O dinheiro que escorre pelo ralo

A ineficiência operacional na gestão da água faz com o que o Brasil perca em média 40% do que é produzido. Além do dinheiro que está sendo jogado fora, o desperdício acarreta na sobrecarga dos mananciais do país, aponta estudo do Banco Mundial, desenvolvido pela GO Associados em parceria com a Internacional Finance Corporation.


Em Israel - uma nação que foi erguida no meio das terras áridas de um deserto -, a perda na produção de água é de menos de 1%. Já em Manaus, a cidade brasileira banhada pelo espetacular e volumoso Rio Negro, esse percentual varia entre 50% e 70%. Parece difícil de acreditar, mas essa é uma triste realidade. 

Os números, divulgados esta semana em São Paulo, foram levantados em estudo realizado pela consultoria GO Associados - a pedido da International Finance Corporation (IFC)  -, instituição de desenvolvimento doBanco Mundial.

Mas o Brasil não está sozinho nesse cenário desolador. Outros países apresentam altos índices de desperdício e má gestão da água. "A redução na perda de água deveria ser uma prioridade mundial para a sustentabilidade do planeta", alertouGesner Oliveira, sócio da GO e um dos autores do estudo. "Infelizmente, a ineficiência do setor não tem despertado a atenção dos políticos".

As perdas da água são resultado de deficiências operacionais, furos na tubulação e até mesmo furtos na rede, o chamado "gato hidráulico". A estes problemas soma-se ainda a ineficiência energética, principal insumo nos custos das companhias desaneamento. Uma estimativa levantada pelo estudo revela que, caso as perdas da água fossem reduzidas em 50% até 2025, o Brasil conseguiria economizar 37 bilhões de reais. Esse valor corresponde ao investimento de três anos do país no setor. "O desperdício com a água impede que novos investimentos sejam feitos na melhoria da captação e ampliação do sistema", afirmou Fernando Marcato, outro sócio da GO Associados.

Uma das soluções apontadas pela pesquisa para diminuir a perda de água e melhorar a gestão do setor é a parceria entre as concessionárias públicas de saneamento e empresas privadas de gestão de risco. "O contratado é remunerado pelo resultado obtido e não pelo serviço realizado", diz Oliveira. "Essas parcerias agregam valor e melhoram a eficiência nas companhias estatais".

O estudo do IFC mostra também bons exemplos de como a situação pode ser revertida. Um caso apresentado foi a do empresa de abastecimento de água Casal, de Alagoas. Através de uma parceria com a Sabesp, concessionária paulista e uma das maiores empresas de saneamento do mundo, a Casal conseguiu diminuir as perdas com a água em 20%. A população de baixa renda de Benedito Bentes, próximo da capital Maceió, recebia água somente 13 horas por dia. Com a melhoria no sistema, passou a ter o serviço durante o dia todo. "A redução com o desperdício possibilita que a empresa sirva mais pessoas e, do ponto de vista ambiental, sobrecarregue menos osmananciais", analisa Marcato. "O resultado disso é uma maior sustentabilidade econômica e ambiental".

Como resultado do estudo, ainda foi desenvolvido um manual prático para melhorar a eficiência na gestão da água, que será distribuído para gestores e administradores das principais companhias de saneamento do país. Entre os dias 10 e 12 de julho, seminários também serão realizados em Brasília, no Rio de Janeiro e São Paulo para discutir a questão. Veja mais detalhes na Agenda do Planeta Sustentável.

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