IBGE disponibiliza conjunto de informações históricas sobre a vegetação do Brasil


Com o objetivo de possibilitar a comparabilidade com produtos mais atuais, o conjunto de informações históricas sobre a vegetação do Brasil, produzido nas décadas de 70 e 80, que o IBGE lançou ontem em formato digital, tem como base os projetos Radam (Radar da Amazônia), iniciado em 1970, e Radambrasil, fruto da expansão do projeto original para todo o território nacional em 1975. Anteriormente disponibilizado em papel, este mapeamento foi digitalizado e ajustado, tornando-se potencial ponto de partida para outros mapeamentos.

Com isso, possibilita-se, por exemplo, a obtenção do mapa da vegetação pretérita do Brasil na escala 1:5.000.000 (em que 1 cm = 50 km), a modelagem das informações para a geração de estatísticas ambientais dos estados brasileiros, a aferição da quantidade de vegetação e do que se preservou, distribuída por tipos de vegetação, e a comparação dos níveis de desmatamento, comparando as áreas desmatadas na época do antigo mapeamento e as da atualidade.

Os projetos Radam e Radambrasil levantaram dados sobre geologia, solos, vegetação, relevo, uso da terra e cartografia nas décadas de 1970 e 1980. O Radam é considerado o maior projeto de conhecimento da cobertura de recursos naturais do território brasileiro, efetuado com imagens obtidas por radar aerotransportado (embarcado em aeronave). Além do potencial de análise e integração das informações apresentadas pelo IBGE, o produto se destaca como um referencial histórico da vegetação brasileira para estudos e pesquisas atuais e futuros.

Para acessar o conjunto de informações históricas sobre a vegetação no Brasil, clique no link ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/vegetacao/.








As informações históricas estão disponibilizadas em um arquivo digital no formato shape, georreferenciado, com banco de dados associado, permitindo que sejam trabalhadas em um ambiente de Sistema de Informação Geográfica (SIG). Estes dados foram ajustados à Base Cartográfica Contínua do Brasil (BCIM) escala 1:1.000.000 (1 cm = 10 km) e com a legenda devidamente compatibilizada em função da evolução do mapeamento fitogeográfico (distribuição geográfica da vegetação) ao longo das décadas de 1970 e 1980.


O trabalho é de interesse direto para as atividades de geociências e ciências afins, em todas as suas áreas (geografia, cartografia, geodésia, recursos naturais, entre outras). É importante também para a estatística, particularmente pela preservação do valioso material produzido na época dos projetos Radam e Radambrasil e uma contribuição à memória do desenvolvimento da cartografia temática e do sensoriamento remoto no país e, em especial, no IBGE.


Projeto Radam foi pioneiro no mapeamento da vegetação no Brasil


Criado em 1970, o projeto Radam iniciou o aerolevantamento e o levantamento de dados sobre geologia, solos, vegetação, relevo, uso da terra e cartografia em parte do território brasileiro, em 1971. A partir de 1975, o projeto foi expandido para todo território nacional, passando a ser denominado Projeto Radambrasil. 


Para captar tais informações, o Radam utilizou radares capazes de superar as dificuldades de conseguir imagens homogêneas e tomadas de cenas de boa qualidade na região amazônica, onde a incidência de nuvens e as chuvas intermitentes restringiam a obtenção de fotografias aéreas convencionais. Pelo sucesso do método utilizado e a qualidade das respostas obtidas, a área original do Radam foi sendo gradativamente ampliada para toda a Amazônia Legal, numa primeira etapa, até atingir a totalidade do território brasileiro, em 1975. 


A partir da interpretação de 555 mosaicos semicontrolados (coletânea de imagem de radar onde cópias em papel foram sucessivamente montadas por processo manual) de imagens de radar, na escala 1:250.000 (1 cm = 2,5 km), foi desenvolvido um intenso trabalho de mapeamento (escritório e campo) por uma equipe multidisciplinar de cerca de 700 profissionais (geólogos, engenheiros florestais, engenheiros agrônomos, geógrafos, naturalistas, biólogos, engenheiros cartógrafos, entre outros). O resultado foi a produção de 38 volumes da série Levantamento de Recursos Naturais, contendo relatórios e mapas temáticos na escala 1:1.000.000 (1 cm = 10 km) sobre geologia, geomorfologia (relevo), pedologia (solos), vegetação e uso potencial da terra.


Além do mapeamento integrado de recursos naturais de todo o território nacional, o projeto gerou também produtos como os mapeamentos Metalogenético Previsional (levantamento que integra dados geológicos, geoquímicos, geofísicos e das características das mineralizações com objetivo de definir áreas com diferentes potencialidades e exploração mais sustentável para a mineração) e do Potencial dos Recursos Hídricos de grande parte da região Nordeste; 275 cartas planimétricas para uma área de 4.300.210 km2 da Amazônia Legal; 551 originais cartográficos de todo o território nacional; e 132 cartas-imagem de radar de diversas regiões, todos na escala 1:250.000 (1 cm = 2,5 km). 


Por força do Decreto n° 91.295, de 31/05/85, tanto o acervo de dados gerados pelo Radambrasil como a totalidade de seus especialistas foram transferidos e incorporados ao IBGE, iniciando uma nova frente de atividades ligadas à atualização destas informações. Estas atualizações são armazenadas em um Banco Dados de Informações Ambientais (BDIA) visando à sua utilização em ambiente de SIG.

Fonte: IBGE

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