Como instalar energia eólica em casa



O que são micro e minigeradores eólicos
Micro e minigeradores eólicos são sistemas de geração elétrica a partir da força dos ventos com potência suficiente para produzir eletricidade para o abastecimento de pequenos consumidores, como casas, comércios ou, até mesmo, um galpão de uma indústria. Segundo a Resolução Normativa 482/2012 da ANEEL, microgeradores são definidos como sistemas com potência de até 100 kW, e minigeradores, acima de 100 kW e até 1 MW, conectados à rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras.
Onde podem ser instalados
Sistemas eólicos de pequeno porte estão mais próximos do solo do que grandes aerogeradores. Por isso, o terreno e o entorno da edificação deverão ser analisados antes de definir-se o local exato da instalação. Desse modo, será possível identificar obstáculos que possam influenciar o comportamento dos ventos.
De modo geral, a velocidade do vento aumenta com a altura e depende do que está construído nos arredores. Nas alturas mais baixas, ela é afetada pela fricção do vento com a superfície terrestre. Bosques ou áreas urbanas densas, por exemplo, podem abrandar muito o vento, enquanto áreas abertas, como lagoas, têm influência quase nula. Por isso aerogeradores são normalmente instalados em torres elevadas ou no topo de edificações, mantendo-se distantes de outros edifícios, árvores e eventuais obstáculos.
Tipos de minigeradores eólicos
Todos os micro e minigeradores eólicos possuem um rotor, que pode ser composto de duas, três ou mais pás. Ele é o responsável por capturar e transmitir a força mecânica dos ventos para o gerador propriamente dito.
As principais tecnologias de aerogeradores de pequeno porte são com eixo horizontal ou vertical. As de eixo horizontal geralmente possuem eficiência maior e são mais comuns no mercado. Porém, sistemas eólicos com eixo vertical têm a vantagem de serem menos barulhentos e de integrarem-se melhor com as edificações.
Veja a seguir as características de cada um:




