A agência de ajuda do governo australiano (AusAID) confirmou nesta semana que deixará de repassar recursos para a Kalimantan Forests and Climate Partnership (KFCP), iniciativa de REDD criada em 2007 que prometia plantar 100 milhões de árvores e proteger 70 mil hectares de florestas na Indonésia com a intenção de evitar as emissões de 700 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono durante 30 anos.
Para alcançar seus objetivos, o KFCP chegou a receber mais de AU$ 30 milhões (R$ 61,66 milhões), mas os resultados nunca se aproximaram do que era esperado.
Em 2012, um relatório da Universidade Nacional da Austrália já denunciava que apenas 50 mil árvores haviam sido plantadas e que as metas da iniciativa teriam sido alteradas drasticamente.
Outras críticas já haviam sido feitas ao KFCP e à AusAid, que não estariam trabalhando com as comunidades locais e respeitando os direitos à terra de quem não possuía documentação.
Essa falta de comunicação com as comunidades é apontada por ONGs como a causa pelo total fracasso do projeto.
“A AusAID e a equipe do KFCP falharam na criação de um programa de conservação que fosse efetivo e que estivesse alinhado com os interesses e direitos dos povos nativos da Indonésia. O KFCP perdeu a oportunidade de desenvolver nas comunidades práticas sustentáveis de subsistência”, afirmou Deddy Ratih, do Amigos da Terra – Indonésia.
“Nos mais de cinco anos de projeto, não foram apresentados resultados ambientais significantes. Para piorar, foram criados conflitos e muita confusão sobre a posse das terras”, completa a ativista.
A porta-voz do Amigos da Terra - Austrália, Rebecca Pearse, também não poupou críticas ao KFCP e atacou o REDD como um todo.
“Esse fracasso reflete as falhas fundamentais de precificar o carbono. Créditos de carbono florestais e outros sistemas de pagamento para a conservação não estão lidando com as forças por trás das emissões do uso da terra. Apesar de ser uma área sob um projeto de carbono florestal, a região de Kalimantan está expandindo rapidamente sua produção de óleo de palma e de carvão”, declarou Pearse.
A AusAid cancelou o repasse de recursos, mas comunicou que o projeto pode continuar em algum novo formato.
“O KFCP não será estendido, mas os governos estão discutindo como trabalhar nos próximos 12 meses para aproveitar o que foi realizado até aqui.”
Crédito Imagem: Amigos da Terra - Indonésia
Fonte: Instituto carbono Brasil