O Projeto Corredor de Conservação Chocó-Darién se tornou na semana passada a primeira iniciativa de REDD+ certificada pelo Verified Carbon Standard (VCS) da Colômbia e o primeiro do mundo a receber créditos de carbono florestal pela conservação em terras coletivas.
A iniciativa colombiana, que compreende 13.465 hectares, deve evitar a emissão de 2,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono para a atmosfera nos próximos 30 anos. A região, que antes era palco de conflitos violentos, desmatamento ilegal e mineração e enfrentava a migração de seus residentes, teve sua paz relativamente restaurada, e, através do projeto, visa gerar renda para as famílias locais através da preservação de suas florestas e biodiversidade.
“Essa conquista demonstra que proprietários de terras afrodescendentes e indígenas podem ter um papel central na proteção das florestas tropicais e na prevenção das mudanças climáticas”, comentou Brodie Ferguson, fundador e diretor de gestão do Anthrotect, empresa que desenvolveu o projeto.
“Pela primeira vez, comunidades dependentes de florestas em Chocó estão gerando renda a partir dos mercados de carbono enquanto preservam suas formas tradicionais de vida”, acrescentou Ferguson.
Entre as atividades da iniciativa, estão incluídos o aumento da sensibilização para a identidade e os direitos coletivos, a resolução de disputas de terra, o planejamento de uso da terra participativo e alternativas econômicas sustentáveis.
Auxiliados por um sistema de sensoriamento remoto, as comunidades também monitorarão a biomassa florestal e o habitat da vida selvagem. Além de gerarem as atividades e terem um papel na gestão do projeto, os habitantes locais também receberão pelo menos 50% dos lucros com a venda de créditos de carbono da iniciativa.
No início do ano, o projeto também havia recebido a validação Nível Ouro do padrão Clima, Comunidade e Biodiversidade (CCB). A certificação do projeto vem em um momento em que muitas iniciativas de REDD+ estão enfrentando dificuldades devido à incerteza do mercado e aos desafios na obtenção de certificações, já que muitas delas criaram conflitos com as comunidades locais por serem acusadas de não cumprir suas promessas de desenvolvimento social e proteção ambiental.
“Nosso modelo de negócios atende às necessidades fundamentais das pessoas e seus ecossistemas. Produzir dividendos de conservação e financeiros duráveis é um ponto de partida para um novo tipo de prosperidade – um que pode suportar gerações”, concluiu Emily Roynestad, diretora de desenvolvimento de negócios do Anthrotect.
Imagem: Chocó-Darién / Wikimedia Commons