Iniciada
a Copa do Mundo no Brasil, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) promove
o Plano de Ação Nacional (PAN) para
a conservação dotatu-bola, mascote oficial do evento.
O PAN Tatu-bola tem como objetivo a redução do risco de
extinção do Tolypeutes tricinctus, o tatu-bola-do-Nordeste, e a
avaliação adequada do estado de conservação do Tolypeutes matacus, o tatu-bola-do-Centro-Oeste.
O
tatu-bola faz parte de um grupo de 11 espécies de tatu existentes no Brasil e é
primo do tamanduá e das preguiças. As principais ameaças à sua sobrevivência
são, principalmente, a caça predatória e destruição do habitat causadas pela
expansão da agropecuária, intensificada na última década.
Ele
ganhou esse nome pois tem três cintas móveis no dorso, que o permite fechar
completamente sua carapaça, formando uma bola, estratégia que ajuda-o a se
proteger contra predadores naturais. Seu peso varia entre 1 kg e 1,8 kg,
podendo medir de 40 a 43 cm. De hábitos noturnos, esses animais se alimentam,
principalmente, de cupins, além de outros invertebrados e frutos.
O T. tricinctus, espécie exclusivamente brasileira, vive
nos ambientes da Caatinga e Cerrado. Mas a caça
predatória, a destruição de seus habitats e o pouco conhecimento existente
sobre a espécie têm ameaçado sua sobrevivência.
Por
isso integra a Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de
Extinção, classificada como “em perigo”, e a Lista Vermelha da União Internacional para
Conservação da Natureza (IUCN), na categoria “vulnerável”.
A
meta do ICMBio, durante os cinco anos de vigência do plano, é
reduzir o risco de extinção doT. tricinctus,
elevando-o, pelo menos, à categoria de “vulnerável”.
Já
o T. matacus habita o Pantanal e áreas vizinhas de
Cerrado, porém é mais comum na Bolívia, Argentina e no Paraguai. Com o PAN,
essa espécie será mais bem estudada, uma vez que se encontra na categoria Dados Insuficientes, por falta de informações em sua área
brasileira.
Os
tatus-bola são os menores e menos conhecidos tatus do Brasil, sendo que a
espécie que habita o Nordeste e parte do cerrado só é encontrada no Brasil. A
Caatinga, sistema exclusivamente brasileiro, e o Cerrado, um dos pontos ativos
da biodiversidade mundial, estão entre os biomas mais ameaçados do mundo,
sofrendo com o desmatamento e o acelerado processo de degradação, com acentuada
perda de diversidade biológica e de serviços ambientais.
Para
atingir a meta, foi criado um Grupo de Assessoramento
Estratégico e
estabelecidas 38 ações, em seis objetivos específicos:
- · Atualizar as áreas de ocorrência das espécies de tatu-bola e avaliar suas principais ameaças
- · Mobilizar as comunidades locais e a sociedade em geral sobre a importância da proteção da espécie
- · Ampliar o conhecimento sobre a biologia e a ecologia para o direcionamento de estratégias de conservação
- · Ampliar, qualificar e integrar a fiscalização para coibir a caça
- · Reduzir a perda de habitat nos próximos cinco anos
- · Promover a conectividade entre as populações do tatu-bola-do-Nordeste
Os
PANs são instrumentos de gestão para troca de experiências entre entidades com
o intuito de orientar as ações prioritárias para conservação da biodiversidade.
É uma ferramenta definida pelo governo a partir do Programa Pró-Espécie, instituído em fevereiro deste ano,
que busca minimizar ameaças e o risco de extinção de espécies.
Existem,
no momento, 44 planos de conservação de espécies ameaçadas sendo implantados
pelo ICMBio em todas as regiões do Brasil, envolvendo 362 tipos de animais dos
biomas marinho, Caatinga, Cerrado, Amazônia, Pampa e Pantanal.
O
PAN Tatu-bola foi anunciado formalmente em 22 de maio, Dia Internacional da Biodiversidade, com outras medidas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para
a preservação de espécies ameaçadas, incluindo o tatu-bola. O pacote de ações
de proteção da fauna brasileira foi publicado no Diário Oficial da União (DOU).
A
elaboração do PAN Tatu-bola foi coordenada pelo ICMBio, com o apoio da Associação Caatinga, Organização Não-Governamental (ONG)
cearense que lançou a proposta de tornar a espécie mascote do Mundial de
Futebol de forma a colaborar para a sua visibilidade e consequente preservação; e
do Grupo Especialista em Tatus, Preguiças e Tamanduás (Asasg) da IUCN e
colaboração de representantes de outras 15 instituições.
O
plano tem a coordenação executiva da Associação Caatinga e será acompanhado
pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação do Cerrado e Caatinga
(Cecat) e
pela Coordenação-Geral de Espécies Ameaçadas (CGesp) do
ICMBio.
Fontes: MMA / Agência Brasil