Mais um edifício fantástico que se ergue na cidade de Londres. O Strata não é primeiro edifício do mundo a usar turbinas eólicas, mas é o primeiro a fazê-lo colocando-as directamente na sua fachada. Fazendo da sustentabilidade a sua prioridade, a arquitectura já não contorna as soluções energéticas, abraça-as por completo, fazendo-as parte do design.
As preocupações ambientais não se restringem à indústria ou a cada indivíduo, devem por isso alargar-se a áreas como a construção civil, o núcleo de qualquer metrópole. Assim parece estar a acontecer, e cada vez mais arquitectos, designers e construtores se orgulham de proporcionar aos clientes uma forma de reduzir a sua pegada ecológica no planeta pela redução dos gastos energéticos em suas casas.
Uma arquitectura de vanguarda tem distinguido Londres como uma das cidades mais preocupadas com o ambiente, e bons exemplos da união entre a estética, a funcionalidade e as preocupações ambientais não são difíceis de encontrar.
Com 42 andares e erguendo-se a 148 metros de altura, o Strata é o novo arranha-céus "verde" que irrompe pela cidade. Projecto residencial, os seus 408 apartamentos de alta qualidade não se distribuem apenas pela torre mas também pelo pavilhão a seu lado, com 5 andares e 17 metros de altura. Foram construídos atendendo aos mais recentes recursos de poupança de energia, dos isolamentos aos sistemas de ventilação natural, passando por vidros de alta performance.
Até aqui, nada de novo. E dizer apenas que a torre produz a sua própria energia não seria grande novidade também. Coroado com três enormes turbinas eólicas, com nove metros de diâmetro cada, não é o primeiro edifício do mundo a integrar este tipo de tecnologia, mas é sim o primeiro a integrá-la directamente na sua fachada, como parte integrante da construção e do design, e já não escondida ou disfarçada em algum recanto.
Empreendimento privado da Brookfield Europe e com um orçamento de 113.5 milhões de libras, o projecto ficou a cargo da BFLS (antiga Hamilton Architects) liderada pelos arquitectos Robin Partington e Ian Bogle. Desde o início que sustentabilidade foi a palavra-chave de todo o projecto. As turbinas eólicas revelaram-se como a solução mais adequada, já que dada a sua localização e altura, o Strata tira todo o partido dos ventos de 56 Km/h da área. A possibilidade de fundi-las com a arquitectura do edifício veio apenas depois, e estabelece o claro compromisso ambiental a que se propõe.
Falando um pouco mais das peças centrais, quer do design quer do plano sustentável da torre, as turbinas produzirão anualmente uns estimados 50 MW/h, representando oito por cento do seu consumo energético total. Além disto, cada uma das turbinas terá não três mas cinco lâminas, o que permite reduzir o ruído durante o funcionamento, enquanto que uma base com cinco toneladas e amortecedores de vibração mantêm o Strata bem ancorado ao chão, já que o atrito com o ar que produz a sua energia limpa poderia fazer com que oscilasse descontroladamente.
Outra medida digna de referência é o facto de 96 por cento dos desperdícios de construção serem reciclados. Assim, a longo prazo, as emissões de carbono reduzidas, que proporcionam aos residentes custos reduzidos com energia, bem como condições ambientais internas mais saudáveis, surgem como complemento de um ciclo no qual o balanço energético é bastante atractivo. Segundo estudos efectuados, as reduções na emissão de CO2 corresponderão a uma redução de 73.5 por cento quando comparadas com as regulações em vigor, o que é um grande passo face ao desejo britânico de que todos os novos edifícios tenham zero por cento de emissões até 2019.
O Strata é a prova que a qualidade de vida humana está directamente ligada à interacção com o planeta, e que a arquitectura pode manter-se a par dos tempos e das necessidades energéticas e ambientais, sempre mutáveis.
Fonte: Obvious