Todo mundo sabe o que é a poluição do ar, mas como explicar o fenômeno? Esse tipo de poluição se dá com a introdução de qualquer substância que, devido a sua concentração, possa se tornar nociva à saúde e ao meio ambiente. Conhecida também como poluição atmosférica, refere-se à contaminação do ar por gases, líquidos e partículas sólidas em suspensão, material biológico e até mesmo energia. Essas substâncias são chamadas de poluentes atmosféricos e existem em forma de gases ou partículas provenientes de fontes naturais (vulcões e neblinas) ou fontes artificiais produzidas pelas atividades humanas. De acordo com um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2014, a poluição atmosférica causou a morte de mais de 7 milhões de pessoas no mundo em 2012, matando mais que AIDS e malária juntas.
Histórico
Esse tipo de poluição, por incrível que pareça, já estava presente desde a Roma Antiga, quando as pessoas queimavam madeira, por exemplo. Contudo, a Revolução Industrial ampliou incrivelmente esse impacto no ambiente, já que a intensidade da combustão de carvão aumentou absurdamente no século XIX, principalmente na Grã-Bretanha. A queima desse carvão mineral despejava toneladas de poluentes no ar, causando danos para a população que sofria de doenças respiratórias, ocasionando milhares de mortes na época.
Em 1952, devido à poluição particulada e compostos de enxofre liberados pelas indústrias na queima de carvão, além de péssimas condições climáticas que contribuíram para a não dispersão desses poluentes, cerca de quatro mil pessoas morreram em Londres por problemas respiratórios no período de uma semana. Nos meses seguintes a esse evento, que foi conhecido como Big Smoke (Grande fumaça, em tradução livre), mais de oito mil pessoas morreram e cerca de outros 100 mil ficaram doentes. Em 1954, uma camada densa de smog (neblina composta pela poluição), causou cerca de dois mil acidentes rodoviários em um dia.
Classificação de poluentes
Os poluentes podem ser classificados em dois tipos. Poluentes primários são aqueles lançados diretamente na atmosfera, provenientes de fontes antrópicas e naturais. Poluentes secundários são aqueles que são produtos de reações químicas e fotoquímicas, que ocorrem na atmosfera envolvendo os poluentes primários. Vamos conhecer os principais poluentes atmosféricos:
• Monóxido de Carbono (CO): um gás incolor, inodoro e tóxico. Produzido principalmente pela queima não completa de combustível. Ele causa interferência no transporte do oxigênio no nosso corpo, podendo causar asfixia;
• Dióxido de Carbono (CO2): substância fundamental para os seres vivos. Os vegetais utilizam esse gás para realizar sua fotossíntese, processo no qual eles utilizam a energia solar e o CO2 para produzir energia. Essa substância é produzida no processo de respiração celular, mas possui outras fontes, como no processo de decomposição e na queima de combustíveis fósseis. Esse gás é muito conhecido atualmente por ser um dos causadores do efeito estufa. Isso ocorre devido ao fato do CO2 absorver parte da radiação emitida pela superfície da terra, retendo o calor, resultando em um aumento da temperatura;
• Clofluorocarbonetos (CFCs): costumavam ser emitidos a partir de produtos como aparelhos de ar-condicionado, refrigeradores, sprays de aerossol, etc. Atualmente, esses compostos são atualmente banidos em quase todo o mundo. Quando em contato com outros gases, os CFCs causam danos à camada de ozônio, sendo as grandes responsáveis pelo seu buraco, permitindo assim que os raios ultravioletas alcancem a superfície da Terra, causando problemas como câncer de pele;
• Óxidos de Enxofre (SOx): o mais nocivo é o dióxido de enxofre (SO2), que é produzido em diversos processos industriais e por atividades vulcânicas. Na atmosfera, o dióxido de enxofre forma o ácido sulfuroso, causando a chuva ácida;
