Se as 500 maiores companhias do globo fossem um país,
as emissões anuais de gases do efeito estufa (GEEs) dessa
nação, 3,6 bilhões de toneladas métricas, seriam mais de sete vezes maiores do
que as do Brasil, 488 milhões de toneladas.
O mais preocupante é que essas
empresas provavelmente emitirão quantidades ainda maiores de GEEs nos próximos
anos, uma vez que a economia mundial está em recuperação.
Essa é uma das conclusões de um
levantamento das emissões das empresas listadas no FTSE Global 500 Equity Index – índice que reúne as
500 companhias com maior capitalização na Bolsa de Valores de
Londres – que foi publicado nesta quinta-feira (12 de
setembro) peloCDP, organização não-governamental (ONG) britânica que
busca estimular o engajamento climático da iniciativa privada, e pela
consultoria PwC.
De acordo com o “Global 500 Climate Change Report 2013”, apenas as 50
maiores empresas avaliadas respondem por 2,54 bilhões de toneladas de GEEs.
Além disso, essas companhias – incluindo gigantes como BP, Shell, Chevron,
Arcelor Mittal e RWE – registraram conjuntamente um aumento de 1,65% em suas
emissões nos últimos quatro anos.
Segundo Jonathan Grant, diretor da
PwC, a iniciativa privada precisa se esforçar mais para evitar o crescimento
das emissões. “Estamos a poucas semanas da publicação do novo relatório
do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, que
será um dos documentos mais abrangentes já realizados sobre as mudanças
climáticas. Apesar de algumas empresas estarem atentas aos riscos e serem
transparentes sobre o seu planejamento e reporte sobre mudanças climáticas, as
emissões das maiores companhias seguem subindo.”
O relatório aponta que as emissões
das cadeias de fornecedores ainda não são contabilizadas de forma completa e
que alguns setores são bem mais conscientes do que outros.
Por exemplo, enquanto as seguradoras
estão muito mais engajadas e alertas para o aquecimento global, o setor de
energia ainda possui uma enorme quantidade de empresas que não possuem metas para
emissões.
“O medo dos impactos futuros das
mudanças climáticas está crescendo à medida que presenciamos mais eventos
extremos, como o furacão Sandy, que causou US$ 42 bilhões em prejuízos. (…) O
resultado é que estamos percebendo uma transformação no mundo corporativo, que
está ficando mais alerta para a necessidade de lidar com os riscos das mudanças
climáticas e de aumentar a sua resiliência”, explicou Paul Simpson, CEO do CDP.
Rankings
Apesar da preocupação com a falta de
metas e de engajamento das empresas, o relatório traz também com grande
destaque os bons exemplos. São apresentados dois rankings para classificar as
companhias com melhor desempenho no que diz respeito às ações de adaptação e
mitigação climática (CPLI) e as mais transparentes na divulgação de suas
informações e impactos (CDLI).
Nos dois rankings, as empresas que
receberam notas máximas (100 A) foram: BMW, Daimler, Royal Philips, Nestlé, BNY
Mellon, Cisco Systems e Gas Natural SDG.
Entre as empresas brasileiras
mencionadas, a Vale é a melhor classificada, com a pontuação de 98 B. Depois
aparecem BRF Brasil Foods, 83 B, Itaú Unibanco, 83 C, Petrobras, 82 C, Banco
Bradesco, 76 C, Ambev, 66 C, Banco Santander, 64 C, Banco do Brasil, 54 D, e
Cielo AS, 53 E.
Dezenas das 500 maiores companhias
não quiseram participar do levantamento, entre elas Amazon, Kia, Time Warner,
Valero Energy, CaterPillar, Facebook, Apple e Prada.
Fonte: Instituto
CarbonoBrasil