Banco Mundial, C40, ONU-Habitat e BID estão entre as organizações que se uniram para facilitar o fluxo financeiro a fim de minimizar os perigos dos eventos climáticos extremos e os riscos associados à rápida urbanização.
O VII Fórum Urbano Mundial, realizado entre cinco e 11 de
abril em Medellín, na Colômbia, apresentou alguns resultados positivos na busca
global por cidades mais sustentáveis e municípios que integrem melhor os
diversos aspectos do desenvolvimento.
Um deles foi a criação de uma nova aliança entre as nove
grandes organizações internacionais do mundo, que uniram forças para criar uma
maior resiliência urbana e fortalecer o desenvolvimento social, econômico e
ambiental dos espaços urbanos. Trata-se da ‘Colaboração Medellín para
Resiliência Urbana’.
A colaboração visa facilitar o fluxo de conhecimento e
recursos financeiros necessários para ajudar as cidades a se tornarem mais
resilientes a prejuízos relacionados às mudanças climáticas, desastres causados
por catástrofes naturais e outros riscos e estresses urbanos, incluindo os desafios
socioeconômicos associados à rápida urbanização.
Por exemplo, a população urbana mundial aumenta diariamente
em cerca 180 mil pessoas, o que significa que, até 2030, aproximadamente cinco
bilhões de pessoas, ou 60% da população mundial, viverão em cidades.
Além disso, atualmente cerca de um bilhão de pessoas vivem
em assentamentos informais que não possuem acesso adequado a serviços
essenciais, como saúde, água limpa e saneamento básico, e vivem em locais
expostos a furacões, ciclones, enchentes, terremotos epidemias, crime e outras
ameaças criadas pelo homem, incluindo os efeitos das mudanças climáticas.
Entre as organizações participantes, estão o Programa das
Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), a Estratégia
Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNISDR), o Grupo
Banco Mundial, a Unidade Global para Redução e Recuperação de Desastres
(GFDRR), Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), a Fundação Rockefeller,
o Desafio 100 Cidades Resilientes, o Grupo de Liderança Climática C40, e o
Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI).
Juntas, essas organizações abrangem mais de duas mil cidades
em todo o mundo, comprometendo mais de US$ 2 bilhões em fundos anualmente para
um crescimento e desenvolvimento urbano resiliente e sustentável.
A aliança também mobilizará apoio para a agenda de
resiliência urbana pós-2015, incluindo os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável, um novo acordo global sobre redução de riscos de desastres que
suceda o Marco de Ação de Hyogo e a agenda Habitat III.
“Tem havido uma enorme manifestação de apoio à resiliência
urbana nos últimos anos. Essa nova colaboração representa uma consolidação
desses esforços à medida que nos preparamos para uma explosão na urbanização no
século 21, quando mais espaços urbanos serão criados do que em qualquer momento
da história. Mais da metade da população mundial agora vive em áreas urbanas e
isso aumentará dramaticamente na próxima geração. Devemos nos preparar para
isso”, observou Margareta Wahlström, representante da ONU para redução de
riscos de desastres.
“Para o mundo em desenvolvimento, esse será o século da
urbanização. Isso cria oportunidades enormes, mas também muitos desafios,
incluindo a concentração de populações vulneráveis e o risco de grandes desastres.
Através da ‘Colaboração Medellín para Resiliência Urbana’, nós e outros
parceiros nos comprometemos a apoiar as cidades com o que elas precisarem para
melhorar seu planejamento urbano, investimento e se tornarem mais resilientes”,
concordou Francis Ghesquiere, diretor do secretariado da GFDRR.
Uma possível alternativa para esse desafio da resiliência,
em especial para os desafios da construção urbana, também foi lançada ao final
do Fórum Urbano Mundial: como legado do evento, foi construído no Parque
Juanes, onde aconteceu o fórum, um edifício público para apresentar uma técnica
construtiva de baixo custo e simples, que utiliza materiais e recursos locais.
A ‘abóbada de arco telha’, assim denominada devido a suas
camadas finas de tijolos, foi inaugurada na sexta-feira (11), e é uma técnica
econômica, rápida, ecológica, durável e resistente.
Suas características permitem a construção de grandes vão
usando materiais locais sem a utilização de aço nas estruturas, o que, além de
ser mais simples, reduz os custos na construção, sendo uma opção barata para
edifícios comunitários, projetos de drenagem e habitações acessíveis.
A técnica poderia ser usada para suprir a demanda de
construção urbana em países em desenvolvimento, pois, além de os materiais serem
facilmente acessível, essa construção é altamente eficiente para a drenagem de
águas pluviais e a instalações sanitárias, aliviando os desafios de
infraestrutura urbana.
Mas infelizmente, nem todo o legado do fórum apresentou
resultados positivos. Um estudo divulgado
na sexta-feira (11) mostrou que muitos trabalhadores informais que ajudam a
desenvolver uma economia mais sustentável não são apoiados por políticas e
práticas urbanas.
Um exemplo são os catadores de lixo reciclável. Muitas
vezes, os governos se mostram em dúvida se os apoiam ou não, permitindo que
realizem seu trabalho em grandes lixões urbanos. A pesquisa cita o caso de Belo
Horizonte, em que durante muitos houve uma parceria entre o município e
organizações de catadores.
Contudo, posteriormente, os catadores entraram em conflito
com a prefeitura devido a planos para um grande projeto de incineração, que
ameaçou deixar os catadores sem sua matéria-prima e causar mais poluição.
“O estudo é único em muitas formas. Ele foi feito por
pesquisadores locais em cada cidade sob a orientação de um comitê
multinacional, multidisciplinar, e envolve uma parceria única entre a Mulheres
em Empregos Informais: Globalizando e Organizando, uma rede global de pesquisa
políticas para ação, e organizações locais e trabalhadores informais”, afirmou
Marty Chen, coordenador internacional da WIEGO.
“As organizações parceiras em cada cidade usarão as
descobertas em sua defesa com o governo local”, disse Chen.
Imagens: O tufão Haiyan nas Filipinas causou mais de 6
mil mortes e US$ 14 bilhões em prejuízos / Oxfam
O furacão
Sandy matou 182 pessoas no Caribe e nos Estados Unidos e resultou em mais de
US$ 20 bilhões em perdas econômicas.
Fonte: InstitutoCarbono Brasil