Indústrias australianas estariam lucrando com taxa sobre carbono

No mesmo dia em que a China anunciou que adotará uma taxa sobre o carbono, surgiu a denúncia de que a ferramenta está servindo na Austrália como uma nova modalidade de lucro para as indústrias poluentes, em especial para as termoelétricas a carvão.


A acusação é feita por um estudo divulgado nesta quarta-feira (20), produzido pela consultoria CME a pedido da entidade ambiental Environment Victoria. Segundo o trabalho, as companhias de eletricidade estão passando 100% do custo da taxa para os consumidores e, apesar disso, ainda recebem AU$ 1bilhão em compensações.

O estudo calcula que caso o governo não acabe com a compensação, as empresas geradoras de energia receberão entre AU$ 2,3 bilhões a AU$ 5,4 bilhões nos próximos quatro anos.

“O pacote que criou o preço sobre o carbono é uma reforma importante e necessária que já está reduzindo as emissões do setor elétrico, mas será terrível para os consumidores e para o meio ambiente se as usinas mais poluidoras, como Hazelwood, ficarem lucrando com as compensações. Dada essa realidade, é de suma importância que o governo reavalie as compensações feitas pelo Fundo de Segurança Energética o quanto antes”, afirmou Mark Wakeham, diretor de campanhas da Environment Victoria.
O estudo cita números do Operador do Mercado de Energia da Austrália para justificar seus cálculos. De acordo com o órgão, o custo da energia no país subiu em média AUS$21 por MWh desde que a taxa sobre o carbono, que é de AU$23, foi adotada.

“O professor Ross Garnaut [autor do aclamado estudo Garnaut Climate Change Review, no qual recomenda medidas econômicas de longo prazo para lidar com os impactos das mudanças climáticas na Austrália] e outros já alertavam que o pagamento de compensação era desnecessário. Os dados que levantamos parecem confirmar essa visão”, declarou Bruce Mountain, especialista da CME e principal autor do novo estudo.

O governo australiano já respondeu as críticas e afirmou que as acusações são infundadas e destacou que as emissões caíram 7,6 milhões de toneladas desde que a taxa sobre o carbono entrou em vigor. Além disso, argumentou que a medida existe há apenas seis meses, um período muito curto para fazer uma análise como o novo estudo alega ter feito.

A taxa sobre o carbono começou a ser cobrada em julho e obriga 294 companhias, as maiores emissoras australianas de gases do efeito estufa, a pagar R$ 47,58 (A$23) pela tonelada métrica de dióxido de carbono (CO2). A taxa é o primeiro passo para a criação de um mercado de carbono, que deve ser formado em 2015.

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