Pesquisa revela que oito em dez brasileiros reconhecem selos com atributos ambientais


Qual é o impacto dos selos ou rótulos ambientais junto à população? Para responder a essa pergunta, o instituto de pesquisa e opinião pública Market Analysis, em parceria com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), realizou um estudo em que apresentou 27 selos ambientais a 906 adultos de 11 capitais brasileiras e perguntou se eles os reconheciam.

De acordo com a pesquisa, oito em cada dez brasileiros conseguiram identificar pelo menos um dos selos como símbolo do trabalho realizado por governo, empresas ou outras entidades em prol do meio ambiente.

Os selos ou rótulos ambientais são a melhor maneira de as empresas demonstrarem a credibilidade dos avanços ambientais em seus produtos para os clientes e outras partes interessadas. Mas, será que chamam a atenção dos consumidores? Para ter ideia do impacto que esses selos têm junto à população, o instituto de pesquisa e opinião pública Market Analysis, em parceria com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), realizou um estudo em que apresentou 27 selos ambientais a 906 adultos de 11 capitais brasileiras e perguntou se eles os reconheciam.

O selo mais conhecido pelos brasileiros é o Procel, do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, aquele identifica equipamentos e eletrodomésticos de maior eficiência energética
Outros dados da pesquisa demonstram o impacto dos selos no consumo direto dos produtos que se dizem sustentáveis. Após examinar a seleção dos selos, quatro em cada 10 consumidores (39,9%) admitiram que esse instrumento de comunicação sustentável influenciaria sua decisão de compra. Para 23,1% deles, os selos teriam algum impacto, embora dependesse das características e qualidade informativa dos mesmos. Pouco mais de um terço dos consumidores (37,0%) permanecem indiferentes à capacidade dos selos de identificar um produto ou serviço como sustentável.

Mais conhecidos
O selo mais conhecido pelos brasileiros é o Procel, do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, aquele identifica equipamentos e eletrodomésticos de maior eficiência energética. Os resultados mostram que três em cada quatro brasileiros (75%) o reconhecem, uma proporção muito acima dos demais selos estudados.

Já para 22% dos pesquisados, o segundo selo mais conhecido é o Conpet. Assim como o Procel, este selo é conferido aos produtos mais eficientes no uso de derivados de petróleo e gás natural. É destinado a determinados segmentos como: automóveis, fogões, fornos a gás e aquecedores de água a gás. Tanto o selo Procel como o Conpet são selos oficiais, estabelecidos em programas governamentais.

Na terceira posição está a certificação oficial Produto Orgânico Brasil (14%), que garante o cultivo de alimentos sem agrotóxicos ou fertilizantes artificiais. Em seguidam aparece mais um selo de eficiência energética, o Energy Star (13%) e o da ISO 14.001 (12%), que certifica empresas cujas políticas e gestão ambientais apontam para práticas sustentáveis. Os demais selos reconhecidos pelos participantes da pesquisa foram FSC, I´m green, Qualidade Ambiental da ABNT, Certificado Ogânico IBD e Associação de Agriculturoes Biológicos do Estado do Rio de Janeiro.

Consumidores e empresas
Carlos Thadeu de Oliveira, gerente técnico do Idec, ressaltou ao jornal O Globo que pesquisas como esta podem trazer elementos para que seja melhorada a comunicação entre consumidores e empresas que colocam selos em seus produtos. "Seja para as empresas melhorarem a comunicação e a divulgação de seus selos, seja para que adotem metodologias mais estritas e confiáveis de atribuição dos selos. Enfim, são muitos os benefícios."

Diretor da Market Analysis, Fabián Echegaray diz que o ranking sugere suas conclusões: a de que há uma notável capilaridade da eficiência energética como virtude ambiental na cabeça dos consumidores, e também se destaca a força dos selos desenvolvidos por vários 'stakeholders' ou endossados por entidades normalizadoras isentas.

A força dos selos identificados com instituições do Estado, ONGs e produtores, e não aqueles promovidos isoladamente por empresas, é coerente com outro aspecto verificado nas respostas dos entrevistados: a baixa confiança dos consumidores na comunicação empresarial das suas qualidades socioambientais. Apenas 37% dos entrevistados acreditam que as empresas comunicam a verdade do que fazem em matéria ambiental e social. Isso, em um contexto onde a quantidade de mensagens ambientais encontradas em rótulos de produtos no varejo aumentou quase cinco vezes entre 2010 e 2014, de acordo com dados da pesquisa Greenwashing no Brasil.

"O que está muito claro é que o consumidor é bastante desconfiado. Por isso, talvez, ele não reconheça selos que não são emitidos por governos, coalizões ou entidades de certificação idôneas. Isso quer dizer que as empresas que quiserem colocar selos ambientais em seus produtos têm de estar cientes que o consumidor não se deixa levar somente por uma imagem ou por palavras da moda", afirma o gerente técnico do Idec.

É muito importante que se continuem fazendo pesquisas desta natureza, pois isso ajuda a melhorar a certificação, os produtos, a comunicação e permite ver como o consumidor entende as mensagens
Reconhecimento por região
Em Salvador e Brasília os selos são mais conhecidos: 99% e 96% dos entrevistados, respectivamente, afirmam reconhecer pelo menos um deles. Por outro lado, os residentes de Porto Alegre, Curitiba e Rio Janeiro exibem mais dificuldades em reconhecê-los (50%, 69% e 71%, respectivamente).

Embora reconheçam menos os selos de certificação ambiental, os porto-alegrenses têm mais credibilidade na comunicação corporativa: 65% acreditam que as empresas comunicam com honestidade e veracidade o que fazem em matéria social e ambiental (frente à 37% observado na amostra total). Os cariocas, por outro lado, são os mais desconfiados da comunicação corporativa: 77% não creem na informação divulgada pelas empresas (frente à 60% observado na amostra total).

Confiança do consumidor
Essa distribuição regional da credibilidade nas mensagens socioambientais corporativas repete resultado de pesquisa de 2013 do Idec e da Market Analysis, que também apontava a Região Sul como a que mais confiava nas empresas.


"Esta pesquisa de 2016 parece reforçar o que encontramos na de 2013, a saber, a de que mensagens que atestam segurança e economia de recurso nos produtos parecem gozar de alguma estabilidade na confiança do consumidor", ressalta Oliveira. "De todo modo, a lição que o consumidor tem deixado para empresas e governo, é a de que trabalhos contínuos e com método merecem sua confiança, o que pode explicar porque os selos Procel e Conpet estão bem à frente dos outros", completa.

Para o gerente técnico do Idec, é muito importante que se continuem fazendo pesquisas desta natureza, pois isso ajuda a melhorar a certificação, os produtos, a comunicação e permite ver como o consumidor entende as mensagens. "Numa época em que o que menos se destaca na propaganda é o produto em si, é preciso ser muito criterioso na escolha e usar todas as informações disponíveis", destaca.
Fonte: EcoD

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