• Óxidos de Nitrogênio (NOx): em especial o dióxido de nitrogênio (NO2). Eles são gases altamente reativos, formados durante a combustão pela ação microbiológica ou por raios. Na atmosfera, o NOx reage com compostos orgânicos voláteis e monóxido de carbono, produzindo ozônio troposférico. É também oxidado em ácido nítrico, que contribui para a chuva ácida;
• Compostos Orgânicos Voláteis (COVs): são químicos orgânicos emitidos de várias fontes, incluindo a queima de combustível fóssil, atividades industriais e emissões naturais da vegetação e de queimadas. Alguns COVs de origem antropogênica, como o benzeno, são poluentes cancerígenos. O metano é um composto orgânico volátil que contribui para o efeito estufa e é cerca de 20 vezes mais potente que o monóxido de carbono;
• Amônia (NH3): emitida principalmente pela agricultura devido ao uso de fertilizantes. Na atmosfera, a amônia reage formando poluentes secundários;
• Material Particulado (MP): são partículas finas de sólidos ou líquidos suspensos. Esse material ocorre naturalmente a partir de erupções vulcânicas, tempestades de areia, formação de nevoeiros e outros processos naturais. A ação do homem produz MP em atividades industriais, mineração, combustão de combustíveis fósseis, etc. Na atmosfera, esse material causa danos à saúde. Quanto menor a partícula, maiores os efeitos provocados. Alguns efeitos causados pelo material particulado são os problemas respiratórios e do coração;
• Ozônio Troposférico (O3): apesar de ser extremamente necessário na atmosfera para bloquear a radiação solar, o ozônio que é formado na troposfera (mais perto da superfície da Terra), a partir de reações com outros poluentes, causa diversos danos para a nossa saúde, como irritação e problemas respiratórios.
Fontes
Existem várias atividades e fatores que liberam poluentes para a atmosfera. Essas fontes podem ser dividas em duas categorias:
Fontes naturais
• Poeira de fontes naturais, como as de áreas desérticas;
• Metano emitido no processo de digestão dos animais. Essa emissão é aumentada pela ação do homem devido ao grande número de animais criados para a alimentação, como o gado, por exemplo, que corresponde a uma grande parte das emissões de metano no meio ambiente;
• Fumaça e monóxido de carbono emitido das queimas naturais;
• Atividade vulcânica, que emite diversos poluentes como dióxido de carbono, dióxido de enxofre e cinzas em grandes quantidades, podendo assim causar danos terríveis;
• Atividade microbiológica nos oceanos, liberando gases sulfurosos;
• Decaimento radioativo dos minerais (rochas);
• Emissões por plantas de compostos orgânicos voláteis (COVS);
• Decomposição de matéria orgânica.
Fontes antropogênicas
• Fábricas, usinas de energia, incineradores, fornalhas e outras fontes estacionárias. Locais que utilizam a queima de combustíveis fósseis ou de biomassa, como madeira;
• Veículos automotores, como carros, motos, caminhões e aviões. Em 2013, o transporte contribuiu com mais da metade das emissões de monóxido de carbono e óxido de nitrogênio;
• Queimadas controladas na agricultura e no gerenciamento de florestas. No Brasil, essa prática é responsável por cerca de 75% das emissões de gás carbônico;
• Aerossóis, tinta, sprays de cabelo e outros solventes;
• Decomposição dos resíduos orgânicos, que gera metano;
• Emissão de amônia pelo uso de fertilizantes;
• Atividade mineradora.
Impactos
Os impactos da poluição do ar podem afetar dois grandes âmbitos: a saúde humana e o meio ambiente.
Saúde humana
• Irritação na garganta, nariz e olhos;
• Dificuldades de respiração;
• Tosse;
• Desenvolvimento de problemas respiratórios;
• Agravamento de problemas cardíacos ou respiratórios, como a asma;
• Diminuição da capacidade pulmonar;
• Aumento de chance de ataques cardíacos;
• Desenvolvimento de diversos tipos de câncer;
• Danos ao sistema imunológico;
• Danos ao sistema reprodutório.
