Rede de ONGs da Mata Atlântica divulga carta aos candidatos


Ao fim de dois dias de seminários ocorridos durante o “Viva a Mata 2014″, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, a Rede de ONGs da Mata Atlântica e da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica apresentou na noite deste sábado (24) a Carta da Mata Atlântica 2014. O documento, com 10 ações fundamentais para a reversão das degradações e proteção do bioma, é uma carta aberta aos candidatos a cargos eletivos em 2014. Logo após o evento de apresentação, foi entregue também o Prêmio Muriqui da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica 2014.


Na Carta da Mata Atlântica 2014, estão consolidadas as principais diretrizes para combater a situação crítica do bioma nos dias atuais. Questões como o Fundo de Restauração da Mata Atlântica, os Planos Municipais de Conservação e Recuperação e o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) estão entre os mecanismos que, de acordo com o documento, devem ser resgatados na agenda de políticas públicas.

“Na contramão das necessidades, estamos vivenciando um retrocesso na política socioambiental brasileira, que impacta negativamente tanto a Mata Atlântica como os demais biomas presentes no país”, observam as ONGs que participaram da elaboração do documento.

Após a apresentação da carta aberta, foram entregues os troféus da 21ª edição do Prêmio Muriqui da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. O prêmio individual foi dado ao engenheiro florestal alemão Armin Deitenbach, que há 28 anos se dedica a projetos de preservação e restauração da Mata Atlântica “Desde pequeno sou apaixonado pela floresta e nunca tive dúvidas de que faria dela a minha profissão”, afirmou o ganhador.

A entidade homenageada neste ano foi a Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE), que há 14 anos faz um trabalho de preservação de aves. Já o engenheiro agrônomo Guenji Yamazoe, presidente da Associação dos Bolsistas Jica (ABJICA), recebeu o prêmio em reconhecimento especial ao conjunto de suas ações ao longo da carreira.

Confira a íntegra da carta aos candidatos:

Carta da Mata Atlântica 2014

A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do Brasil e o segundo do Planeta, globalmente reconhecido como prioridade para ações de conservação da biodiversidade, dos serviços ambientais e demais recursos naturais. Isso acontece não apenas por sua sociobiodiversidade inigualável, que está desaparecendo, mas também por sua importância para a manutenção da qualidade de vida de mais de 60% da população brasileira que habita seu território.

A deterioração do bioma, causada por um modelo de desenvolvimento que privilegia grandes projetos públicos e privados, planejados e implementados sem os devidos cuidados socioambientais, gera problemas como a perda de biodiversidade e dos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas, como a regulação da quantidade e da qualidade da água.

O resultado mais visível dessa situação hoje na Mata Atlântica é a ocupação indiscriminada de morros e áreas de mananciais. Com isso, a população passa a conviver com enchentes e desabamentos em épocas de fortes chuvas e falta de água em tempos de seca, entre muitos outros problemas. Um retrospecto recente das consequências disso vão desde perdas econômicas – em um território que corresponde a 70% do PIB brasileiro – e de qualidade de vida nas cidades, até perdas de vidas humanas.

É por isso que a situação crítica da Mata Atlântica tem mobilizado diversos setores da sociedade, que exigem ações e políticas capazes de assegurar sua conservação e restauração. No entanto, na contramão das necessidades, estamos vivenciando um grande retrocesso na política socioambiental brasileira, que impacta negativamente tanto a Mata Atlântica como os demais biomas presentes no país.

Nesse contexto, nós, da Rede de ONGs da Mata Atlantica e da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, apresentamos dez ações fundamentais e emergentes para reversão das degradações e proteção do bioma.

1-    Retomar a agenda de criação e implantação de áreas protegida;

2-    Regulamentar o Fundo de Restauração da Mata Atlântica (previsto em lei há oito anos);

3-    Estruturar de maneira adequada os órgãos responsáveis pelo cumprimento do Código Florestal brasileiro (em vigor há dois anos);

4-    Implantar, de forma qualificada, transparente e com participação social, os instrumentos do Código Florestal brasileiro, como o Cadastro Ambiental Rural, a restauração florestal e os incentivos econômicos e fiscais, para a sua total efetivação;

5-    Estabelecer um marco legal sobre Pagamento por Serviços Ambientais, em consonância com o Código Florestal brasileiro e propor a criação de leis e programas similares nos estados e municípios;

6-    Criar programas, em âmbito federal e estaduais, de fomento a elaboração e implementação dos Planos Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica;

7-    Rearticular e fortalecer o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) como principal instrumento de gestão da política ambiental nacional, com participação e controle social;

8-    Estabelecer um plano de ação para o cumprimento e monitoramento das Metas da Convenção da Diversidade Biológica (Metas de Aichi) voltadas para conter as perdas de biodiversidade no bioma, envolvendo e fomentando os estados e diversos seguimentos da sociedade;

9-    Promover ampla discussão com a sociedade sobre megaempreendimentos, públicos e privados, que impactam o bioma;

10- Integrar as Políticas Públicas, nas três esferas da federação, tais como recursos hídricos, meio ambiente, agroecologia e mudanças climáticas, para a conservação e preservação do bioma.

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