Fique atento!
Ao escolher o seu aerogerador, preste atenção nos seguintes pontos:
- Velocidade mínima de vento para funcionamento do microgerador eólico
- Velocidade de vento em que o microgerador eólico alcança a potência nominal
- Velocidade (máxima) de vento em que o microgerador eólico desliga
Quem pode desenvolver o projeto de um microgerador eólico
O projeto de instalação e de conexão à rede de um micro ou minigerador eólico deve ser realizado por uma empresa com experiência comprovada nessa área e por profissionais devidamente habilitados. Procure informar-se antes sobre a empresa, solicitando referências de outros trabalhos na área de geração elétrica.
Bons motivos para instalar um microgerador
O custo da eletricidade tem aumentado ao longo do tempo, enquanto o valor para instalar sistemas eólicos de pequeno porte faz o caminho inverso, diminuindo anualmente. Com a nova regulação da ANEEL, que permite a injeção de energia na rede em troca de créditos em kWh na conta de luz, a geração descentralizada de energia tornou-se viável economicamente para consumidores residenciais de quase todo o Brasil.
Esse tem-se tornado um investimento cada vez mais atrativo, porque, após recuperar o investimento inicial, você poderá ter economias significativas no longo prazo. Lembre-se de que um sistema eólico gera energia por pelo menos 20 anos, e sua conta de luz poderá ser reduzida para o valor mínimo (custo de disponibilidade).
Além disso, você contribuirá para reduzir o impacto ambiental de sua casa, empresa ou indústria. Ao consumir a energia que é gerada em sua propriedade, você elimina as perdas ocorridas na transmissão e distribuição. Quando você não está consumindo, a energia gerada e injetada passa pela rede da distribuidora e é utilizada por seus vizinhos.
Outra vantagem é a valorização de seu imóvel, pois essa é uma tecnologia bastante inovadora no Brasil.
Escolhendo um microgerador
Para participar do Sistema de Compensação de Energia você deve escolher um microgerador eólico que atenda à necessidade energética de sua edificação na medida certa, gerando no máximo a energia que você consome ao longo de um ano ou considerando o uso de créditos para compensação em outras unidades consumidoras que estão em seu nome.
Primeiramente, o instalador verificará o quanto de eletricidade sua casa, seu escritório ou sua indústria consome em determinado período, para calcular qual deve ser a capacidade de seu sistema eólico. Lembre-se, no entanto, de que consumidores residenciais e de propriedades rurais (grupo B) terão de pagar o custo de disponibilidade 1 nos meses em que a geração for igual ou maior que o consumo da rede, e os consumidores comerciais e industriais com maior carga (grupo A) terão de arcar com o custo da demanda contratada. Por isso, recomenda-se aos consumidores do grupo B que haja um consumo mínimo da rede mensalmente.
Depois, o instalador conhecerá o local onde você deseja instalar o gerador, para avaliar as condições físicas e definir como será seu microgerador. Isso inclui a medição de ventos (leia mais na seção Como calcular a potência do microgerador) e a escolha do posicionamento que proporcione melhor eficiência. O desempenho de um gerador eólico de pequeno porte deve levar em conta tanto a intensidade e a regularidade dos ventos quanto a continuidade da direção.
Após fazer as análises descritas nos itens abaixo, o projetista deverá preparar um projeto das instalações de conexão à rede e especificar os componentes do sistema (tipo e modelo do aerogerador, do inversor e da estrutura de suporte).
1 Valor em reais equivalente a 30 kWh (monofásico), 50 kWh (bifásico) ou 100 kWh (trifásico) para consumidores do grupo B (baixa tensão), conforme o art. 98 da Resolução Normativa nº 414/2010.
  • Para garantir um bom aproveitamento do vento, é importante manter distâncias mínimas entre o gerador eólico e eventuais obstáculos no entorno. Uma regra geral é que o microgerador seja instalado a uma altura de pelo menos 10 metros a mais que o obstáculo mais alto dentro de um raio de 150 metros, como ilustra a figura acima. Obstáculos de mesma altura ou mais altos que o microgerador localizados a partir de um raio de 150 metros terão pouca influência na geração de energia.
    O profissional deverá verificar se existe uma corrente de ar livre – pelo menos na direção principal do vento – e uma saída de ar atrás do aerogerador. Caso não haja, ele terá de analisar se é possível aumentar a torre, para que o obstáculo não atrapalhe, ou, ainda, afastá-la do local.
  • Se você considera instalar um microgerador sobre um telhado, peça ajuda a um profissional qualificado para fazer um laudo estrutural e garantir que ele fique firme e bem fixado à superfície. Também não subestime a emissão de ruídos nesse caso, pois o próprio edifício poderá atuar como uma caixa de ressonância.
  • Verifique sempre se o microgerador não irá fazer barulhos ou causar sombreamentos que possam incomodar os vizinhos. Torres de sustentação com cabos de suporte tensionados, por exemplo, podem fazer barulho, dependendo da intensidade do vento, e as pás do aerogerador podem fazer sombras ou mesmo reflexos na vizinhança. Ao escolher o modelo do aerogerador, preste atenção ao nível de ruído em diferentes distâncias: 5, 10, 20 metros, e assim por diante.
  • O instalador deverá verificar se existe entrada para os caminhões com os equipamentos e espaço para o transporte das ferramentas de montagem.
Como calcular a potência de seu microgerador
O primeiro passo é definir o quanto de sua demanda energética você quer que o sistema lhe forneça. O ideal é ficar um pouco abaixo dos 100% (em torno de 90%), para que você não gere energia além do que é capaz de consumir em 1 ano. Dessa maneira, você irá minimizar seu investimento e ainda garantir os benefícios do sistema de compensação de energia.
Em seguida, o ideal é você medir os ventos no local, para calcular a potência de seu microgerador. Para você ter uma ideia sobre o potencial de vento em sua região, acesse o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro do CEPEL.
Mas, atenção!
O Atlas está desenhado para sistemas eólicos de grande porte, que normalmente têm mais de 50 metros de altura, enquanto microgeradores eólicos geralmente possuem entre 10 e 40 metros. O vento pode variar muito conforme a altura, por isso não se baseie apenas no Atlas para instalar seu sistema e peça a seu instalador uma medição detalhada da velocidade do vento no lugar e na altura específica para seu caso.
O ideal é medir em duas alturas diferentes, para observar alterações na velocidade do vento e avaliar a influência de edifícios e outros obstáculos do entorno. O recomendado é ter dados da velocidade dos ventos durante um ano inteiro, para considerar as oscilações das estações do ano. Contudo, com três meses de medição já é possível recolher informações suficientes.
Os dados deverão ser analisados pelos próprios instaladores dos sistemas de medição de vento ou pelo instalador de seu aerogerador. Essa análise permite calcular a potência de um microgerador eólico adequado para sua necessidade energética.
O sistema de compensação de energia
Você deve estar se perguntando: mas se meu sistema vai gerar energia somente quando há vento, então eu precisarei ter baterias para armazenar essa energia?
A resposta é “não”. Você continuará conectado à rede elétrica, que lhe fornecerá energia quando não houver vento.
Se seu sistema gerar eletricidade quando não há ninguém em casa para consumi-la, por exemplo, ela será automaticamente injetada na rede, e você receberá uma compensação, em kWh, de sua distribuidora por essa energia.

Em outras palavras, você pagará, a cada mês, somente o valor da diferença entre a energia consumida da rede pública e o que foi gerado e injetado por você na rede, mais a incidência de impostos (PIS, COFINS e ICMS) sobre toda a energia consumida 2.
Essa possibilidade surgiu em abril de 2012, quando a ANEEL publicou a Resolução Normativa 482/2012. Internacionalmente, esse sistema é conhecido como net metering. Para maiores informações, acesse o Caderno Temático Micro e Minigeração Distribuída disponível na Biblioteca do site da ANEEL.
2 Conforme o Convênio ICMS 6, de 5 de abril de 2013, aprovado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ, exceto nos Estados em que exista legislação local que isente tal cobrança.

Por favor, compartilhe!

  • Share to Facebook
  • Share to Twitter
  • Share to Google+
  • Share to Stumble Upon
  • Share to Evernote
  • Share to Blogger
  • Share to Email
  • Share to Yahoo Messenger
  • More...

Parceiros

Scroll to top