Baixa coleta limita produção de biodiesel a partir do óleo de cozinha


Embora o óleo de cozinha usado possua a nobre possibilidade de se tornar biocombustível, a ausência de coleta e armazenamento em escala industrial limita a produção de biodiesel derivado do óleo descartado. A constatação, obtida na pesquisa do economista Carlos Augusto Botelho, pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP, mostra que ainda são necessárias mudanças no processo de produção do biocombustível para viabilizar e ampliar o aproveitamento do óleo.
Durante a fritura, os óleos elevam o seu nível de acidez, por vezes inviabilizando a produção de biodiesel pelo processo convencional
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de janeiro a agosto de 2012, cerca de 0,6% do biodiesel produzido no Brasil foi proveniente de óleos residuais, volume que equivale a aproximadamente 10,2 milhões de litros de combustível, de acordo com a Agência USP.
Apesar das iniciativas crescentes no Brasil, a viabilização da produção de biodiesel a partir de óleos residuais de fritura em escala industrial requer uma escala muito maior de coleta. “Isso exige maior coordenação e tecnificação das atividades relacionadas à logística de coleta e armazenamento dos óleos descartados, que ainda é muito incipiente no País”, observa Botelho.
Produção
O processo de produção convencional de biodiesel utiliza catalisadores alcalinos, o que requer que óleos ou gorduras utilizados tenham baixos níveis de acidez. “Caso contrário, haverá a formação excessiva de sabões, prejudicando o rendimento e até mesmo a viabilidade do processo”, explica o pesquisador.
Durante a fritura, os óleos e gorduras passam por um processo de degradação que eleva o seu nível de acidez, por vezes inviabilizando a produção de biodiesel pelo processo convencional. “Nesses casos, o óleo residual deve ser submetido a uma etapa de pré-tratamento para reduzir o seu nível de acidez, e depois, pode ser submetido ao processo convencional de produção de biodiesel”, afirma Botelho.
Os óleos residuais de fritura são uma matéria-prima heterogênea, com diversos compostos químicos produzidos pela degradação do óleo e uma série de contaminantes, que podem comprometer a viabilidade do processo de produção e a qualidade do biodiesel produzido. “Existem estabelecimentos que utilizam óleo para fritar os mais diversos tipos de alimentos e que reutilizam o mesmo óleo por diversas vezes sem monitorar o seu estado de degradação”, ressalta o pesquisador, explicando que nestes casos a qualidade do biodiesel pode ser comprometida.
Segundo ele, existem catalisadores e processos alternativos que convertem os óleos residuais com alta acidez em biodiesel, mas estes são pouco utilizados na indústria. “Há também a opção de adicionar pequenas quantidades de óleos residuais aos óleos virgens utilizados pelas usinas, de modo que a qualidade final do óleo como um todo não seja comprometida para o uso no processo convencional”, acrescenta. Fonte: EcoD

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