O que é sustentabilidade?

Por que sustentabilidade?

A preocupação com o uso consciente dos recursos naturais, novas alternativas e ações em relação ao planeta e as implicações para o bem estar coletivo estão em evidência como nunca. O tempo distante, em que sofreríamos as desvantagens do uso irracional dos recursos naturais é algo concreto e não mais enredo de livros de ficção científica. Agora, a questão está presente em nosso cotidiano, nas escolas, empresas e ruas de nossas cidades.
O desequilíbrio causado por uma consciência ambiental errada é problema do presente, mas sua origem remonta à Idade Antiga. A pretensa superioridade de nossa espécie e uma errônea interpretação da cultura com algo superior à dita "natureza" é uma das bases de nossa civilização e deve ser discutida para que seja possível pensarmos novos caminhos para nossa economia, sociedade e cultura, que garantam a continuidade da existência de nossa espécie no planeta Terra.

Origens do problema

Relatos da "batalha do homem contra a natureza" estão presentes desde as primeiras civilizações. Vejamos o exemplo da grande epopeia de Gilgamesh, texto da antiga Mesopotâmia, datado de aproximadamente 4700 a.C.. Em seu estudo, Estela Ferreira nos mostra como essa narrativa é indício do surgimento do antagonismo da cisão entre civilização e natureza, em pleno surgimento do pensamento Ocidental. A luta de Gilgamesh contra Humbaba, o guardião da floresta, simboliza a suposta "vitória" do homem contra o mundo natural, que perpassou toda a nossa História e ainda está na arquitetura de nossas cidades, nos nossos padrões de nutrição, enfim, em nossas atividades rotineiras.
No início da Idade Contemporânea, a Revolução Industrial, marcada pelo desenvolvimento das máquinas à vapor (por volta de 1760), os avanços tecnológicos proporcionaram a exploração de recursos naturais em escala nunca antes vista, aprofundada pela invenção do motor alimentado por combustíveis (por volta de 1876), e o domínio da eletricidade (por volta de 1870). Toda essa inovação gerou a necessidade de extração de recursos como petróleo e cobre de maneira sistemática e em grande quantidade. Essa guinada tecnológica foi responsável por melhorias e crescimento econômico, mas também grandes problemas decorreram da falta de noção da responsabilidade de cada indivíduo acerca da necessidade de um crescimento ecologicamente viável e socialmente equânime. Imersos na mentalidade da época, os ingleses encaravam a poluição das fábricas como característica de uma civilização vitoriosa e próspera, e como diziam na época da Segunda Revolução Industrial, "onde há poluição, há progresso" - sem perceber os possíveis efeitos colaterais do modelo industrial, marcado pela desigualdade social e pelas péssimas condições de vida dos operários, o que torna a questão mais complexa.

O progresso do debate

Nas décadas de 1960 e 1970, ainda na efervescência nas profundas mudanças socioculturais, iniciam-se as grandes reflexões sobre os danos causados ao meio ambiente, gerando os primeiros esforços de uma consciência ecológica com uma postura ativa. Gradualmente, o tema deixa de ser uma esquisitice de grupos específicos e se torna desafio global. Fatos como o lançamento de "A Primavera Silenciosa" (1962), de Rachel Carson, marcam a inovação do alerta sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos e se torna um dos primeiros best-sellers sobre a questão ambiental, num contexto de primeiros debates sobre a luta ecológica.
Nesse clima, a ONU começa a fomentar o debate, organizando, em 1972, a Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente das Nações Unidas, em Estocolmo, Suécia; e, em 1983, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, geradora do relatório Brundtland (1987). Temos aí, ao menos de maneira formal, a primeira aparição do conceito de desenvolvimento sustentável, seguida pela ECO 92 e suas 21 proposições, conhecidas como Agenda 21 ou a Conferência de Kyoto, em 1997. Mas não é só a ONU a arena desse debate: nos meios rural e urbano, no campo educacional, nas universidades, escolas, ONGs e nas diversas esferas de governo e gestão, a discussão corre progressivamente e se desenvolve em muitas esferas, ou seja, nossas ideias e atitudes podem ser fundamentais nessa empreitada.

A sustentabilidade e nossas atitudes

Um questionamento importante é o do modelo de sociedade baseado em consumo, e o cuidado com as consequências de nossas ações enquanto consumidores responsáveis. Por exemplo: os produtos que consumimos, onde descartamos quando não são mais convenientes (saiba mais sobre descarte aqui)? Quais são os impactos no meio ambiente e na sociedade? E quando falamos em economia, um consumo e comércio desenfreados, até à exaustão dos recursos, é vantajoso tanto em âmbito coletivo quanto individual?
História das coisas, documentário que demonstra o modelo de consumo no mundo atual
Os problemas a serem combatidos estão nas grandes atitudes empresariais e governamentais, mas também em nossas escolhas do cotidiano. É um conceito relacionado à vida de todos em vários âmbitos, ou seja, é algo sistêmico. Está em jogo a continuidade da sociedade humana, suas atividades econômicas, seus aspectos culturais e sociais e, é claro, ambientais, com a adoção de novas práticas. Neste sentido, o conceito de desenvolvimento sustentável surge propondo um novo modo de vida. É uma nova maneira de configurar a vida humana, buscando que as sociedades possam satisfazer as necessidades e expressar seu potencial. Como bem mostra o pensador Henrique Rattner, o conceito de sustentabilidade "não se resume apenas explicar a realidade, exige o teste de coerência lógica em aplicações práticas, onde o discurso é transformado em realidade objetiva".
Certamente a transição para esse novo modelo sustentável não acontecerá abruptamente. Como já vimos, foram anos de História até a formação do sistema atual, o que gerou em nossa sociedade arraigados maus hábitos. Mas não é preciso pessimismo: há quem diga que a adaptação gradual já está em andamento. O funcionamento da sociedade de consumo pode deixar de ser predatório e inconsequente para investir em soluções baseadas na inovação, como a tendência do uso do ecodesign, de um consumo sustentável, que demanda, entre outras coisas, uma mudança de comportamento, que não pode perder de vista as consequências de cada escolha que fazemos tem consequências compartilhadas para todos os seres vivos, com base no tripé do respeito ao meio ambiente, crescimento econômico e equanimidade social.
Fonte: eCycle

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