Publicidade
São Paulo - As mulheres mudaram, mas muitas vezes as marcas parecem não saber. Não é preciso ir longe, em busca de campanhas antigas e empoeiradas: nos últimos anos (ou até meses) muitos anunciantes entraram na mira dos consumidores por apresentar uma visão restrita ou depreciativa da mulher.
Confira nas imagens exemplos de anúncios que tropeçaram nos assuntos de gênero (e despertaram a ira do público), e outros que conseguiram acrescentar originalidade ao tema.
Em 2008, uma campanha contra o estupro na cidade americana de Milwaukee deu o que falar. Meninas tiveram seus rostos mesclado com corpos de mulheres em trajes sensuais através de Photoshop. O pretexto era denunciar que mesmo crianças com corpo desenvolvido não têm maturidade para o sexo. A imagem foi considerada ofensiva e de mau gosto, além de incitar o erotismo infantil, e logo foi banida.
A Costurella, uma loja de tecidos em Maceió, Alagoas, provocou revolta nas redes sociais esta semana ao usar o caso Eliza Samudio como “homenagem” ao Dia da Mulher. Em imagem publicada em seu perfil no Facebook no dia 6 de março, a loja Costurella dizia: "As mulheres dizem que Cristiano Ronaldo e Kaká são lindos de morrer, elas precisam conhecer o goleiro Bruno: ele é de matar". A mensagem causou revolta e fez com que a loja publicasse um pedido de desculpas na página. O incidente foi classificado como brincadeira pelo estabelecimento, que tirou a peça do ar.
Em setembro de 2012, a marca de preservativos Prudence divulgou em sua fanpage o anúncio "Dieta do Sexo". A peça, em formato de tabela, comparava os gastos calóricos de atividades sexuais. Um item causou a indignação dos usuários da rede - e gerou mais de mil denúncias no Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária): “tirar a roupa de uma mulher queima 10 calorias, enquanto fazer o mesmo sem o consentimento da parceira consome 190 calorias”. Muitos consumidores entenderam o trecho do anúncio como um estímulo à violência sexual, e a peça foi suspensa em decisão unânime do Conar.
Mais um caso de anúncio banido por forte insinuação sexual: em 2009, o anúncio do Burger King foi acusado de sexismo pela imagem mais do que sugestiva. Criada para promover um sanduíche de quase 20 centímetros, a peça que deixa pouco à imaginação ainda arremata: “Mate o seu desejo por algo longo, suculento e grelhado”. Diante da repercussão negativa, a agência responsável suspendeu o anúncio.
Para chamar a atenção para o problema da violência contra as mulheres, a campanha do Banco Mundial “Homem de Verdade Não Bate em Mulher”, lançada em 1º de março deste ano, e teve a adesão de dez brasileiros famosos, entre eles os atores Cauã Reymond, Gabriel Braga Nunes e Thiago Fragoso. Os anúncios foram lançados no site oficial do Banco Mundial no Brasil, com o convite para que os internautas se engajem através das mídias sociais.
Para protestar contra a falta de presença feminina expressiva no fórum econômico de Davos em 2012, o Itinerant Museum Of Art fez um painel que reverte o jogo: privilegia as mulheres no poder e deixa os homens à margem. Sob o slogan “Gender Equality? Reverse reality” (ou "Igualdade de gênero? Realidade reversa", em tradução livre), o pôster em estilo pop-art fez retratos em cores vibrantes da presidente Dilma Rousseff, Hillary Clinton, Angela Merkel, Christine Lagarde, Ariana Huffington e outras mulheres no poder e que não necessariamente estavam no evento.
A ideia foi considerada radical por alguns - usar mulheres "reais" com curvas reais em vez de modelos em propagandas de produtos de beleza. A Campanha pela Real Beleza, da Dove, foi lançada em 2004, e surpreendeu - com reação também nas vendas da marca. A estratégia incorporou-se à identidadade do produto, que transformou os anúncios em campanha permanente desde então: a última ação, divulgada no dia 5 de março, mirou diretamente diretores de arte e designers responsáveis por retocar imagens femininas no Photoshop.
Fonte: Exame