Parque dos Búfalos: vista da Represa Billings. |
Uma má notícia para São Paulo: o Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJ-SP) acaba de liberar a construção de moradias do programa “Minha
Casa, Minha Vida” na área do Parque dos Búfalos, região de manancial da represa
Billings. Estão ali treze nascentes que abastecem a já tão fragilizada e
poluída represa, que tem sido uma alternativa à crise de água que atinge a
cidade.
Escolhido pela Prefeitura, governo estadual e federal para
construção do conjunto habitacional, o Parque dos Búfalos é uma das últimas
áreas verdes na Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, utilizada há anos como
opção de lazer e recreação pelos moradores da região, que se mobilizam pela
criação de um parque municipal. A partir de uma ação dos moradores e outra do
Ministério Público, a Justiça havia concedido, em fevereiro deste ano, liminar
mantendo a área do Parque dos Búfalos preservada, sem construções, sob alegação
dos impactos ambientais do projeto.
Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS
Mata Atlântica, observa que a liberação judicial não é a licença do
empreendimento e que o importante neste momento é dar continuidade ao movimento
social em defesa das áreas protegidas e dos mananciais, o que incluirá também a
sociedade ser ouvida nas audiências públicas do processo de licenciamento
ambiental.
“Não podemos continuar a conviver com um modelo de habitação
que não contempla a proteção e a recuperação de áreas verdes e de mananciais
como de interesse social. Preservar mananciais é garantir a prestação de
serviços ambientais essenciais à população, como o próprio abastecimento de
água. A questão é até quando continuaremos com esse modelo de construção de
moradias a qualquer custo”, questiona.
Ao custo de R$ 380 milhões, o projeto prevê a construção de
193 torres, com 3.860 apartamentos e capacidade para cerca de 15 mil moradores.
Tamanho equivalente ao de uma pequena cidade do interior paulista, como
Salesópolis ou Pirapora do Bom Jesus.
“Precisamos de moradias e de equipamentos sociais que venham
a ser implantados em harmonia, equilíbrio e respeito ao ambiente e à
legislação. Mananciais são áreas de interesse e função social essenciais e devem
ser preservados”, conclui Malu.
Fonte: SOS Mata Atlântica