Participação
urgente de todos os atores da sociedade – indivíduos, empresas, governos e
instituições – na luta contra o aquecimento global pressupõe escolhas mais
conscientes na produção e consumo de produtos e serviços.
O
recém ratificado Acordo de Paris estabelece para os países de todo o mundo
metas de diminuição de emissões de gases de efeito estufa nos próximos anos
para impedir que a temperatura global alcance 2oC acima dos níveis
pré-industriais. Essa responsabilidade é compartilhada por governos, empresas,
instituições da sociedade e também por cada cidadão.
Segundo
definição de 1995 da Comissão de Desenvolvimento Sustentável da ONU,
"Consumo sustentável é o uso de serviços e produtos que respondem às
necessidades básicas de toda a população e trazem a melhoria na qualidade de
vida, ao mesmo tempo em que reduzem o uso dos recursos naturais e de materiais
tóxicos, a produção de lixo e as emissões de poluição em todo ciclos de vida,
sem comprometer as necessidades das futuras gerações".
Com
a campanha #ClimaMuitoLoko, o Instituto Akatu vem mostrando, desde março, como
é possível fazer a transição para estilos de vida sustentáveis e como a prática
do Consumo Consciente pode colaborar no combate às Mudanças Climáticas e suas
consequências. A campanha já abordou temas como a economia de água, a
diminuição ao desperdício de alimentos, a preservação dos oceanos, o
crescimento populacional, as alternativas de mobilidade baseadas em energia
limpa e a importância da gestão pública em centros urbanos para reduzir o
impacto no clima e aumentar o bem-estar nas cidades.
Alguns
dos temas ligados ao consumo consciente já podem ser considerados mais
disseminados, especialmente aqueles que dizem respeito a necessidades básicas,
como economia de água e energia, e reciclagem. No entanto, ainda há uma série
de situações do cotidiano em que dificilmente as pessoas têm plena consciência
de todos os impactos negativos associados a um produto. Peças de roupa, por
exemplo, podem ter sido fabricadas por trabalhadores submetidos a condições
análogas ao trabalho escravo. Depois disso, se produzidas em outros
continentes, consomem combustíveis fósseis no transporte aos diversos pontos do
mundo onde serão vendidas e, muitas vezes, acabam descartadas antes do fim de
sua vida útil. A mesma reflexão vale para outros produtos industrializados,
como equipamentos eletrônicos, derivados de petróleo e até alimentos.
Não
se trata apenas de uma questão de desenvolvimento econômico e redução da
desigualdade social. Afinal, se o consumo nos países mais pobres um dia pudesse
se igualar aos padrões dos países mais ricos, a Terra simplesmente não teria
condição de renovar seus recursos naturais no ritmo exigido pela humanidade.
Esse cenário já é demonstrado pela precocidade cada vez maior do Dia de Sobrecarga
da Terra, a data em que esgotamos os recursos do planeta para o ano e que, em
2016, aconteceu no dia 8 de agosto.
Os
atuais padrões de produção e consumo são diretamente responsáveis pelo aumento
na emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), que causam as Mudanças Climáticas.
A proposta do Akatu é colaborar para essa reflexão oferecendo informações que
facilitem aos indivíduos a compreensão de seu poder de mudança como
consumidores conscientes. Foi nesse contexto que o Instituto criou, por exemplo,
as "Seis Perguntas do Consumo Consciente" e os "10 Caminhos para
a Produção e o Consumo Conscientes", que você acompanha a seguir.
Seis
perguntas do Consumo Consciente
1. Por que comprar?
Pergunte-se, antes da compra, se você realmente
precisa do produto ou se está sendo estimulado por propagandas ou impulso do
momento, que podem levá-lo a comprar mais do que necessita ou pode comprar. É
importante lembrar os limites planetários e o que realmente é importante na
vida de cada um. Isso muitas vezes vai significar “ter” algo não material no
lugar do material, como dedicar mais tempo a atividades com a família e os
amigos.
2. O que comprar?
É neste momento que definimos qual produto queremos
comprar, ao analisar o que as opções disponíveis oferecem e escolhendo as
características que realmente atendem às nossas necessidades. Atributos demais
que nunca serão usados são puro desperdício. Busca-se definir também a
qualidade e durabilidade do produto, suas características de segurança no uso e
outros critérios que permitam selecionar sua escolha.
3. Como comprar?
Devo comprar à vista ou a prazo? Conseguirei manter
as prestações pagas em dia? Vou comprar perto ou longe de casa? Como vou buscar
e levar minhas compras? De carro, ônibus, bicicleta, a pé? Em sacolas plásticas,
sacolas duráveis, caixas de papelão? Fazer compras de bicicletas no final de
semana com a família pode ser divertido e uma ótima experiência para todos.
4. De quem comprar?
Ao escolher a empresa fabricante do produto a ser
comprado, é importante considerar as características de produção, o cuidado no
uso dos recursos naturais, o tratamento e a valorização dos funcionários, o
cuidado com a comunidade e a contribuição para a economia local. Assim, o
consumidor pode reconhecer com suas escolhas as empresas que melhor cuidam da
sociedade e do planeta, além de atender às características definidas na etapa
“o que comprar?”.
5. Como usar?
É essencial encontrarmos formas de usar de maneira
consciente os produtos e serviços adquiridos de modo a evitar a troca sucessiva
de itens sempre que algo novo surge no mercado ou entra na moda. Alguns
exemplos: ser cuidadoso no uso, usar os produtos até o final da sua vida útil,
consertá-los se quebrarem antes de pensar em comprar um novo, desligar
aparelhos eletrônicos quando não estão em uso e usar apenas a água necessária
nas diversas atividades domésticas.
6. Como descartar?
É o momento de se perguntar se o que se quer
descartar não tem mais nenhuma utilidade, seja para você ou para outras
pessoas. Caixas e embalagens podem se transformar em brinquedos para as
crianças, e roupas antigas com nova costura, móveis reformados e
eletrodomésticos consertados podem ser doados ou trocados. Quando realmente não
houver novos usos para o produto, deve-se descartar os resíduos de maneira
correta, buscando enviar o que for possível para a reciclagem. E sempre lembrar
que não existe “jogar fora”: o “fora” é o nosso planeta, onde todos vivemos.
Fonte:
Instituto Akatu