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Pesquisa de opinião com especialistas de 87 países traz
Unilever no topo, seguida por Patagonia, Interface, Marks&Spencer, GE e
Natura.
O relatório 2014 Sustainability Leaders Survey, da consultoria Globescan e do centro de pesquisa SustainAbility, divulgado na última sexta-feira (23), apresentou a classificação das corporações líderes mundiais em sustentabilidade, baseada na opinião de 887 especialistas empresariais, governamentais, de ONGs e da academia de 87 países.
O resultado revela que apenas uma companhia, a multinacional Unilever, que vende produtos alimentícios, de higiene e de limpeza, aumentou seu número de pontos no quesito sustentabilidade, e se configurou como líder isolada no ranking, recebendo 33% dos votos. Em segundo lugar, com 9% dos votos, ficou a fabricante de roupas Patagonia e, em terceiro, a produtora de carpetes Interface. A Natura foi a primeira brasileira no ranking, aparecendo em sexto lugar.
O estudo, que em 2014 completa 20 anos, mostra como o conceito de sustentabilidade evoluiu nesse período, e como foram as trajetórias de diferentes companhias nesse aspecto. Uma das questões que veio à tona é que “manter a liderança de sustentabilidade através do tempo é um desafio para companhias de todos os setores”.
Isso porque fica evidente que “alguns programas bem-vistos não corresponderam às expectativas, e/ou outros surgiram para levar o padrão de liderança para cima”, afirma a pesquisa.
Um exemplo disso é a mudança no perfil das firmas que lideravam em sustentabilidade na década de 1990 e as que lideram agora. De 1997 a 2006, o quadro de liderança era composto principalmente de corporações de energia e produtos químicos, que eram reconhecidas principalmente por seus padrões e compromissos superiores em saúde e segurança, como redução de poluição e resíduos.
Atualmente, o que se observa é que a sustentabilidade corporativa passou a ter um foco maior nos consumidores. “A agenda de sustentabilidade se tornou mais complexa para companhias desde a era ‘Não Causar Danos’ [ou seja, quando o objetivo de uma estratégia de sustentabilidade era o não provocar danos, e não o de realizar benefícios ambientais].”
“Líderes como a Unilever agora enfrentam uma gama muito mais ampla de pressões e oportunidades: há uma crescente diversidade e demanda de consumidores, o desafio de garantir um fornecimento estável e custo-efetivo de insumos materiais, e pressões de varejistas como o Walmart o M&S para ser mais sustentável.”
Mas a posição de líder isolada em sustentabilidade da Unilever sugere que a maioria das empresas ainda precisa buscar estratégias mais ambiciosas nesse quesito. O próprio CEO da Unilever, Paul Polman, declarou em seu Twitter que os resultados da pesquisa de 2014 que apontavam a liderança isolada da Unilever eram “deprimentes”, aludindo ao fato de que mais companhias precisam intensificar suas ações de sustentabilidade.
Outros dados apontam ainda que a esperança e o otimismo em relação a conferências climáticas caíram, e hoje os especialistas veem a tecnologia e o setor privado como tendo papeis mais importantes na criação de pressões políticas e sociais para mudanças do que os próprios governos.
Contudo, uma das mensagens centrais do relatório é os especialistas continuam a perceber que, seja no setor privado ou público, ainda falta liderança em termos de sustentabilidade. Enquanto as firmas pedem que os governos estabeleçam políticas para estimular um futuro sustentável, os políticos esperam que as empresas liderem, gerando uma situação frustrante para os que esperam alguma ação.
“A ciência é clara, os argumentos econômicos são fortes e as obrigações éticas são óbvias: simplesmente não temos outros 20 anos para atingir ganhos significativos sobre questões urgentes de sustentabilidade”, conclui o relatório.
Fonte: Instituto Carbono Brasil