MMA apresenta análise sobre consumo sustentável


Estudo realizado em diversas capitais do país revela que brasileiro mostra preocupação com meio ambiente, mas ainda faz pouco; pesquisa também focou na importância da mulher para o desenvolvimento sustentável.



O Ministério do Meio Ambiente (MMA) disponibilizou nesta semana a íntegra da análise realizada para traçar o perfil dos hábitos de consumo dos brasileiros, enfatizando a visão sobre o meio ambiente e o consumo sustentável. Esta edição do estudo também focou na influência das mulheres sobre o consumo atual e futuro.

A pesquisa, intitulada “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável - Mulheres e tendências atuais e futuras de consumo no Brasil”, se baseia em descobertas de análises anteriores que mostram que as mulheres são as principais responsáveis pelas decisões de compra nas famílias ou individualmente, além de serem propagadoras de novos comportamentos nas comunidades.
“As pesquisas sobre a nova classe média brasileira indicam que a mulher tem centralidade e é determinante nas decisões de consumo. Não dá para falar de centralidade, de meio ambiente ou de inclusão socioambiental sem ter uma agenda robusta com as mulheres, que tem protagonismo em cuidar da família com a melhor alimentação, por exemplo. É impossível discutir sustentabilidade sem ter agenda do gênero”, disse Izabella Teixeira, ministra do MMA.
“É importante levar para a mulher o tema da sustentabilidade por meio de campanhas educativas, mostrando de que forma ela pode ser sustentável, para que ela leve as práticas que estão sendo incentivadas para dentro de casa”, acrescentou Camila Valverde, do Walmart, um dos parceiros da análise junto com a Pepsico e a Unilever.
O estudo qualitativo focou na relação entre consumo de massa e a sustentabilidade, com o objetivo de subsidiar a estratégia de programas educacionais sobre consumo consciente e responsável. De acordo com a pesquisa, o consumo exagerado e impulsivo está diretamente ligado ao padrão televisivo e às campanhas publicitárias.
“A pesquisa mostra que é possível influenciar o consumo a partir das mulheres. E ninguém está falando para que deixem de consumir, mas para consumir melhor, sem armadilhas do marketing do asterisco. Outro ponto é que tem um campo enorme para trabalhar a questão dos negócios sustentáveis tendo a mulher em destaque”, comentou Izabella.
“As consumidoras estão numa fase de formação de gosto. Agora é a hora de incutir valores de sustentabilidade, orientá-las a escolher com consciência na hora de comprar. Se quisermos mudar os padrões de consumo, temos que trazer as mulheres para o nosso lado”, concordou Samyra Crespo, secretária de Articulação e Cidadania Ambiental.
Muita preocupação, pouca ação
outra parte da análise apresentou os resultados de estudos realizados em 11 capitais brasileiras (Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) sobre os hábitos de consumo dos brasileiros e sua visão sobre o meio ambiente e o consumo sustentável.
A pesquisa mostra que o brasileiro tem preocupação com o meio ambiente, mas ainda faz pouco em relação a um consumo mais sustentável. A análise descobriu também que o brasileiro ainda não se sente muito confortável para falar sobre o meio ambiente, e, embora 26% se sintam muito bem ou bem informados para falar sobre o assunto, 52% se sentem mais ou menos informados, e 22% se sentem mal ou muito mal informados.
As principais fontes de informação sobre o assunto são TVs e rádios (65%), escolas, (29%), governo e políticos (25%), revistas e jornais (25%), internet (19%), comunidades de bairro (19%), empresas em geral (9%) e ONGs (9%).
Os brasileiros entrevistados elegeram as escolas (24%) como a organização mais importante na educação ambiental, mas igrejas (19%), comunidades (15%), ONGs (13%), governos, governantes e políticos (12%), supermercados (11%) e empresas em geral (5%) também devem ter esse papel. Como principal problema urbano, o meio ambiente ficou em 3º lugar com 13%, atrás de saúde e hospitais (30%) e violência e criminalidade (24%).
Em relação aos maiores problemas ambientais urbanos, a maior parte dos entrevistados (39%) acredita que o mais grave seja a limpeza pública. E quando se trata de resolver tais problemas, a prefeitura da cidade aparece como maior responsável (40%), seguida pelo governo estadual (21%), os próprios cidadãos (13%), a associação de moradores (9%), o governo federal (5%), os partidos políticos (5%), organizações ecológicas (3%) e empresários locais (2%).
