É aqui que entra a Embrapa, empresa brasileira que está pesquisando uma embalagem comestível. A inovação foi desenvolvida por quatro
pesquisadores do laboratório de embalagens de alimentos da Embrapa e diversos
alunos das universidades federal, estadual e faculdades privadas. Todos eles
trabalham há dois anos no desenvolvimento de diversas emulsões para o
revestimento comestível de frutas.
Este revestimento funciona como uma barreira contra fungos e
microrganismos e pode aumentar bastante o tempo de prateleira dos alimentos.
Nos testes com a goiaba, por exemplo, o armazenamento à temperatura ambiente
aumentou a vida útil de cinco para 12 a 14 dias e, sob refrigeração, chegou a
28 dias.
Segundo a engenheira de alimentos Maria do Socorro Rocha
Bastos, citada pelo Planeta Sustentável, as alternativas de emulsões mais
promissoras têm como base um material extraído de duas plantas brasileiras: a
goma do cajueiro (Anacardium occidentale) e a cera de
carnaúba (Copernicia prunifera).
A cera de abelhas também serve como alternativa para este
novo tipo de embalagem, assim como o alginato de algas marinhas, embora, neste
caso, as pesquisas estejam ainda numa fase inicial. Cada material dá origem a
um revestimento, por enquanto ainda não foram testadas misturas entre os diferentes
materiais.
No laboratório, as frutas são imersas nas emulsões, uma a
uma, e ficam penduradas até secar, de modo que se forme uma película protetora
parecida com um filme plástico, envolvendo a fruta completamente.
“No futuro, na área de preparo dos produtos, no comércio, o
ideal seria mergulhar as frutas num tanque com a formulação depois ter uma
esteira com um túnel de ventilação, com ar quente, de modo que as frutas já
saiam secas e revestidas”, comenta Socorro. “As emulsões devem ficar bem transparentes,
para não interferir no aspecto da fruta”.
Para as frutas de casca fina, a nova embalagem é apenas uma
barreira física. Com a grande vantagem de não poluir nem precisar ser
retirada, como acontece com os filmes plásticos. A novidade promete revolucionar
o comércio de frutas e aumentar a confiança na qualidade do alimento assim
conservado.