Meio ambiente
Os impactos ao meio ambiente dependem do tipo de poluição e chegam na escala global. Entre os principais danos se destacam:
• Chuva ácida: causa a acidificação da atmosfera. Nos corpos hídricos ela proporciona a acidificação da água, causando a morte de peixes, e nos solos causa a modificação da suas propriedades físico-químicas. Nas florestas, as árvores são danificadas pela chuva ácida, assim como os prédios e estruturas na cidade que podem sofrer corrosão. Por esses motivos, diversos países começaram a adotar ações para reduzir os efeitos da precipitação ácida como uma redução da quantidade de enxofre presente nos combustíveis;
• Diminuição na camada de ozônio: o ozônio estratosférico forma uma camada que protege a vida na Terra da emissão de raios ultravioletas. Porém, com sua destruição devido aos químicos lançados na atmosfera pelo homem, esses raios conseguem atravessar a camada, o que causa um aumento da quantidade de radiação UV, aumentando, nos humanos, o risco de desenvolver câncer de pele e outros problemas. Os raios ultravioletas também prejudicam a agricultura, porque algumas plantas, como a soja, são sensíveis a esse tipo de radiação;
• Escurecimento da atmosfera: com a poluição, a claridade e a visibilidade são diminuídas. Esse efeito interfere no processo de evaporação da água porque as nuvens formadas absorvem o calor emitido pelo sol, fato que pode mascarar o aquecimento global;
• Efeito estufa: o efeito estufa em si é um processo fundamental para a vida na Terra, pois faz com que o planeta se mantenha aquecido. Mas há teóricos que defendam que o aumento significativo das emissões de gases do efeito estufa associado a outras ações também promovidas pela atividade humana, como o desmatamento de florestas, são determinantes no desequilíbrio do processo, ocasionando maior retenção de energia e o aumento do efeito estufa, com o aquecimento da baixa atmosfera e aumento da temperatura média do planeta e possíveis distorções ambientais. O aquecimento global se tornou um dos maiores problemas da Terra, com efeitos que podem ser catastróficos.
• Eutrofização: os poluentes acabam sendo depositados nos corpos hídricos devido à precipitação, com isso ocorre a mudança dos nutrientes presentes nesse sistema. Algumas algas podem ser estimuladas na presença dessas substâncias (como o nitrogênio), o que causa seu desenvolvimento e uma consequente diminuição da quantidade de oxigênio dissolvido na água, levando à morte de peixes;
• Efeitos nos animais: assim como os humanos, os animais sofrem com problemas de saúde causados pela poluição.
Índice de Qualidade do Ar
O Índice de Qualidade do Ar define o limite máximo para a concentração de certo poluente na atmosfera. Esse limite de concentração é um valor padronizado, que varia de acordo com a agência ou entidade que o define. Seu objetivo é informar de uma maneira de fácil compreensão para a população sobre a qualidade do ar na região. As medições são feitas em estações de monitoramento que medem a concentração dos poluentes, sobretudo a concentração de ozônio e partículas ao nível do solo. Geralmente esse Índice de Qualidade do Ar é disponibilizado em tempo real na estação de monitoramento pelo órgão que cuida de sua medição na região. No Brasil, os padrões foram instituídos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e aprovados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), através da resolução Conama 03/90.
Dicas de como contribuir para uma redução da poluição atmosférica
Tudo que consumimos ou fazemos deixa um rastro no planeta. Por isso, separamos algumas simples dicas para diminuir sua pegada quanto à poluição atmosférica:
• Tente não utilizar seu carro para se locomover. Ir para o trabalho de transporte público ou utilizar um meio de transporte alternativo, como uma bicicleta, são ações que diminuem muito a sua contribuição para emissões de poluentes;
• Desligue as luzes, TV e o computador quando sair de casa. Economize energia, pois sua produção contribui para o aquecimento global;
• Consuma produtos produzidos localmente, isso diminuirá muito as emissões de poluentes do transporte dos produtos;
• Procure reciclar seu lixo doméstico, diminuindo assim o consumo de energia e de matéria-prima necessárias para a fabricação de novos produtos. Clique aqui e confira os pontos de reciclagem mais próximos de sua residência;
• Escolha produtos de empresas com responsabilidade ambiental.
Fontes: EPA e Ministério do Meio Ambiente