Para resolver os problemas por si próprios, a maioria diz que está disposta a assinar abaixo-assinados (80%), participar de reuniões de moradores (73%) e participar de mutirões e grupos de trabalho (59%). A grande maioria (71%) afirma não conhecer nenhuma organização que protege o meio ambiente, e apenas 1% dos entrevistados são afiliados a alguma instituição deste tipo.
Com relação à preocupação com o meio ambiente, apenas 20% concordam total ou parcialmente que a preocupação com o meio ambiente no Brasil é exagerada, e 88% acham que o atual desperdício de água prejudicará o consumo desta no futuro. 60% discordam total ou parcialmente de que a ciência poderá resolver todos os problemas ambientais, e 73% creem que o governo deveria dar incentivos para que as famílias limitassem o número de filhos.
No quesito do falso dilema entre ecologia e economia, 58% concordam total ou parcialmente que o meio ambiente deve ter prioridade sobre o crescimento econômico, e 59% creem total ou parcialmente que apenas com grandes mudanças nos hábitos de compras, transporte e alimentação poderemos evitar problemas futuros.
Em relação à disposição dos entrevistados com seu consumo e descarte de resíduos, 66% separariam seu lixo domestico para facilitar a reciclagem, 63% eliminariam o desperdício de água, 46% reduziriam o consumo residencial de eletricidade, 40% não usariam sacolas plásticas, 18% participariam de boicotes a produtos que poluem o meio ambiente, 15% reduziriam o consumo de gás em casa, 15% participariam de mutirões de reflorestamento ou limpeza de rios, 12% pagariam impostos para despoluir rios, 9% pagariam mais caro por produtos sem aditivos químicos, 8% contribuiriam para organizações ambientais e 7% comprariam eletrodomésticos mais caros que consumissem menos energia.
As disposições, no entanto, nem sempre refletem os hábitos de um consumo mais sustentável. Embora 77% afirmem utilizar lâmpadas que gastam menos energia, 61% comprem eletrodomésticos que gastem menos energia e 53% comprem produtos que venham em embalagens recicláveis, apenas 23% compram carne sem hormônio ou ração industrializada, 27% compram produtos de material reciclado, 90% ainda usam sacolas plásticas e apenas 47% separam o lixo molhado do lixo seco.
A análise mostra também que 70% dos entrevistados ainda jogam pilhas e baterias no lixo doméstico, 66% descartam remédios no lixo residencial, 33% jogam tintas e solventes no lixo de casa e 39% descartam óleo usado na pia da cozinha em vez de depositarem estes resíduos em locais apropriados.
Além disso, nos 12 meses anteriores à pesquisa, apenas 45% evitaram jogar produtos tóxicos ou que agridam o meio ambiente no lixo comum, 41% consertaram algum produto quebrado para prolongar sua vida útil, 27% compraram algum produto orgânico, 22% diminuíram o consumo de carne, 19% evitaram consumir alimentos assumidamente baseados em transgênicos, 17% pararam de comprar algo por acreditar que fazia mal ao meio ambiente e 13% procuraram reduzir o uso do automóvel.
Apesar disso, algumas iniciativas de consumo sustentável existentes parecem agradar à população. 60% declararam ser a favor das leis que proíbem a distribuição de sacolas plásticas, e 17% são indiferentes, sendo 23% contrários. A maioria dos entrevistados (74%) também disse que fica mais motivada com produtos de menor impacto ambiental, 23% são indiferentes e 3% ficam menos motivados.
Apesar de o brasileiro ainda não mostrar um papel muito ativo no consumo sustentável e na preservação ambiental, Izabella Teixeira e Samyra Crespo lembraram que a pesquisa tem um papel importante não só para revelar os hábitos de consumo da população, mas para ajudar a criar estratégias para mudar o que é necessário.
“Não só temos que lidar com o aumento real, de volume, em todos os itens que as populações consomem no Brasil e no mundo, como temos que produzir tecnologias para o descarte e reciclagem”, observou a ministra.
“Nesta pesquisa, buscamos elos entre sustentabilidade e consumo para poder promover, no Brasil, políticas robustas e eficazes de consumo consciente e responsável no Brasil”, concluiu a secretária. Fonte: Instituto Carbono

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