos em todos os ecossistemas do planeta. Emissões via veículos automotores e indústrias liberam gases tóxicos que proporcionam, entre outros fatores, a depreciação da camada de ozônio. Dentre outros problemas, existe também o consumo excessivo da água por parte das indústrias, o desperdício e a precariedade da rede de distribuição, e a contaminação de muitas fontes naturais e artificiais de água, como rios e reservatórios - tudo isso leva à escassez desse recurso tão valioso.
Uma das formas de indivíduos e instituições ou organizações amenizarem os impactos da produção e do consumo no meio ambiente é a analisando o ciclo de vida do produtos. Mas, antes de tudo, o que é ciclo de vida?
Segundo definição utilizada pelo Instituto Nacional de Metodologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o ciclo de vida é o conjunto de todas as etapas necessárias para que um produto cumpra sua função na cadeia de produtividade, desde a extração e processamento da matéria‐prima até o descarte final, passando pelas fases de transformação, produção, transporte, distribuição, uso, reuso, manutenção e reciclagem.
A tal da análise, citada anteriormente, tem um nome oficial: Avalização do Ciclo de Vida (ACV). Ela nada mais é do que uma técnica desenvolvida para verificar o impacto de produtos no meio ambiente. Ou seja, são analisados os efeitos ambientais associados às atividades produtivas ao longo de todo o ciclo de vida do produto.
Esse tipo de análise surgiu nos anos 70, quando a empresa Coca-Cola encomendou um estudo da Midwest Research Institute (MRI) para comparar os diferentes tipos de embalagens de refrigerante e selecionar quais deles eram os mais adequados sob os pontos de vista ambiental e  com relação ao desempenho na preservação dos recursos naturais.
A ACV hoje é regida pelas normas ISO 14040, criadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). De acordo com um estudo feito na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, esse tipo de avaliação auxilia na identificação de oportunidades de melhoria nos aspectos ambientais dos produtos nas várias fases do seu ciclo de vida, visando assim minimizar o uso de itens tóxicos, reduzir o consumo de água e energia, diminuir a geração de resíduos (e encontrar soluções para utilizá-los como subprodutos), reduzir os custos dentro do processo, avaliar a utilização de máquinas e equipamentos, e ainda gerenciar outras atividades ambientais referentes ao processo industrial, entre outros fatores.
Resumindo, a partir da ACV, a indústria pode verificar o que está fazendo de errado em termos ambientais, tentando corrigir falhas; e o consumidor pode escolher, dentro das suas possibilidades, produtos de companhias que se adequam a uma lógica mais sustentável.
Um caso bastante prático pode ser observado no estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que fez a comparação dos impactos ambientais causados pela utilização de embalagens de PET com relação a embalagens de alumínio, utilizando a metodologia do ACV. O estudo revelou que as embalagens de PET afetam de forma mais negativa o meio ambiente se comparadas às de de alumínio - isso porque essas últimas têm maior redução quantitativa de energia no consumo de recursos naturais, na emissão de poluentes atmosféricos  e na geração de resíduos sólidos. O estudo também apresenta que no quesito consumo de recursos naturais renováveis e não renováveis, PET é a embalagem que apresenta o pior cenário.
Um outro caso que está muito relacionado ao cotidiano é a comparação entre a utilização de sacolas de plástico e sacolas de papel reciclado. De acordo com um estudo realizado pela Franklin Associates, com o objetivo avaliar os impactos energéticos e ambientais pelo uso das sacolas de polietileno e de papel não branqueado, os resultados mostraram que a energia necessária para produção de sacolas de plástico foi de 20% a 40% menor do que para produzir a sacola de papel; as emissões atmosféricas das sacolas de plástico foram de aproximadamente 63% a 7% menores do que o papel. No entanto, as sacolinhas plásticas enfrentam problemas na parte final do ciclo.
Existe um conceito também bastante relacionado ao ACV, que são os "seis 'erres' da sustentabilidade". De acordo com artigo publicado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), essas são as etapas para o planejamento de um novo produto ou para melhorar um que já existente. O pensamento se baseia nos seguintes conceitos:
• Repensar: examinar o produto para que ele seja o mais eficiente possível;
• Repor (substituir): verificar a possibilidade de substituir alguma item que seja tóxico por outro que impacte menos a saúde humana e o meio ambiente;
• Reparar: desenvolver um produto que possa ter sua partes ou peças reparadas;
• Reduzir: pensar em uma forma de reduzir o consumo de matéria-prima, de energia, de água e de emissão de poluentes;
• Reutilizar: pensar em um produto que tenha suas partes ou materiais passíveis de serem utilizadas novamente;
• Reciclar: transformar os produtos e materiais que seriam jogados fora em matéria-prima ou em novos produtos com outra utilidade.

Como esse tipo de analogia pode ser aplicado ao nosso dia a dia?

Dentro do nosso cotidiano, podemos incorporar também esse pensamento de ciclo de vida, ao dar preferência a produtos naturais e biodegradáveis, pois têm um menor impacto no meio ambiente e têm uma degradação muito mais rápida em contato com ele. Quando procuramos utilizar produtos que apresentem selos verdes, demonstramos consciência de estar consumindo itens que foram certificados por utilizarem métodos que preservam o meio ambiente. Buscar utilizar produtos que sejam recicláveis também é fundamental, pois assim contribuímos com o aumento do ciclo de vida desse determinado produto.
Fonte: eCycle

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