Um projeto
pioneiro lançado hoje em Votorantim (SP) prevê a coleta e transformação dos
restos de cigarros em adubo orgânico. O trabalho envolve a prefeitura e
empresas de reciclagem. A Poiato Recicla, uma das parceiras, desenvolveu
coletores de pontas de cigarro que serão colocados em locais estratégicos da
cidade de 120 mil habitantes, como a entrada de bancos, restaurantes e prédios
públicos.
O material
será recolhido regularmente e encaminhado para outra parceira, a Conspizza, de
Uberlândia (MG), que o submeterá a um processo de compostagem. Após a retirada
dos metais pesados e outros componentes agressivos, os restos de cigarro serão
misturados a um composto orgânico e resíduos vegetais.
Desde que
a lei antifumo, em 2009, proibiu o cigarro em recintos fechados, as prefeituras
paulistas constataram um aumento no volume de pontas lançadas nas ruas. O
material servirá de adubo para plantas em projetos de recuperação ambiental.
"A lei limpou o ar, agora vamos limpar o chão e o resto do ambiente",
disse o prefeito Carlos Pivetta (PT).
A
prefeitura fará campanha para incentivar o uso do coletor. O sócio da Poiato,
Marcos Poiato, disse que o projeto foi trazido de Londres por um médico. A
empresa pretende estender a iniciativa a outras cidades. "Fizemos contatos
com 37 prefeituras e muitas se interessaram", disse. De acordo com o
empresário, embora pareça inofensiva, a ponta de cigarro traz sérios problemas
ambientais. "Está comprovado que 20 bitucas num manancial geram poluição
equivalente a de um litro de esgoto".
Votorantim
vai bancar parte do custo com a coleta e a destinação do material, mas espera
fazer parcerias para dividir a despesa. De acordo com o prefeito, pesquisas
apontam que os restos de cigarro representam quase um terço do lixo lançado nas
ruas e calçadas. O Brasil produz, anualmente, 140 bilhões de cigarros e cada
bituca leva, em média, dois anos para se decompor na natureza.
Autor: José Maria Tomazela - Agência Estado
Site: estadao.com.br