Um oásis é uma região, em meio ao deserto, com água e vegetação – um dos poucos lugares em que a sobrevivência do homem nas areias escaldantes é possível.
“Em todo o planeta, duas em cada mil pessoas – algo em torno de 15 milhões de habitantes – vivem em oásis. Em alguns deles, há mais de mil moradores por quilômetro quadrado”, diz o geógrafo Roberto Verdum, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em desertificação, para a revista Mundo Estranho.
Os tipos tradicionais de oásis aparecem em áreas escavadas pelo vento, onde o lençol d’água subterrâneo fica próximo do solo. Pelas fendas nas rochas, o líquido dos reservatórios encontra um caminho até a superfície, jorrando em fontes que hidratam homens e animais, fazem surgir uma faixa de palmeiras ao redor das lagoas e irrigam pequenas plantações.
Isso porque as impressionantes ventanias do deserto movem até 260 milhões de toneladas de areia por ano. Quando as tempestades de areia são fortes e constantes, a erosão provocada por elas deixa o lençol freático próximo da superfície. No norte da África, eles aparecem em depressões de até 100 metros abaixo do nível do mar.
Dependendo do tipo de rocha por onde passam os depósitos subterrâneos de água, o líquido pode chegar à superfície contendo sal. Por isso, em boa parte dos oásis a água precisa ser purificada antes de matar a sede. Outra curiosidade dessas fontes no deserto é que em algumas delas as comunidades povoam os lagos com peixes para variar a alimentação.
Contendo poucos minerais, os solos arenosos são pobres em nutrientes. A agricultura só é possível em solos de argila, capazes de reter mais água e material orgânico. Para garantir a colheita, os nômades costumam usar os excrementos de seus rebanhos como adubo.
A vida que se desenvolve nos oásis é matéria-prima para as casas dos povos nômades. Os tuaregues erguem suas zeribas com troncos de árvores e folhas de palmeiras. Já os beduínos preferem as tradicionais tendas, feitas de peles de cabra armadas em estacas
CONFIRA AGORA ALGUNS DO OÁSIS MAIS INTERESSANTES DO MUNDO
Algum ponto do Saara, África
O deserto do Saara é quase inimaginavelmente grande, atingindo uma faixa pouco abaixo do extremo norte da África que vai do Atlântico ao Oceano Índico, lambendo, ainda por cima, trechos do Mar Mediterrâneo.
São 9,4 milhões de quilômetros quadrados de areia avermelhada, montanhas e pedras, uma área maior do que a do Brasil. Mas ali a natureza operou o milagre de haver muitos oásis, como o da foto acima.
Oasis Ubari, Líbia
Os lagos de água salgada do oásis Ubari, no deserto do Saara, a algumas dezenas de quilômetros de Germa, na Líbia, são um ponto de comércio central para muitos moradores, que se reúnem nas bordas para vender artesanatos e outros bens.
Por falta dos necessários cuidados e excesso de utilização, a água dos lagos têm hoje níveis salinos similares aos do Mar Morto, em Israel. Mesmo assim, há verde por ali.
Oásis Garbroun, Líbia
Umm Al-Maa, que significa Mãe de Água, é um dos maiores lagos desse oásis, mas, infelizmente, como acontece em muitos outros oásis, o lençol freático fica a distância tão pequena do solo arenoso que ele está secando.
Oásis Huacachina, Peru
Huacachina é uma cidade-oásis na região do sudoeste de Ica, no Peru. Este oásis, chamado Oásis das Americas, é um resort popular entre as famílias locais e turistas.
Uma lenda diz que a a grande lagoa do oásis foi criada quando um caçador jovem e curioso perturbou o banho de uma princesa. Ela fugiu, deixando a banheira que deu origem à lagoa.
Oásis Turpan, China
Turpan, ou Tulufan, como também é conhecido, é uma cidade-oásis na região autônoma Uigur de Xinjiang, na China. Fica a apenas 8 quilômetros a oeste das ruínas de Jiaohe, cidade-guarnição de fronteira destruída pelo imperador e guerreiro mongol Genghis Khan (1162-1227).
Oásis Lago Crescente, China
O Lago Crescente, no deserto de Gobi, na China, fica à beira de uma antiga cidade que uma vez viu os comerciantes embarcarem em sua jornada ao longo da Rota da Seda para o Ocidente. Existente há milhares de anos, o lago está secando e perdeu 25 metros de profundidade nos últimos 30 anos, em parte devido ao aumento da população da área, que se serve de suas águas, e ao excesso de uso para irrigação.
Oásis no Deserto de Chebika, Tunísia
O belo Oásis Chebika, na Tunísia, é provavelmente aquele que muitas pessoas conhece sobre sem perceber. É onde foi filmado Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança. É oásis luxuriante, a ponto de ter até uma cachoeira de bom porte.
Oásis no Deserto de Nahal David, Israel
Nahal David, poucos quilômetros a oeste do Mar Morto, é o maior oásis de Israel, com 100 quilômetros quadrados. É um frequentado ponto turístico..
Oásis Tinerhir, Marrocos
Localizado no sopé das Montanhas Atlas, no Marrocos, este oásis deu origem à aldeia de Tinherhir.
Oásis Ghardaia, Argélia
Ghardaia é a principal cidade da região de M’Zab no norte da Argélia. Fundada no século XI junto a um oásis, o que era então uma aldeia no Deserto do Saara foi aos poucos sendo dotada por seus moradores de um engenhoso sistema de captação e distribuição subterrânea de água da chuva e dos rios temporários.
Hoje, o oásis ainda existe — e, adjacente, uma importante cidade de mais de 100 mil habitantes. Ghardaia oferece alguns belos exemplos de arquitetura árabe medieval original e é considerada pela Unesco como parte do Patrimônio Cultural da Humanidade.
Oásis Qatif, Arábia Saudita
Este castelo é parte de um oásis na costa ocidental do Golfo Pérsico, na Arábia Saudita, chamado Qatif. A cidade remonta a 3.500 aC e foi durante muitos anos a principal cidade e porto no Golfo ocidental, o que significava que era um local propício a invasões e aventuras militares ao longo dos tempos.
Isso resultou numa arquitetura que revela uma mistura eclética de estilos. A região possui alguns dos mais importantes sítios arqueológicos do país.
Oásis no deserto de Omã
Este oásis está escondido nas profundezas do deserto de Omã, onde uma série de oásis verdes marca a paisagem. Os oásis nesse canto da Península Arábica são hotspots para estudos botânicos em agro-biodiversidade, porque muitos dos mais antigos estão em rápido declínio. Os pesquisadores querem descobrir por quê.
(Texto sobre oásis publicado na Revista Mundo Estranho, por Rodrigo Ratier)
(Texto sobre oásis publicado na Revista Mundo Estranho, por Rodrigo Ratier)