Ao longo de milhões de anos de evolução, as plantas reagiram aos mais diversos estímulos pelo simples fato de não poder se mexer. Ao fazer isso, elas liberam sinais elétricos, que podem ser usados como biossensores.
Esse é o foco do projeto PLEASED (siga para Plantas Usadas como Dispositivos Sensoriais), financiado pela União Europeia, que busca decifrar esses sinais elétricos para medir os níveis de poluição, monitorar fazendas orgânicas e realizar pesquisas meteorológicas.
Segundo Andrea Vitaletti, coordenador do projeto e professor de engenharia da computação da Universidade de Roma, sua equipe pretende classificar os diferentes sinais que as plantas emitem para determinar o tipo de estímulo aplicado. “Se você identifica o padrão elétrico produzido por um girassol que está sofrendo por falta de água, o mesmo padrão deve se repetir em outros girassóis. As plantas ‘expressam’, por meio de sinais elétricos específicos, quando precisam de água”, explica o pesquisador.
Quanto à interface, Vitaletti pensa em embutir sensores eletrônicos minúsculos nas plantas. “A planta se tornaria uma espécie de cyborg. O projeto pretende desenvolver dispositivos minúsculos, do tamanho de clipes de papel e até menores”, informa. “Eles vão captar sinais emitidos pela planta em seu ambiente natural, analisá-los e combiná-los com os sinais de outras plantas nas proximidades, gerando uma análise abrangente de seu habitat”.
O projeto termina em maio de 2014, mas segundo Vitaletti, até lá a equipe terá criado um banco de dados de código aberto, que incluirá espécies de plantas, estímulos específicos e seus sinais elétricos correspondentes.
“Espero que a comunidade científica continue a ampliar esse banco de dados em tamanho e qualidade. Em última análise, será algo parecido com o filme Avatar: plantas e pessoas em estreita sintonia com o mundo em que vivem. É ficção científica, mas é a versão popular da nossa ideia”, conclui.
Por Nic Halverson
Fonte: descubra o verde
