As emissões de carbono provenientes do desmatamento variam grandemente dependendo se os estoques de lenha são transformados em produtos de madeira, convertidos em matérias-primas bioenergéticas ou queimados de imediato, relata um novo estudo publicado na Nature Climate Change.
A pesquisa observou o uso florestal em 169 países. Descobriu que as pessoas que extraem as árvores em países temperados normalmente convertem as florestas em produtos de madeira que armazenam carbono por gerações, enquanto os extratores nos trópicos são mais propensos a derrubar as florestas para produção de energia ou papel, produtos de vida curta que liberam carbono mais imediatamente. Além disso, uma proporção significativa das florestas tropicais são queimadas para uso agrícola.
“O carbono armazenado nas florestas fora da Europa, EUA e Canadá, por exemplo, nos climas tropicais como o Brasil e a Indonésia, será quase todo perdido logo após a derrubada das árvores”, escreveram os autores. “Em 90 países, menos de 5% do carbono permanece depois de 30 anos, enquanto 34 países têm mais de 25% em estoque.”
Os autores citaram exemplos representativos da Alemanha, Estados Unidos, Brasil e Indonésia. Na Alemanha e nos EUA, menos da metade da biomassa de florestas é queimada imediatamente depois da colheita, enquanto mais de um quarto acaba em produtos de madeira duráveis. Na Indonésia e no Brasil, apenas uma pequena fração do carbono florestal acaba sendo armazenada em produtos de madeira.
“A Alemanha e os Estados Unidos representam países nos quais o carbono armazenado em produtos de madeira pode reduzir substancialmente os efeitos dos GEEs da derrubada de florestas, especialmente em horizontes de tempo mais curtos”, escreveram eles.
“[O Brasil e a Indonésia] têm grandes estoques iniciais de biomassa devido às suas densas florestas tropicais. A derrubada libera rapidamente esse carbono para a atmosfera, já que a maior parte da madeira ou não é comercializável ou é usada como combustível. Os produtos da floresta capazes de armazenar [carbono] por um tempo maior representam uma fração muito pequena do total de carbono de biomassa nesses países.”
“Consequentemente, os efeitos dos GEEs devido ao desmatamento das florestas em países como a Indonésia e o Brasil serão pouco controlados pelo armazenamento de biomassa em produtos de madeira em longo prazo.”
A pesquisa é significativa porque pode ajudar a refinar os modelos usados para determinar as emissões oriundas do desmatamento.
“Descobrimos que 30 anos após a derrubada de uma floresta, entre zero e 62% do carbono daquela floresta pode continuar armazenado”, disse o principal autor, J. Mason Earles, pesquisador do Instituto de Estudos de Transporte UC Davis, em uma declaração. “Modelos anteriores geralmente assumiam que o carbono era todo liberado imediatamente.”
“Esperamos que a pesquisa dê aos modelos climáticos alguns dados concretos sobre fatores de emissões que possam ser usados.”
Traduzido por Jéssica Lipinski
Fonte: www.institutocarbonobrasil.org.br
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