Por: Reuters
Nas últimas duas décadas os sinais vitais da Terra continuaram a se deteriorar, desde o desmatamento das florestas, a pesca excessiva, a poluição do ar e da água até o clima caótico e as crescentes emissões de gases causadores de efeito estufa, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU). O estudo Panorama Ambiental Global 5 (GEO-5), divulgado hoje (6), constatou que das 90 metas e objetivos ambientais de referência, só houve progresso significativo em quatro.
Mas o relatório afirmou que há esperança e ainda é possível obter crescimento econômico favorável ao meio ambiente, apesar dos desafios da população humana crescente, expansão da urbanização e o apetite insaciável por alimentos e recursos.
A seguir estão algumas das principais conclusões do relatório GEO-5, o quinto levantamento da saúde ambiental global feita pela ONU desde 1997, e compilada por mais de 600 especialistas.
A divulgação do relatório acontece duas semanas antes da maior cúpula do mundo sobre o meio ambiente em anos, no Rio de Janeiro, e 20 anos após o importante encontro do Rio em que três tratados ambientais da ONU foram adotados, incluindo o Protocolo de Kyoto.
Metas verdes
O relatório GEO-5 disse que foi feito progresso significativo para eliminar a produção e utilização de produtos químicos que destroem a camada de ozônio, remoção do chumbo dos combustíveis, aumento do acesso a fontes melhoradas de água e mais pesquisas para reduzir a poluição do ambiente marinho.
A redução dos riscos de saúde alcançada pela eliminação progressiva dos combustíveis à base de chumbo tem benefícios econômicos estimados em 2,45 trilhões por ano, ou aproximadamente 4% do PIB global.
Algum progresso foi demonstrado em 40 metas, incluindo a expansão de áreas protegidas, como parques nacionais, enquanto pouco ou nenhum progresso foi detectado em 24 delas -incluindo as alterações climáticas, estoques de peixes e desertificação e seca.Oito objetivos mostraram mais deterioração, incluindo a situação dos recifes de coral do mundo.
Situação do planeta
De acordo com os modelos atuais, as emissões de gases de efeito estufa podem dobrar nos próximos 50 anos, levando a um aumento na temperatura global de 3 graus Celsius ou mais até o final do século. Perdas na agricultura, danos de eventos climáticos extremos e os maiores custos de saúde vão reduzir o PIB global.
A região da Ásia-Pacífico vai contribuir com cerca de 45 por cento das emissões de CO2 globais relacionadas à energia até 2030 e por volta de 60 por cento das emissões globais até 2100, num cenário normal.
China, Índia e Coreia do Sul estão promovendo energia renovável e eficiência energética e concordaram com metas voluntárias de redução de emissões, em uma virada positiva em relação a uma energia mais verde.
Cerca de 20 por cento das espécies de vertebrados estão ameaçadas. O risco de extinção está aumentando mais rápido para os corais do que para qualquer outro grupo de organismos vivos, com a condição dos recifes de coral declinando 38 por cento desde 1980. Contração rápida é projetada até 2050.
Os estoques de peixes diminuíram a uma taxa sem precedentes nas últimas duas décadas. A pesca mais do que quadruplicou desde os anos 1950 a meados dos anos 1990 e se estabilizou ou diminuiu desde então.
Mais de 600 milhões de pessoas devem ficar sem acesso a água potável até 2015, enquanto mais de 2,5 bilhões de pessoas não terão acesso a saneamento básico.
Desde 2000, os reservatórios de água subterrânea se deterioraram ainda mais, enquanto o uso mundial de água triplicou nos últimos 50 anos.
O relatório identificou o oeste da Ásia entre as regiões de maior preocupação com escassez de água e uso eficiente da água. Mesmo com a demanda por água crescendo, os recursos hídricos renováveis per capita na região irão diminuir em mais da metade até 2025, sugerindo que mais usinas de dessalinização que usam muita energia serão necessárias.
O número de zonas costeiras mortas aumentou dramaticamente nos últimos anos. Das 169 zonas costeiras mortas no mundo todo, apenas 13 estão se recuperando.
A perda anual de florestas caiu de 16 milhões de hectares na década de 1990 para cerca de 13 milhões de hectares entre 2000 e 2010. É o equivalente a uma área do tamanho da Inglaterra sendo derrubada anualmente.
Europa e América do Norte estão consumindo os recursos do planeta a níveis insustentáveis.
O consumo também aumentou na região da Ásia-Pacífico, que ultrapassou o restante do mundo para se tornar o maior usuário único dos recursos naturais. Um estudo separado da ONU descobriu que o consumo de materiais na região mais que dobrou de 17,4 bilhões de toneladas em 1992 para mais de 37 bilhões de toneladas em 2008.
Recomendações
O relatório disse que há necessidade de metas claras, de longo prazo para o desenvolvimento e o meio ambiente e de uma responsabilidade mais forte nos acordos internacionais.
Há também uma necessidade de mais programas que coloquem valor sobre os ecossistemas e os serviços que eles fornecem às economias, como o ar fresco das florestas, bacias hidrográficas de rios e proteção de tempestade dos manguezais. As nações também devem incorporar o valor das florestas, rios, deltas e outros ecossistemas nas contas nacionais, colocando, assim, um preço na natureza.
Uma melhora no cumprimento e reforço das medidas, incluindo tribunais ambientais, também é necessária, juntamente com a gestão da poluição marinha regional e melhor coleta de dados sobre poluição da água e melhores ferramentas de gerenciamento de água. © 2012 Thomson Reuters. All rights reserved
Fonte: rede Brasil Atual