A organização não governamental The Nature Conservancy (TNC) acaba de publicar um relatório em que reconhece os diversos esforços do Brasil para tornar a produção de soja cada vez mais responsável e sustentável. A publicação, intitulada “Soja: boas práticas agrícolas e certificação socioambiental – A caminho da Sustentabilidade” lista 35 iniciativas e projetos que devem servir de exemplo, e a maioria deles vem do Brasil.
Ao ressaltar a importância desses mecanismos, o documento da TNC reconhece que “o Brasil vem demonstrando uma forte preocupação para que a expansão do mercado de commodities agrícolas, em especial o da soja, aconteça de forma responsável e conforme as leis nacionais”.
Entre os diversos projetos brasileiros citados pela ONG estão iniciativas de entidades de produtores, de indústrias e de governos. A Moratória da Soja ganhou destaque entre os compromissos e acordos em prol da soja sustentável, enquanto projetos da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja), da Amaggi, da Bunge, da Cargill e as iniciativas coletivas Soja Plus e Soja Mais Verde foram casos estudados entre os programas de boas práticas agrícolas.
As iniciativas foram divididas em cinco categorias: mecanismos financeiros condicionados a padrões de sustentabilidade; programas de boas práticas agrícolas; compromissos e acordos; esquemas de certificação socioambiental; e o cadastro ambiental rural.
Para a TNC, “o futuro da produção da soja no Brasil e no mundo seguirá diretrizes padronizadas nas esferas econômica, social e ambiental”, com grande relevância da iniciativa privada no processo. “Padrões de certificação, bem como acordos e programas de boas práticas adotados individualmente por empresas e fornecedores, ou por um conjunto de entidades, serão a mola propulsora desta caminhada rumo à excelência socioambiental da produção agrícola”, afirma o documento.
Por isso mereceram tanto destaque as iniciativas de empresas e de grupos de parceiros ligados à produção de soja no Brasil. No caso do programa Soja Plus, por exemplo, a TNC ressalta o fato de o projeto ser organizado por entidades da indústria e dos produtores, que buscam outros setores da sociedade para disseminar um sistema de gestão econômica, social e ambiental na produção de soja.
Surgido no Mato Grosso, o projeto já atingiu mais de 4,6 mil produtores e agora está sendo estendido para Bahia, Paraná e Minas Gerais. O projeto é coordenado pela Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), pela Aprosoja, pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), pelo Instituto para o Agronegócio Responsável (Ares) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
Como exemplo de iniciativa envolvendo o poder público, a TNC escolheu um projeto do qual a própria ONG é parceira, o Soja Mais Verde. Também fazem parte do trabalho o governo do Estado de Mato Grosso, a Aprosoja e prefeituras municipais. O objetivo é cadastrar, mapear e regularizar a situação ambiental das propriedades, com apoio técnico aos produtores para, por exemplo, recompor áreas de preservação permanente (APPs) que haviam sido convertidas em lavouras de soja.
Já entre os compromissos e acordos para a soja sustentável, o relatório destaca a Moratória da Soja, assinada em 2006. O compromisso das empresas associadas à Abiove é de não comprar soja de produtores do bioma amazônico que desmataram áreas após 2005. O acordo é com o Ministério do Meio Ambiente, o Banco do Brasil e diversas entidades da sociedade civil: Conservação Internacional, Ipam, TNC, Greenpeace e WWF-Brasil.
Fonte: JMA-Jornal Meio Ambiente