Túnel que une Europa a Ásia é inaugurado em Istambul


Tem-se falado muito sobre o grande desenvolvimento de projectos em Istambul e um deles, finalmente, abriu, após nove anos de trabalho e quase três mil milhões de euros gastos. Trata-se do primeiro túnel a passar debaixo do estreito de Bósforo, que separa a Europa da Ásia.


O túnel de 14 quilómetros integra a rede suburbana Marmaray, sendo capaz de transportar, na sua lotação máxima, 75 mil passageiros por hora. De acordo com o governo turco, a ligação facilitará as conexões, retirará pessoas das estradas e pontes e ligará os dois continentes. O Presidente Erdogan prometeu ainda que o túnel irá ligar Londres a Pequim.


Pode-se questionar porquê o túnel demorou tanto tempo a ser inaugurado, uma vez que a necessidade de uma alternativa às pontes rodoviárias já se impunha há algum tempo. As duas pontes existentes no Bósforo estão constantemente congestionadas e Istambul tem das piores afluências de tráfego do mundo.


Os planos de criação do túnel remontam 150 anos atrás, com o sultão Abdülaziz. Contudo, numa cidade como Istambul, construída sobre vestígios de várias urbes históricas, nada é fácil. Quando as equipas começaram a escavar o túnel, encontraram um cais medieval do porto bizantino de Teodósio, com 37 embarcações repletas de artefactos. A remoção e preservação dos mais de 40 mil objectos demorou vários anos.


Contudo, os verdadeiros problemas são ainda mais profundos. Istambul é conhecida por ser uma zona propícia a terramotos, estando o túnel situado a pouco mais de 17 quilómetros de uma falha. Por esse motivo, este teve de ser construído 60 metros abaixo do nível do mar, constituindo o transporte suburbano mais profundo em todo o mundo.

Por outro lado, o terreno é pouco compacto e húmido, tornando-se líquido aquando de um terramoto. Para fixar o túnel, os engenheiros tiveram de tomar medidas extremas, revestindo-o de aço e injectando na terra envolvente uma espessa camada de betão.


A parte submersa teve ainda de ser completada com duas juntas de aço e borracha flexíveis, para que, durante um terramoto, a estrutura mexesse em vez de partir. Se houver algum problema, existem portas em cada extremidade do túnel que protegerão de uma tempestade as ruas e a rede de metro.

Apesar das rigorosas medidas de segurança, há quem considere que o túnel abriu cedo demais. É o caso da Câmara de Arquitectos e Engenheiros Turca, que crê não existir segurança suficiente. Impõe-se, assim, uma luta entre esta Câmara e o governo, tendo a primeira sido afastada da participação nas decisões de planeamento da cidade após a sua oposição aos planos governamentais relativos ao Gezi Park.

Segundo o The Atlantic Cities, a inauguração consistiu num golpe publicitário do Presidente Erdogan, que a pretendeu fazer coincidir com o 90º aniversário da República da Turquia. Na realidade, apenas três das 37 estações projectadas irão abrir este mês. A finalização da rede Marmaray ainda demorará alguns anos.

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