Um projeto de lei contra o
desperdício alimentar foi aprovado no Senado italiano no dia 2 de agosto. O
objetivo é poupar 1 milhão de toneladas de comida por ano. Isso significa uma
economia de cerca de 12 bilhões de euros anualmente, ou seja, o equivalente a
1% do PIB do país. Cada italiano joga no lixo, em média, 76 quilos de alimentos
por ano, segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Cultivadores
Diretos (Coldiretti). "É um dado inaceitável", ressalta o ministro da
Agricultura, Maurizio Martina, em entrevista à agência Ansa.
Mas o que fazer com a comida que
seria desperdiçada? O plano dos italianos é promover a doação desses alimentos
para setores mais vulneráveis da população. Hoje a taxa de desemprego no país
está em 20% e milhões de pessoas vivem na pobreza.
E quais alimentos poderiam ser
doados? Há alguns pré-requisitos: os que mantiverem os padrões de segurança e
higiene mas que por algum motivo não forem vendidos, os que tiverem com o prazo
de validade para vencer, e aqueles que não foram colocados no comércio por erro
no rótulo.
Restaurantes e supermercados que
desejarem ceder seus excedentes à caridade devem apresentar uma declaração
cinco dias antes. Também terão incentivos fiscais e descontos em impostos para
doarem comida e remédios. Já os agricultores poderão dar o que não for vendido
para instituições beneficentes, sem incorrer em custos adicionais.
O ministro explicou para a
agência Ansa que o projeto se trata de uma herança da Exposição Universal de
Milão, realizada em 2015, cujo tema foi "Alimentando o Planeta, energia
para a Vida".
A França também aprovou,
recentemente, uma lei que proíbe o desperdício de alimentos, mas é mais severa
do que a legislação italiana, pois prevê punições para os responsáveis. Os
donos de estabelecimentos com mais de 400 m², por exemplo, são obrigados a
assinar contratos de doação com instituições beneficentes, do contrário podem
pagar multas em até 75 mil euros e ter uma pena de dois anos de prisão.
Esse problema não é só da Itália
e da França. Segundos dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura
e Alimentação (FAO), cerca de um terço da comida produzida em todo o mundo é
desperdiçada e este número sobe para os 40% no caso da Europa. Todos esses
alimentos jogados fora poderiam alimentar cerca de 200 milhões de pessoas.
O desperdício de alimentos deve
ser evitado ao máximo, já que a produção consome muitos recursos do ambiente. E
a redução do desperdício deve ser buscada não somente no consumo final, mas
também nas etapas de plantio, armazenagem, processamento e distribuição de
alimentos. Cada consumidor pode fazer a sua parte, com pequenas mudanças em
suas práticas cotidianas. Adotar como critérios para a compra não só o preço,
mas também a qualidade, a origem, as informações sobre os impactos sociais e
ambientais causados pela empresa fabricante, pode trazer grandes benefícios
para sua saúde, para a sociedade e para o meio ambiente. E nunca jogar comida
no lixo, mas procurar reaproveitar as sobras em outras receitas saudáveis ou doá-las.
Fonte: Instituto Akatu