Índice mede acessibilidade dos aeroportos brasileiros

O maior valor encontrado foi de 0,63 (em uma escala de zero a um), no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. | Foto: Infraero
Na escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, pesquisa da engenheira Ligia Gesteira Coelho elaborou um índice de acessibilidade de aeroportos brasileiros com o objetivo de apontar os aspectos a serem melhorados em cada um deles. O maior valor encontrado foi de 0,63 (em uma escala de zero a um), no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Já os aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Juscelino Kubitschek, em Brasília, apresentaram valores muito próximos e obtiveram os piores resultados dentre os seis aeroportos analisados, 0,469 e 0,472, respectivamente. Segundo a pesquisadora, o resultado evidencia o despreparo dos aeroportos e a necessidade de melhorias para receber os passageiros.


Com o título “Um índice de acessibilidade de aeroportos que incorpora usuários com diferentes restrições de mobilidade”, o estudo foi aplicado em seis aeroportos onde o movimento de passageiros é expressivo: Congonhas, Guarulhos e Viracopos, em São Paulo, no Rio de Janeiro, Galeão e Santos Dumont, e em Brasília, Juscelino Kubitschek. Orientado pelo professor Antônio Nélson Rodrigues da Silva, do Departamento de Engenharia de Transportes da EESC, o estudo apresenta não apenas estratégias de diagnóstico, mas sugere também caminhos para ações preventivas e corretivas.


Para o levantamento foram considerados vários grupos de usuários: deficientes visuais, cadeirantes, estrangeiros, gestantes, idosos e passageiros com e sem bagagens. Os indicadores de acessibilidade foram avaliados por intermédio de pesquisas e levantamentos de campo e receberam notas de acordo com o seu desempenho.  “A comparação entre os indicadores analisados de cada aeroporto pode servir como um guia para melhorar as condições desses e de outros aeroportos, pois ainda há uma grande precariedade neles”, diz Lígia.

O método para a criação do índice foi desenvolvido em três etapas. Inicialmente a engenheira fez um levantamento do “estado da arte”, por meio do qual, uma série de indicadores foi listada, como por exemplo, o tempo para chegar ao aeroporto, custo, quantidade de vagas no estacionamento, sinalização, atendimentos, entre outros. Os indicadores surgiram por uma identificação de problemas que os passageiros com diferentes perfis podem enfrentar ao acessar o aeroporto e foram classificados em seis grandes grupos: táxi, carona, automóvel próprio, aluguel de automóvel, ônibus regional e ônibus especial.

Após o levantamento, os indicadores foram avaliados por intermédio de pesquisas e levantamentos de campo nos aeroportos estudados, e receberam notas de acordo com seu desempenho. Então, os indicadores foram ponderados e a nota final da acessibilidade dos aeroportos foi calculada. Os resultados obtidos para o Índice de Acessibilidade classificam-se entre os valores zero (0,00) e um (1,00). Os valores próximos a “zero” indicam um desempenho ruim do aeroporto em relação à acessibilidade do usuário. Já os valores próximos a “um” mostram que o aeroporto apresenta boas condições para receber os diversos perfis de usuários considerados.

Resultados
Os valores globais do índice para os seis aeroportos estudados, obtidos pelo processo de cálculo dos indicadores, apresentaram resultados com uma amplitude de 0,16 (variação de 0,47 até 0,63) na escala de avaliação do índice, que tem amplitude total de 1,00. Apesar deste máximo, o aeroporto Santos Dumont foi o que obteve a maior pontuação, com valor de 0,63. Segundo a pesquisadora esse valor mostra que vários aspectos ainda podem ser melhorados para se obter uma melhor pontuação e, consequentemente, melhores resultados em termos de acessibilidade ao aeroporto.

Os aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Juscelino Kubitscheck, em Brasília, apresentaram valores muito próximos e obtiveram os piores resultados dentre os seis aeroportos analisados, ambos com aproximadamente 0,47. Além do resultado global, o estudo apresentou um resultado por tipos de usuários, também avaliado em uma escala de 0,00 a 1,00. Para os passageiros com e sem bagagem os índices encontrados são praticamente os mesmos. Para eles, o aeroporto de Guarulhos apresentou, em ambos os casos, os piores resultados, com valores de 0,40. No outro extremo, os aeroportos Santos Dumont e Viracopos apresentaram os maiores valores, com resultados muito próximos.

Segundo a engenheira, o Índice de Acessibilidade mostra que os aeroportos estudados estão pouco preparados para receber passageiros com deficiência visual. O aeroporto que obteve a maior pontuação para esse tipo de usuário foi o de Congonhas, com um valor próximo a 0,60. Os aeroportos de Galeão, Viracopos e Brasília obtiveram os menores valores, sendo o último o menos pontuado. Esses mesmos aeroportos também não se mostraram preparados para receber passageiros idosos, diferentemente dos aeroportos de Congonhas, Santos Dumont e Viracopos, que apresentaram valores substancialmente maiores que os anteriores para esse público.

No conjunto dos aeroportos estudados, o de Congonhas se destaca para usuários idosos, cadeirantes e com deficiência visual. Este é que se mostra mais preparado para receber esses perfis de passageiros. Para estrangeiros que chegam ao País, o aeroporto Santos Dumont é o que tem as melhores condições para atendê-los e apresenta uma nota bastante superior aos demais. Já o de Guarulhos é o que apresenta a menor nota, um pouco acima de 0,40, para esse tipo de usuário. Segundo Lígia, o baixo valor obtido pelo aeroporto de Guarulhos pode ser um problema, pois esse aeroporto é uma das principais portas de entrada para estrangeiros e deveria estar muito bem preparado para recebê-los. Os demais aeroportos apresentam notas semelhantes, que se situam entre 0,50 e 0,60.

A realização de grandes eventos esportivos no Brasil nos próximos anos, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo, terão influência direta no funcionamento do transporte do País começando pelo sistema aeroviário para a condução de equipes e turistas. Para o orientador, é evidente que o estudo não se propõe esgotar o assunto. “A pesquisa já apresenta uma contribuição concreta para o seu uso, através de um diagnóstico comparativo das condições de acessibilidade de seis importantes aeroportos brasileiros para os grupos de usuários mencionados”, afirma Rodrigues da Silva.

Por Nathalia Nicola - Engenharia de São Carlos da USP
Fonte: CicloVivo

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