Foto: Crédito: divulgação (Ministério de Minas e Energia e Eletrobras Eletronorte)
O primeiro projeto-piloto no mundo, de exploração de energia
solar em lagos de usinas hidrelétricas, com uso de flutuadores, foi lançado no
Amazonas.
O primeiro projeto-piloto no mundo, de exploração de energia
solar em lagos de usinas hidrelétricas, com uso de flutuadores, foi lançado no
dia 4 de março deste ano, na Hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente
Figueiredo, no Amazonas.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a iniciativa já foi
implementada em outros países, mas em reservatórios comuns de água. No caso do
Brasil, a engenharia será utilizada nos lagos das hidrelétricas, permitindo
aproveitar as subestações e as linhas de transmissão das usinas, além da lâmina
d’água dos reservatórios, evitando desapropriação de terras.
As placas fotovoltaicas flutuantes no reservatório da usina
amazonense vão gerar, inicialmente, um megawatt (MW) de energia. A previsão é
que em outubro de 2017 a potência seja ampliada para cinco MW, o que é
suficiente para abastecer, por exemplo, 9 mil casas.
O ministro Eduardo Braga, explica que o projeto de geração
híbrida utiliza a capacidade dos reservatórios e a infraestrutura de
hidrelétricas brasileiras, principalmente, as que estão com baixa capacidade de
geração de energia, como é o caso de Balbina. “Aqui em Balbina é um caso
bastante típico porque nós temos uma subestação que poderia estar transmitindo
algo como 250 MW. Hoje, usa apenas 50 MW. Portanto, há 200 MW de ociosidade,
que vamos poder suplementar com energia solar, com custo muito reduzido,
fazendo com que tenhamos eficiência energética, segurança energética, melhor
gestão hídrica dentro dos nossos reservatórios e ao mesmo tempo baratear a
energia para que a tarifa de energia elétrica seja mais barata em nosso país”,
afirmou.
A pesquisa vai analisar o grau de eficiência da interação de
uma usina solar, em conjunto com a operação de usinas hidrelétricas, e a
influência no ecossistema dos reservatórios. Após os estudos, de acordo com
Eduardo Braga, a expectativa é que a geração de energia solar seja de 300 MW,
podendo abastecer 540 mil residências. “É preciso fazer vários estudos, e nós
esperamos, terminados esses estudos, poder começar os leilões de energia, de
reservas com flutuadores dentro dos nossos reservatórios, e aí teremos
capacidade muito grande no Brasil, porque o país possui inúmeras hidrelétricas
com espaço para coletar energia solar nos seus reservatórios”, explicou o
ministro.
De acordo com o presidente da Eletrobras, José da Costa
Carvalho Neto, a tendência é que o país amplie a geração de energia solar, o
que pode refletir futuramente na redução da conta de luz. Mas ressaltou que não
dá para avaliar a queda percentual, pois ainda não se sabe quanto será o custo
da energia solar. Mas adiantou que será uma "redução substancial".
Segundo ele, a participação da energia solar na matriz
elétrica brasileira é muito pequena, mas deve crescer nos próximos anos,
podendo chegar a 5%/10% ou até mais. "Cada vez mais esses painéis estão
reduzindo. A energia solar vai ficar muito barata, e essa economia será repassada
para as tarifas que beneficiam o consumidor brasileiro”, destacou.
Os flutuadores da primeira etapa foram produzidos em
Camaçari, na Bahia, e os próximos vão ser fabricados no Amazonas. Segundo
Orestes Gonçalves, sócio-diretor da empresa Sunlution, responsável pelo
desenvolvimento do projeto, a iniciativa vai contribuir para a geração de
empregos.
Ele disse que todos os empregos serão contratados no estado
do Amazonas, de gente com formação pela Universidade Federal do Amazonas
(Ufam), Serviço Nacional da Indústria (Senai) e outras instituições de ensino.
Os eletricistas que vão instalar as usinas, os engenheiros que vão participar,
assegurou, "serão todos do estado do Amazonas, e todos com treinamento.
Esse é o objetivo de envolver a universidade no projeto”.
Para Ciro Campos, do Instituto Socioambiental (ISA), a
iniciativa do governo é positiva e oportuna, porque estimula a produção de
energia solar no país e a criação de uma cadeia produtiva que ajuda a gerar
emprego e renda em um momento de crise econômica. Mas ele chama a atenção para
a escolha de usinas como a de Balbina, que causaram grande impacto ambiental e
têm pouca produtividade.
No seu entender, “Balbina é a pior usina hidrelétrica já
construída no Brasil, e talvez seja também o maior crime ambiental da nossa
história. Portanto, não basta o ministério 'solarizar' Balbina ou outras
hidrelétricas na Amazônia para tornar a existência dessas usinas menos nocivas
para a atmosfera e para a sociedade também”.
Projeto semelhante, com a mesma capacidade de geração de
energia solar de Balbina, será anunciado na Hidrelétrica de Sobradinho, na
Bahia, no próximo dia 11. A Eletronorte e a Chesf vão investir quase R$ 100
milhões nos dois empreendimentos, que devem entrar em operação em janeiro de
2019. A construção será de responsabilidade da empresa brasileira Sunlution, em
parceria com a fabricante de equipamentos WEG e participação das universidades
federais de Pernambuco (Ufpe) e do Amazonas, bem como da Fundação de Apoio aoRio Solimões.
Fonte: Instituto Akatu